sábado, 14 de abril de 2012

Cap. 05 - Um Livro Selado com Sete Selos

CAPÍTULO V

Um livro selado com sete selos

INTRODUÇÃO

Este novo capítulo encerra a continuação da visão precedente, no lugar santíssimo do Santuário Celestial. O tema que ele apresenta é um livro selado com sete selos. Uma só pessoa, em todo universo de Deus, foi achada digna de abrir o livro e remover os sete selos.
Ao ter sido encontrada a pessoa digna, denominada de Leão da Tribo de Judá, a divindade e toda criatura, na vastidão universal sem fim, prorrompeu uníssona num coro inigualável e numa gloriosa tributação de louvor e honra ao Todo-Poderoso e a Seu Filho, o cordeiro que ia abrir o livro e desatar os seus sete selos.
   
UM LIVRO NA DESTRA DE DEUS

VERSOS 1 – “E vi na destra do que estava assentado sobre o trono, um livro escrito por dentro e por fora selado com sete selos”.

O livro que estava na mão de Deus não tinha a forma dos livros como hoje conhecemos. Toda vez que as Escrituras Sagradas se referem a livros, sempre aludem a rolos escritos. O livro visto na mão de Deus estava escrito “por dentro e por fora”. Alguns comentadores opinam que a virgula devia, por razão, ser colocada depois da palavra “dentro”, lendo-se então a frase: “Um livro escrito por dentro, e por fora selado”. Entretanto, algumas vezes os rolos eram escritos de ambos os lados, e a maneira em que isto era feita é também explanada por um moderno viajante, que viu dois antigos rolos deste gênero na Síria, que narraremos nas sua próprias palavras: “’No mosteiro’, diz Mr. Hartley, ‘observei dois belos rolos originais, contendo a liturgia de S. Crisóstomo e que os gregos atribuíam a S. Tiago. Para ler você começa por desenrolar, e continua a ler e desenrolar, até enfim chegar à vareta em que o rolo está preso; então você vira o pergaminho, e continua a ler do outro lado, rolando-o gradualmente até completar a liturgia’”. Gray & Adams Bible Comentary, Vol. V, pág. 679
O livro continha uma nova seqüência profética completa de sete partes, como no caso das sete cartas às sete igrejas. Os selos não eram dispostos de modo que precisassem ser removidos para que o livro pudesse ser desenrolado a fim de ser revelado cada conteúdo a ele referente. Porém o conteúdo de cada parte do livro estava totalmente coberto com o seu selo, podendo mesmo ser desenrolado todo o livro e ainda estar ele perfeitamente selado. Pois, como veremos no sexto capítulo, cada uma das sete partes do livro surgia in totum e imediatamente ao serem abertos os selos correspondentes.

UM DESAFIO AO UNIVERSO

 VERSOS 2-4 “E vi também um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e lhe desatar os selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele”.

Um preeminente e poderoso anjo lança ao universo inteiro um solene repto: Quem é digno de abrir o livro e lhe desatar os selos? Note-se que o anjo não pergunta “quem é capaz” de abrir o livro e desatar os seus selos, mas – quem é digno – de o fazer. Mas o universo inteiro quedou mudo diante do solene desafio. Ninguém se reconhecera digno nem mesmo de olhar para o maravilhoso livro.
O amado apóstolo, diante do silêncio do universo, chora copiosamente. Temeu que a igreja do Senhor ficasse privada de conhecer o conteúdo do livro selado. Seu coração se comoveu e abateu-se profundamente seu espírito. Seu zelo por ser a igreja provida de maiores conhecimentos dos mistérios da redenção, foi manifesto em pranto. Com suas lágrimas copiosas parece querer interferir junto de Deus para que não deixasse Seu povo na falta da revelação contida naquele livro. E o pranto do profeta diz-nos eloquentemente que o Apocalipse foi regado com lagrimas em sua recepção. O livro continha uma revelação especial de Deus a Seu povo, e a ele Deus não se dirige por intermédio de qualquer ser, razão por que o universo se julgou indigno de o abrir.
Há um único Ser que é o Mediador entre Deus e o pecador, e somente Ele seria capaz de abrir o livro e desvendar seus segredos, à igreja. As lágrimas do Amado discípulo, porém, constituem um veemente apelo a todos aqueles que foram investidos com as dignidades do santo ministério, para que não permitam faltar à igreja um conhecimento abundante das sublimes verdades a ela indispensáveis.

A PESSOA DIGNA DE ABRIR O LIVRO SELADO

VERSOS 5-7 – “E disse-me um dos anciãos: Não chores: eis aqui o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Então vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro, como havendo sido morto e tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus, enviados por toda a terra. E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono”.

O CONSOLO DE UM DOS ANCIÃOS

O profeta estava banhado em lágrimas. Pois ele mesmo diz que ‘chorava muito’, porque ninguém se apresentava para abrir o livro.
Um dos vinte e quatro anciãos, que havia sido remido da terra e que tinha em seu coração a causa e a igreja de Deus no mundo, teve a alegria de consolar o amado do Senhor. “Não chores”, foi a frase inicial consoladora do ancião, expressiva de profunda ternura, de quem compartilhava da aflição de um ente querido da família da terra à qual também pertencia. “Não chores”, dir-te-ei quem abrirá o livro e removerá os seus selos. Quem e porque só Ele abriria o livro e removeria seus selos revelando seus mistérios.

O LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ E A RAIZ DE DAVI

Jesus Cristo é a coluna central dos eventos proféticos de Daniel e Apocalipse. No livro de Apocalipse, por exemplo:
ü Nos capítulos 4 e 5, Ele é o cordeiro achado digno por ter derramado Seu sangue para resgatar os seres humanos. Também Ele é o Leão da tribo de Judá. Eis uma perfeita figura de Cristo, posto que também tenha a natureza humana, ninguém O igualou em força e poder. Ele triunfou e triunfará sobre todas as forças do mal numa vitória total e esmagadora.
ü Jesus é o leão da tribo de Judá porque Ele procedeu desta tribo judia, que se tornou afinal a tribo líder do povo de Deus, aliás, a primeira na ordem do Israel de Deus como vemos no Apocalipse.
ü É também denominado “a raiz de Davi”, a sustentação do reino físico e espiritual, em que Davi bem representou o reino adquirindo o respeito das nações, e deu exemplo de confiança e submissão a Deus, o SENHOR.  I Crônicas 28:4-5, Lucas 1:31-33, Jer. 33:15.
Por outro lado, Paulo também observou que a doutrina do Cordeiro imolado é o aspecto que mais distingue o cristianismo. Trata-se de escândalo para os judeus e loucura para os gentios. (I Coríntios 1:23,18).
Da mesma forma, devemos admitir que a mensagem da morte expiatória de Cristo na cruz não é lógica. No mínimo, soa uma grande loucura proclamar que o melhor ser humano morreu para que um bando de criminosos e/ou rebeldes pudessem ganhar aquilo que não merecem, isto é, GRAÇA.
Em resumo, o Cordeiro conquistou a vitória por meio de Seu sacrifício.
O sacrifício do Cordeiro em nosso lugar é o elemento singular do cristianismo.
A relação entre o símbolo do Cordeiro e o símbolo do Leão no livro do Apocalipse, ambos são fortes, na morte e na ira, resumido numa frase: a “ira do Cordeiro” – “.escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro” (Apocalipse 6:16).
A quantidade de referencias bíblicas à ira de Deus ultrapassa a casa de 580, e muitos tentam explicar a ira de Deus, mas finalmente o Leão da tribo de Judá atuará para erradicar o problema do pecado.
A ira de Deus não pode ser comparada à ira humana. Ao contrario, a ira de Deus é uma função do Seu amor. Deus odeia o pecado que continua a destruir a vida e a felicidade de Suas criaturas. Ele está farto de ver bebês ceifados pela morte, o sofrimento causado pelo câncer, pela deficiência visual, e tantas outras enfermidades; estupro, assassinato e roubo; holocaustos, Ruandas e Iraques.
No tempo determinado, Deus responderá às pessoas que clamam diante do altar: “Até quando, ó Soberano Senhor”, esperaremos para que coloques um fim à bagunça que chamamos de história do mundo? (Apocalipse 6:10).
W. L. Walker, afirma – “a ira (de Deus) apenas entra em ação porque Deus é amor (I João 4:8), e porque o pecado machuca Seus filhos e se opõe ao propósito de Seu amor”.
Deus, conforme retratado na Bíblia, não pode e não irá assistir para sempre ao sofrimento de Suas criaturas. Sua reação é o julgamento do pecado que está destruindo Seu povo. Deus condena o pecado em Seu julgamento e, por fim, irá erradicá-lo completamente.
É justamente nesse momento que a ira do Cordeiro entra em cena. É nesse momento que, segundo Apocalipse 19, o Leão da tribo de Judá aparece vindo do céu montado em um cavalo branco, para por fim ao problema do pecado e à miséria causada por ele.
O fato é que, se tivermos apenas o Cordeiro de Deus, imolado, teremos metade do evangelho, mas o Cordeiro de Deus agirá como o Leão da tribo de Judá no fim dos tempos, por isso a ira do Cordeiro.

QUE VENCEU

Estas palavras lembram uma espetacular vitória ganha num tremendo conflito. Cristo triunfou heroicamente na batalha contra Satanás, seus anjos e seus oponentes humanos. Como leão de Judá e Raiz de Davi, Ele venceu todos os seus inimigos, e foi capacitado “para abrir o livro e desatar os seus sete selos”. Assim foi o profeta consolado em seu pranto, e alegrou-se ao ver o seu Senhor amado revelar à Sua igreja as maravilhas daquele extraordinário livro.

UM CORDEIRO COMO HAVENDO SIDO MORTO

Não necessitamos pensar muito para sabermos que Cordeiro é este da visão. “O Salvador é apresentado perante João sob os símbolos de “Leão da tribo de Judá”, e de um “Cordeiro como havendo sido morto”. Estes símbolos representam a união do onipotente poder e do sacrifício de amor. O Leão de Judá, tão terrível para com os desprezadores de Sua Graça, será o Cordeiro de Deus ao obediente e fiel”. Atos dos Apóstolos, 589
Mas o Cordeiro como reza outra versão, estava em pé. Não estava abatido pela morte, mas triunfante sobre ela. A frase “como havendo sido morto”, refere-se ao passado. A cena tão somente lembrava o Seu sacrifício de amor pelo homem, na cruz. Os símbolos que seguem, testemunham do poder com que foi investido o Cordeiro, como uma nova evidência do Seu triunfo sobre a morte e os potentados do mal.

E TINHA SETE PONTAS E SETE OLHOS

Novamente temos diante de nós o numero sete que, como já vimos, representa um todo e uma unidade em sua plenitude. Com clareza, é dito que o Cordeiro tinha “sete pontas e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda Terra”. No capitulo anterior notamos a representação do Espírito Santo em forma de sete lâmpadas de fogo, emblemas de poder e sabedoria. Agora o mesmo Espírito é representado por sete pontas e sete olhos, simbólicos da plenitude do Seu poder que Cristo exerce nos céus e na terra, e os sete olhos, são figuras da vigilância completa que o Senhor exerce por toda a Terra através também pelo Seu Santo Espírito. Zacarias 4:10 Vemos assim que todo o poder do Onipotente Deus emana através de Cristo, Seu Filho. Cristo mesmo ao ressuscitar, disse: “Me é dado todo o poder no Céu e na Terra”. S. Mateus 28:18 Deste modo os homens são advertidos de que o poder pertence a Cristo, e de que estão sob a Sua mais acurada vigilância.

O CORDEIRO TOMA O LIVRO

Alguns têm ficado perplexos quanto a um Cordeiro poder tomar o livro da mão de Deus. As Sagradas Escrituras, no entanto, estão repletas de símbolos designando poderes e personagens em ação ou indicando o que tais poderes ou personagens iriam realizar. Assim, não eram os símbolos que iriam realizar o que eles representavam mas sim os personagens que eles figuravam.
O próprio Senhor Jesus é apresentado no Velho e no Novo Testamento através de muitos símbolos, incluso o de Cordeiro. Quando lemos que Ele, como Cordeiro, tomou o livro, não imaginamos a ação propriamente executada por um cordeiro, senão por Ele de quem o Cordeiro era símbolo. Só o Salvador era digno, nos Céus e na Terra, de tomar o livro selado e revelar o seu conteúdo a Seu povo amado.

O OFICIO DOS VINTE E QUATRO ANCIÃOS

VERSOS 8-10 – E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos, prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o Teu sangue compraste para Deus, homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação: e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a Terra”.  

ASSISTENTES NO SACERDÓCIO DE CRISTO

Já consideramos estes vinte e quatro anciãos, como remidos da Terra e assuntos ao Céu com Cristo. Agora é nos dito que tinham “salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”. Nisto eles se nos apresentam como assistentes no sacerdócio de Cristo no santuário celestial.
Quando estava em função o santuário terrestre, o sacerdócio compunha-se de um “sumo sacerdote” e de muitos “sacerdotes assistentes”, cujo ministério era figura do de Cristo. Embora os sacerdotes assistentes tivessem varias responsabilidades no ritual – como oferecer incenso, dispor as ofertas sacrificais e de manjares, etc. – a intercessão era feita unicamente pelo sumo sacerdote, no lugar santíssimo. Enquanto esta intercessão, porém, era realizada pelo sumo sacerdote no lugar santíssimo e no dia anual da expiação, os sacerdotes comuns seus auxiliares, nada realizavam no santuário. O oficio deles era diário e não anual. O mesmo verificamos no ministério do santuário celestial, tipificado pelo terreno. Cristo, o sumo sacerdote, é ali o único intercessor no grande dia da expiação que tomou inicio no ano de 1844. Disto é evidente que os vinte e quatro anciãos, Seus auxiliares, não tem nenhum trabalho a realizar. A razão por que compreendem o número de vinte e quatro, encontramos na distribuição do sacerdócio elaborada por Davi, em vinte e quatro turmas sacerdotais. (I Crônicas 24:1-19) Davi era, como já foi dito, uma figura de Cristo, e o sacerdócio de Cristo está em harmonia com a organização sacerdotal por ele elaborada. É notável o fato de que a profecia menciona que os vinte e quatro anciãos tinham salvas com incenso, e não que tinham incensários com incenso. O incenso só é oferecido no lugar santíssimo, que é o lugar da visão de 1844 até ao fim, pelo sumo sacerdote. Eles, porém, tinham provisões de incenso para o oficio do Sumo sacerdote em favor dos santos. Parece termos aqui, que eles proviam o incenso para o uso do Sumo sacerdote no santíssimo, como o faziam os sacerdotes comuns do santuário terrestre.

O NOVO CÂNTICO DOS VINTE E QUATRO ANCIÃOS

O novo cântico acompanhado do toque de suas harpas é uma expressão da experiência da salvação que em Cristo auferiram. No novo cântico expressam também que foram feitos reis e sacerdotes. O sacerdócio de Cristo no qual tomam parte é em face do reino da graça, um sacerdócio real. (I Pedro 2:9) São portanto reis do reino da graça, assentados em tronos.  

A VOZ DE MILHÕES DE MILHÕES DE ANJOS

VERSOS 11-12 – “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o cordeiro que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e gloria, e ações de graças”.

UM MARAVILHOSO CANTO

Em torno da corte universal milhões de milhões fazem ouvir as suas vozes, conjuntamente com os vinte e quatro anciãos, ao tomar O Cordeiro o rolo do livro. Imaginemos o que significa milhões de milhões de vozes soando uníssonas! Quão retumbante não fora este angélico canto no santuário de Deus! enquanto os anciãos entoam uma sublime melodia expressiva da remissão em Cristo, os anjos santos, embora não experimentem o gozo de serem remidos, por não terem caído de seu estado santo, contudo expressam a dignidade do Cordeiro de receber as mais altas honras dos céus e da terra.

O MINISTÉRIO DOS ANJOS

Os santos anjos têm um santo ministério a cumprir. Segundo as Escrituras Sagradas, são os anjos seres reais, corpóreos, os primeiros da criação universal de Deus. Certamente para o nosso bem, não nos tem Deus permitido vê-los. Eles foram criados com glória e poder acima do homem (Salmos 8: 4-5). Se necessário movem-se numa velocidade acima da velocidade da luz (Daniel 9:20-21). Magníficos em poder são fieis em cumprir as ordens do Criador (Salmos 103:20).
Inúmeras provas bíblicas há de que os anjos são seres morais, corpóreos. Somos informados de que têm asas, e estas servem para conduzir seus corpos no espaço. Eles comem, e isto é forte evidencia de que possuem corpos (Gênesis 18: 1-8). Isaias por inspiração, fala nos seus rostos, nos seus pés e nas suas asas (Isaias 6:1-3).
Há entre os anjos categorias. Existem os chamados querubins (Gênesis 3:24, Salmos 99:1), serafins (Isaias 6:1-3). Outros são denominados anjos da guarda  (Eclesiastes 5:6, Mateus 18:10, Atos 12:15), Um anjo bem conhecido por nome na Terra é Gabriel, o anjo assistente de Deus (Lucas 1:19). Há entre os anjos uma organização perfeita, cujos textos citados ajudam-nos a entendê-la (Gênesis 32:1-2, Mateus 26:53).
Os anjos estão ligados com todo o interesse ao plano da salvação do homem (I Pedro 1:4-12). Alegram-se indizivelmente quando um pecador se converte, aceitando a Jesus como salvador (Lucas 15:10).
Numerosas referencias bíblicas há de que os anjos servem a favor dos que hão de herdar a salvação (Hebreus 1:14). Ló e sua família foram por eles salvos da destruição de Sodoma (Gênesis 19:15-16, Salmos 78:23-25); guardaram a Jacó e sua família ao regressarem do Oriente (Gênesis 32:1-2); muitas vezes, anjos manifestaram-se a ISRAEL no deserto. Elias foi socorrido por anjos em sua aflição (I Reis 19:6-8); Elizeu foi guardado de perecer, pelos anjos (II Reis 6:11-17, Salmos 68:17); Jerusalém foi protegida por um poderoso anjo (Zacarias 1:9); Daniel foi guardado uma noite inteira , por um anjo, na cova dos leões, em Babilonia (Daniel 6:22); anjos libertaram os apóstolos da prisão (Atos 5:17-20, 12:1-11); um anjo apareceu a Paulo quando em perigo de naufrágio (Atos 27:28). Os anjos estiveram ligados ao ministério pessoal de Cristo na Terra e muitas vezes socorreram o Salvador (Mateus 2:13, 4:11, 22:43). A inúmeras outras pessoas bíblicas foram os anjos enviados com mensagens especiais. Estão ainda hoje em franca atividade, protegendo os servos de Deus que hão de herdar a salvação. Dois fatos, a seguir, ilustrarão suas atividades em nosso tempo.
  
VON ASSELT – ILHA DE SUMATRA

Em primeiro lugar temos um notável incidente com o missionário Von Asselt, na ilha de Sumatra, no século XIX, contado por ele mesmo como segue:
Depois de me achar neste novo lugar por alguns meses, chegou a mim, vindo do distrito de onde estivéramos anteriormente, certo homem que eu ali conhecera. Encontrava-me sentado na frente da casa, e ele sentou-se ao meu lado, e durante algum tempo esteve falando disto e daquilo. Afinal, saiu-se assim:
- Ora, Tuan (mestre), tenho ainda um pedido.
- Qual é?
- Eu desejava ver de perto os seus guardas.
- De que guardas fala o senhor? Eu não tenho nenhum guarda.
- Refiro-me aos guardas que o senhor põe ao redor de sua casa durante a noite, para protegê-la.
- Mas eu não tenho guardas, disse eu novamente; possuo apenas um pastorzinho, e um cozinheiro, que fracos guardas haviam de eles ser.
O homem olhou-me então com incredulidade, como se quisesse dizer: “Oh! Não me queira fazer crer o contrario, pois eu sei bem”. Depois perguntou:
- Dá-me licença de olhar por toda a sua casa, e ver se não estão escondidos aí?
- Sim, por certo, disse eu, rindo; pode procurar, não há de encontrar ninguém.
Procurou por todos os cantos, mesmo pelas camas, mas voltou para mim muito desapontado. Então comecei eu próprio a fazer-lhe uma espécie de inquérito, perguntando-lhe o que sabia acerca desses guardas de quem falava, e eis o que me relatou:
- Quando o senhor veio para o meio de nós, a princípio, Tuan, ficamos muito zangados contra o senhor. Não queríamos que viesse morar em nosso meio; não tínhamos confiança no senhor, e julgávamos que tivesse qualquer mau desígnio contra nós. Então nos reunimos e resolvemos matar o senhor e sua esposa. Assim, fomos noite após noite à sua casa; mas quando nos aproximávamos, ali estavam unidos em torno da casa, uma dupla fila de guardas com armas brilhantes, e não nos atrevíamos a atacá-los, para entrar na casa. Mas não queríamos abandonar nosso plano, de modo que fomos procurar um assassino de profissão (havia ainda entre os selvagens battakios, naquele tempo, uma especial corporação de assassinos, que matavam por salário, qualquer pessoa que se desejasse afastar do caminho), e perguntamos-lhe se queria matar o senhor e sua esposa. Ele riu de nós por causa de nossa covardia, e disse: “Não temo nenhum deus e nenhum demônio. Hei de passar com facilidade pelo meio daqueles guardas”. Então nos reunimos todos naquela tarde, e o assassino brandindo a sua arma em torno da cabeça, ia adiante de nós. Ao aproximar-nos de sua casa, deixamo-nos ficar para trás, e que ele fosse sozinho. Dentro de pouco tempo, porém, ele voltou correndo, e disse: “Não, eu não me atrevo a atravessar sozinho; duas filas de homens, grandes e fortes lá estão, bem unidos ombro a ombro, e suas armas brilham como fogo”. Então desistimos de mata-lo. Mas, agora, diga-me Tuan, quem são aqueles guardas? O senhor nunca os viu?
- Não, nunca os vi.
- E sua mulher, nunca os viu?
- Não, minha mulher nunca os viu.
- Todavia todos nós os vimos; como é isso?
Entrei, então, e trouxe uma bíblia, e abrindo-a diante dele, disse:
- Veja aqui; este livro é a palavra de nosso grande Deus, onde Ele promete guardar-nos e defender-nos, e nós cremos firmemente nessa palavra; portanto não precisamos ver os guardas. Mas os senhores não crêem, e assim o grande Deus tem de mostrar-lhes os guardas, para que aprendam a crer.

KATA RAGOSO - Arquipélago da Melanésia, das Ilhas Salomão.

Durante a Segunda Guerra Mundial, deu-se talvez o caso mais surpreendente da proteção de um anjo de Deus. um pastor nativo da Igreja Adventista do Sétimo Dia, do Arquipélago da Melanésia, das Ilhas Salomão, recebe da direção da denominação, a alta incumbência da direção de todo o trabalho naquelas ilhas do oceano Pacífico, ao terem de se retirarem os missionários estrangeiros.
 Entretanto, Kata Ragoso, o pastor nativo que agora encarava com seriedade “seus deveres materiais e espirituais”, que sobre seus ombros pesavam, foi levado, em virtude dos mesmos deveres, a entrar em conflito com certo oficial japonês, que lhe ordenara fazer algo contrario à consciência. Não sendo atendida a intimação, foi o chefe nativo recolhido ao cárcere. Agravou-se a situação. O inimigo avançava. O oficial ficara furioso porque Ragoso persistia em se recusar a assumir certa atitude que supunha conseguir facilmente de um humilde nativo. Afinal foi o preso amarrado e impiedosamente açoitado. O militar pretendia, agora que o prisioneiro se esvaia em sangue, uma absoluta submissão. Ao ouvir mais uma intimação, olhando ao militar bem nos olhos, Kata Ragoso respondeu calma e resolutamente, que sentia muito, porém a consciência cristão não lhe permitia obedecer.
Irado, o oficial saca do revolver e fere o preso na cabeça, espanca-o cruelmente e prosta-o inconsciente. Só mesmo a intervenção de outro oficial evitou que a violência prosseguisse até a morte do inocente. Recobrados os sentidos foi novamente a vitima intimada a cumprir as ordens. Como a resposta continuasse em negativa inflexível, o oficial ardendo em cólera, decidiu que Ragoso fosse finalmente fuzilado.
Formou-se o pelotão que executaria a sentença. Calmo e despreocupado lá estava um homem de porte cortês, olhar claro e suave, espírito abnegado e caráter nobre. Foi a vítima amarrada ao poste de execução. Era notável em Kata Ragoso um semblante que irradiava serenidade. Seus lábios se moviam ligeiramente. Ali estava a oração, única arma que o cristão de hoje trocara pelas outras do canibal de ontem.
De fuzis apontados para o coração do condenado, os soldados aguardavam apenas a clássica contagem – um, dois, três – para darem aos gatilhos. Houve silêncio e a ordem começou: Um, dois, tr...
Entretanto a palavra fatal – o três – não pode ser pronunciada. Engastalhou misteriosamente na garganta do oficial. Sua confusão era visível, e os comandados desviando agora a vista da mira, voltaram o olhar para a boca do superior, buscando ouvir o complemento da ordem. Embaraçado começou novamente: Um! Dois! Tr...
A língua tornara a trair-lhe a vontade, recusando pronunciar a curta palavra suficiente para eliminar uma vida. Algo misterioso estava ocorrendo. Kata Ragoso, firme como uma estátua aguardava a morte. Ela não chegava porque os tiros não eram disparados; estes não eram disparados porque faltava uma palavra; esta não era articulada porque o comandante era incapaz de pronuncia-la! Um mistério que não podiam explicar.
Então atônito, quase em desespero, fazendo um esforço ingente para gritar, o oficial recomeçou: Um! Dois! ...
Agora havia ocorrido algo diferente: perdeu completamente a fala. O espanto apossou-se das testemunhas do fuzilamento e dos comandados. As armas foram baixadas e todos ficaram perplexos. O superior perdera a fala e deixou o local. FICOU MUDO UM DIA E MEIO. Ragoso foi levado de novo para a prisão.
Os nativos cristãos das Ilhas Salomão, convocaram uma reunião em que tratariam do caso de Ragoso. Decidiram que certa noite, quando a lua começasse a iluminar as montanhas, todos – homens, mulheres e crianças – na mesma hora, deveriam orar pedindo a interferência do céu em favor do amado chefe, condenado à morte, injustamente preso. E no tempo aprazado, quando a lua lançava seus poéticos raios de luz sobre os elevados montes daquela região, um vulto desconhecido começou a se mover no cenário da noite, levando um molho de chaves. Ninguém o conhecia. Era alto e imponente. Caminhou calmamente para o presídio sem ser impedido. Abriu a porta da prisão e depois chamou em voz alta: RAGOSO!
O prisioneiro atende e vai ao encontro do desconhecido. Saíram juntos. O cárcere foi fechado, e o misterioso personagem pega Kata Ragoso pelo braço e o conduz a salvo a uma praia distante. Ao chegarem perto da água, parou e disse haver uma canoa não longe dali, que o chefe nativo poderia usar para regressar em paz ao lar.
Com efeito, lá estava um excelente barco e seus remos. Entretanto, voltando-se Ragoso para apertar a mão e dizer algumas palavras de profunda gratidão ao seu providencial libertador, notou que ele desaparecera. Ninguém jamais tornou a vê-lo. O Atalaia, março 1949
Este incidente é altamente comprobatório, conjuntamente com o anteriormente referido, que ainda, em pleno século XXI, Deus tem ordenado a Seus anjos que salvem seus escolhidos fiéis, de perigos que ameaçam suas próprias vidas. Vemos nestes dois casos citados a repetição de tantos salvamentos efetuados pelos anjos de Deus em todo o passado.
O UNIVERSO EM DELIRIO
VERSOS 13-14 – “E ouvi toda criatura no céu, na terra, sob a terra, no mar, e todos os seres que neles vivem, proclamarem: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, pertencem o louvor, a honra, a gloria, e o domínio para todo o sempre. E os quatro seres viventes diziam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram”.

Em seguida à manifestação dos anjos, o universo prorrompe numa delirante ovação a Deus e ao Cordeiro, no que foi aplaudido pelas quatro criaturas viventes e pelos vinte e quatro anciãos com Amém e adoração. Em outras palavras, todo o universo pôs-se em delírio de louvor, ao tomar o Cordeiro o livro para abri-lo e revelar o seu conteúdo. E nós, que aqui na terra vivemos, exatamente na época em que foi aberto o sexto selo e que se cumprem os símbolos nele revelados, devemos associar-nos àqueles santos tributos de honra, louvor e ações de graças dirigidos ao Todo-poderoso e ao Cordeiro divino, morto e redivivo por nós. 


Texto Extraído do livro "A VERDADE SOBRE AS PROFECIAS DO APOCALIPSE" - A. S. Mello

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