sexta-feira, 6 de abril de 2012

Cap. 20 - O Milênio da Profecia

CAPITULO XX


O MILÊNIO DA PROFECIA



 INTRODUÇÃO



Este vigésimo capítulo trata do fim da grande controvérsia entre a luz e as trevas, entre Cristo e Satanás. Temos diante de nós o milênio, tema que se tornou um ponto de discussão no seio do cristianismo. A teologia popular pretende que o milênio ocorrerá na terra antes do segundo advento de Cristo, quando afinal todos os habitantes do mundo se converterão a Deus e serão salvos. Aqueles, porém, que sustêm a sã integridade do evangelho, ensinam o contrário desta teoria, isto é, que o milênio bíblico tomará lugar imediatamente depois da segunda vinda de Cristo, durante e depois do qual não haverá jamais chance alguma de salvação. A explanação da profecia do milênio contida neste capitulo, dir-nos-á de que lado está a verdade sobre esta doutrina.



A PRISÃO MILENÁRIA DE SATANÁS



VERSOS 1-3 – “E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E Lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo”.



A AUTORIDADE DO ANJO APRISIONADOR



A descida do anjo à terra  com a missão de aprisionar Satanás, evidencia que ela será cumprida. A chave e a cadeia que ele traz não são literais mas sim emblemas da alta autoridade com que o anjo está revestido para cumprir a sua missão de amarrar o arqui-inimigo do bem.



SATANÁS AMARRADO POR MIL ANOS



Atualmente Satanás está mais solto do que nunca. As terríveis circunstâncias reinantes no mundo: A ininterrupta contenda internacional; a avalanche de maldade em múltiplas manifestações; a corrupção inequívoca e assustadora da fé cristã verdadeira, - sim, tudo fala bem alto de que Satanás não está ainda amarrado, mas que está mais em atividade do que nunca. As multidões do globo, com raras exceções, demonstram-se inequívocas instrumentos de Satanás. Os habitantes da terra executam à risca e com perfeição absoluta e misérrimo programa do grande inimigo deles mesmo e de toda a justiça. Sim, Satanás só pode operar no mundo pelos próprios habitantes do mundo; e quase todas as suas obas testificam da voluntariedade com que desempenham os nefandos planos do arquienganador dos séculos.

Mas, como será a prisão de Satanás? Ora, sabemos que um preso não tem com que se ocupar; está afastado de suas atividades e mesmo do convívio com os que o cercavam quando em liberdade. De Modo igual Satanás para que seja considerado preso deve ser privado de suas atividades através das multidões do mundo. Seus súditos, por meio dos quais atua, deverão, por circunstâncias que ele não poderá evitar, ser postos fora do seu alcance. Todas as ferramentas humanas de seu maléfico ofício devem ser subtraídas dele. Então ele estará amarrado; será um preso inativo. Portanto, Satanás será amarrado não com uma cadeia literal, mas pelas circunstâncias contrárias a seu gosto e que de fato o privarão de seus ímpios e fiéis agentes humanos, dóceis às suas influências. E quais as circunstâncias futuras que afastarão de Satanás a seus súditos e que em virtude delas ele estará então amarrado?

A cadeia ou as circunstâncias que amarrarão Satanás por mil anos são evidentes nas Sagradas Escrituras. Já dissemos que ele não está atualmente amarrado porque ainda seus súditos estão com ele e são os instrumentos de todos os males que causa ao mundo. Todavia, a segunda vinda de Cristo mudará completamente a situação atual do mundo. Não ficará vivo um só ser humano na terra para que por ele possa Satanás exercer o seu detestável ofício. Sim, a segunda vinda de Cristo que determinará o arrebatamento dos justos ao céu e dará morte a todos os ímpios, privará Satanás de toda a atividade, posto que suas obras são executadas através dos seres humanos (Mat. 24:31, II Tess. 1:7-9).

Satanás estará então amarrado circunstancialmente, inteiramente privado dos instrumentos humanos de seu repugnante ofício, e nada mais saber fazer. Durante mil anos será posto fora de ação. Será condenado a uma inatividade desesperada, uma vez que já cerca de 6000 anos se comprouve insaciável e ininterruptamente em trabalhar contra Deus e arruinar o mundo de Sua criação e Suas criaturas. seu aprisionamento milenar ser-lhe-á um duro castigo visto que será impedido de prosseguir, depois de tantos séculos, em seu único deleite que é enganar e perverter os homens.



O ASPECTO DO CÁRCERE DE SATANÁS



O abismo, onde Satanás será lançado, é a própria terra, transformada numa assolação, pelas estupendas e dramáticas cenas que se ligarão á segunda vinda de Cristo.

As sete pragas, especialmente a sétima, transformarão a terra num completo caos ou abismo conforme a profecia. À voz do Todo poderoso, na sétima praga, “um grande terremoto como nunca tinha havido desde que há homens sobre a terra”, ocorrerá. “As cidades das nações” cairão, as ilhas desaparecerão e as montanhas ruirão. Uma grande saraiva cujas pedras serão de “um talento” completará o quadro da devastação. Jeremias dá conta da tremenda situação nestas palavras:
“Observei a terra, e eis que estava assolada e vazia; e o céus não tinham a sua luz. Observei os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os outeiros estremeciam. Observei e vi que homem nenhum havia e que todas as aves do céu tinham fugido. Vi também que a terra fértil era um deserto, e que todas as suas cidades estavam derribadas diante do Senhor, diante do Furor da sua ira” (Jer. 4:23-26).

A terra, convertida em tais circunstâncias, e escura, será o abismo aludido na profecia em que será lançado Satanás por 1000 anos. O termo abismo, do grego abussos, não só “significa um precipício sem fundo”, como também denota uma região deserta e caótica por suas circunstâncias, tal como a região deserta da Arábia ao tempo do aparecimento de Maomet (Apoc. 9:1-2). Também o mesmo vocábulo grego “abussos” é empregado para designar a confusão de França nos dias da revolução de 1789 (Apoc. 11:7). Igualmente é empregado o termo para indicar a fatura ascensão do papado romano do caos internacional (Apoc. 17:8). Assim o termo “abismo” é usado para designar um lugar de confusão em que se tornou determinado ambiente físico-geológico ou físico-humano.

Além disso o termo “abussos” é o equivalente hebraico usado no Gênesis para descrever o estado da terra ao ser chamada á existência, em que se diz que ela “ era sem forma e vazia”; e havia trevas sobre a face do abismo” (Gen. 1:2). Note-se que a terra era considerada um “abismo” porque “era sem forma e vazia”, ou um deserto ainda não ornamentado e não povoado, e porque as trevas a envolviam totalmente. Tal será verdadeiramente a condição em que será transformada a terra por mil anos como prisão de Satanás. Sua vegetal ornamentação desaparecerá sob o sol abrasador da quarta praga; o grande terremoto fará desabar as cadeias de montanhas e todas as obras dos inimigos de Deus. Ela tornar-se-á realmente como no princípio de sua criação – vazia e escura. Sim, a terra converter-se-á num terrível “abismo”. E é no momento em que ela assim for transformada pelas sete pragas, pela morte dos ímpios e pelo arrebatamento dos santos ao céu, que se cumprirá a profecia do aprisionamento de Satanás e de seu lançamento no “abismo” por mil anos que será um período literal de dez séculos.

A profecia reza que Satanás será amarrado por um Milênio “para que mais não engane as nações”. Na verdade não haverá nações durante o milênio, na terra, para que ele possa enganá-las. Mas isto é mais uma clara prova de que seu aprisionamento é resultante da morte total das nações ou povos ímpios que serviam de seus instrumentos na terra. Assim estará Satanás preso em um lúgubre cárcere, sem poder atravessar os espaços para chegar a tentar outros mundos. A chave para fechá-lo na sua prisão e o selo para torná-la inviolável é prova simbólica sobeja de que não haverá possibilidade de afastar-se da terra durante o milênio. Ele coisa alguma terá a fazer. Porém terá muitos assuntos em que pensar, e o milênio será suficiente e boa ocasião para isso. E em que assuntos irá pensar Satanás? Certamente em seu primitivo estado de santidade; em sua rebelião injusta contra a autoridade de Deus; nos santos anjos inocentes que converteu em demônios; na ruína que envolveu o mundo em todos os séculos; no crime de deicídio que causou ao Filho do Deus. Mas, o que mais o atormentará é a certeza que lhe dão as profecias de seu extermínio com todos os seus agentes findo o período milenar de seu encarceramento. Seus anjos com ele, desesperados pelas mesmas circunstâncias em que foram envolvidos na miseranda prisão, certamente o acusarão veementemente. Vêm que a primeira misérrima recompensa que auferem por terem apoiado sua rebelião contra o governo de Deus, além de perderem a glória original e serem convertidos em demônios criminosos, é aquela infame prisão milenária. E sabem também os referidos anjos que, findos aqueles dez século de cárcere, serão lançados com seu chefe rebelde num lago de fogo que os reduzirá as cinzas. Sim, eles acusarão com veemência o grande traidor da justiça e lançar-lhe-ão em rosto suas promessas mentirosas, suas injustiças para com eles e seus crimes. Mas, não terão outro remédio, já que seguramente perdidos, senão apoiarem o arqui-assassino até ao fim e arrostarem com ele o tremendo e fatal desfecho da rebelião em que tomaram parte. E assim estará tudo terminado para eles.



SATANÁS – O BODE EMISSÁRIO



O cerimonial do santuário em Israel era todo uma figura do cerimonial do santuário celestial. No dia da expiação o sumo sacerdote tomava dois bodes sobre os quais lançava sortes. “Uma sorte pelo Senhor, e a outra sorte pelo bode emissário” (Lev. 16:8). O bode cuja sorte caía para o Senhor, era morto e seu sangue era levado pelo sumo sacerdote ao lugar santíssimo para fazer expiação pelos pecados do povo de Deus confessados durante o ano. Findo este ato, todos os pecados do povo que mediante a expiação eram removidos pelo sumo sacerdote, do santuário, eram então colocados “sobre a cabeça do bode” vivo, “emissário”, o qual era levado “á terra solitária” ou deserta, “pela mão dum homem designado para isso”. Este bode acusado de instigador simbólico dos pecados do povo de Deus os levava todos, em si mesmo, ao deserto, onde afinal por cuja culpa como instigador, morria.

Sendo o santuário de Israel um emblema do santuário do céu, os seus sacerdotes eram uma figura de Cristo como Sumo sacerdote do santuário celestial. Deste modo, não carecemos de muitos argumento para demonstrar que Satanás é o bode “emissário” antitípico da profecia.

“A palavra hebraica empregada para designar o bode emissário, encontra-se em Levítico capítulo dezesseis versículo oito, e é ‘AZAZEL’. Acêrca desta passagem, Guilherme Jenks observa: ‘ Bode emissário’. Vejam-se as diferentes opiniões na obra de Bochart. Spencer, seguindo as mais antigas  opiniões hebraicas e cristãs, pensa que Azazel é o nome do diabo; e assim pensa Rosenm, a quem se pode consultar. O siríaco tem AZZAIL, o ‘anjo ( o forte) que se rebelou’. Isto designa evidentemente o Diabo. De modo que temos a definição do termo bíblico em dois idiomas antigos para apoiar a opinião mais antiga dos cristãos, de que o bode emissário é uma figura de Satanás. Carlos Beecher diz:  ‘O que contribui para confirmar isso é que em sua paráfrase as traduções mais antigas tratam a palavra AZAZEL como nome próprio. A paráfrase Caldéia e as coleções de Onkelos e Jonathan a haveriam traduzido certamente se não fosse nome próprio, mas não a traduzem. A septuaginta, ou seja a mais antiga versão grega, rende esse termo por apopompaios, palavra aplicada pelos gregos a uma divindade maligna, ás vezes, apaziguada por sacrifícios. Outra confirmação acha-se no livro de Enoc, onde o nome AZALZEL, evidentemente uma corrupção de AZAZEL, é dado a um dos anjos caídos, o qual demonstra claramente como compreendiam geralmente os judeus essa palavra naquele tempo. Outra prova acha-se no arábico, onde Azazel se emprega como nome de espírito mau’.

“Está é a interpretação judia: ‘ Longe de significar que se conhecia Azazel como uma divindade, o envio do bode era, segundo o declara Nahmanides, uma expressão simbólica da idéia de que os pecados do povo e suas más conseqüências deviam devolver-se ao espírito de desolação e ruína, fonte de toda a impureza” (Las Profecias de Daniel y el Apocalipsis, U. Smith, II, 353-359).

Segundo todas estas opiniões citadas, “Azazel” – o bode emissário simbólico do dia da expiação do santuário terrestre, - tem estreita conexão com os eventos ligados á purificação do santuário celestial. Ao ascender da terra ao céu, Jesus iniciou seu ministério no lugar santo do santuário. Em 1844 Ele trasladou-se para o lugar santíssimo, para efetuar a purificação do santuário ou remover dali os pecados de Seu povo que, mediante os méritos de seu sangue derramado na cruz, deram entrada no santuário. Terminando a purificação, Jesus trará do santuário os pecados de seu povo, confessados através dos méritos de seu sangue, e os porá sobre a cabeça do “bode emissário” ou Azazel, isto é, sobre a cabeça de Satanás como instigador e autor do pecado. Então Satanás será conduzido, pelo anjo da profecia, á “terra solitária”, transformada pelas sete pragas num abismo caótico e escuro, onde permanecerá mil anos, amarrado pelas circunstâncias que já consideramos.

Ao serem postos os pecados do povo de Deus sobre a cabeça de Satanás para levá-los consigo à “terra solitária” por mim anos, não quer este ato dizer que ele levará sobre si a responsabilidade dos pecados do povo de Deus para expiá-los. Está bem assentado, no evangelho de Deus, que a responsabilidade do pecador perante Deus, foi assumida unicamente por Cristo e por um ato de amor Seu, ao passo que Satanás será obrigado a assumir a responsabilidade como autor, instigador e culpado do pecado do homem. Isto é evidentemente esclarecido pelo ato do lançamento de sortes sobre os dois bodes trazidos, anualmente, no dia da purificação do santuário israelita perante Deus. Vemos como Deus demonstrara assistir-lhe a faculdade de dispor de ambos como bem Lhe parecia. Um deles, aquele cuja sorte caia para o Senhor, dispôs Deus para com seu sangue purificar o santuário ou remover dele o pecado do Seu povo, perdoando-o desse modo. O outro bode, porém, dispôs Deus para levar o pecado, como simbólico culpado de instigação do mesmo e por isso morrer no deserto. Um bode expiava o pecado tornando livre o pecador. O outro levava a culpa do pecado pela qual deveria morrer afinal no deserto. Um era emblema do Salvador perdoador o outro do instigador culpado. Assim com Cristo e Satanás. Concluída a purificação do santuário, levará Jesus a honra de expiador do pecado do povo de Deus, enquanto Satanás arcará com a desonra de recair sobre ele a culpabilidade de criminoso instigador do pecado e de ser obrigado a conduzir seu monstruoso fardo ao abismo da terra desolada e por ele infamada.

Ainda que aos crentes seja, na purificação do santuário, perdoada em Cristo a pena do pecado, esta não será perdoada a Satanás que os fez cair em vis transgressões e ruína antes de serem crentes. Ele terá, a contra gosto de entornar até á ultima gota a taça do juízo que lhe está reservada como homicida culpado. E este juízo, que em parte sucederá pelo castigo de permanecer inativo na terra assolada e escura por mil anos, será completado não muito depois de findo o seu encarceramento milenário, ao ser ele “solto por um pouco de tempo”, como veremos em textos subsequentes desta profecia.



O REINADO MILENÁRIO DE CRISTO



VERSO 4 – “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, aqueles aos quais foi dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”.



OS SANTOS REINAM COM CRISTO



Em contraste com a desastrosa situação de Satanás e seus anjos na terra desolada, S. João vê o início do reinado de Cristo com seus santos no céu. Embora contemplasse todos os santos na glória, chamaram-lhe a atenção especialmente aqueles que muito sofreram por sua fé na era cristã. João faz menção, primeiramente, dos mártires das perseguições do papado na Idade Média, “que foram degolados pelo Testemunho de Jesus e pela palavra de Deus”. Em segundo lugar, o profeta vê os santos vitoriosos no derradeiro conflito – contra a besta, sua imagem e seu sinal. O primeiro prêmio do esforço por triunfarem sobre as forças do mal será reinarem “com Cristo durante mil anos” na Nova Jerusalém.



OS SANTOS  COMO JUÍZES



Aos santos ser-lhes-á permitido assentarem-se em tronos como juízes e receberem poder para julgar. Como vimos no capítulo quatorze versículo sete, o juízo ali anunciado é o julgamento de todos os santos, iniciado em 1844, que deverá estender-se até à segunda vinda de Cristo. O juízo, porém, em que os santos tomarão parte conjuntamente com Cristo durante seu reinado milenário, no céu, é o juízo dos ímpios e dos anjos caídos. São Paulo disto falou muito claro quando disse: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo?” “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (I Cor. 6:2-3). Este juízo será somente para regular a pena que devem receber os ímpios e os maus anjos, segundo suas obras.

A razão por que os santos tomarão parte no juízo dos ímpios e dos anjos, é que estarão presentes quando Deus sobre eles exercer o seu juízo executivo. No julgamento comprovarão eles as maldades dos ímpios e dos anjos bem como as oportunidades de se emendarem que Deus lhes dera e que rejeitaram. Então os santos aclamarão a Deus como justo quando lhes aplicar o castigo de que são merecedores.



O MILÊNIO ENTRE DUAS RESSUREIÇÕES



VERSOS 5-6 – “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição: Sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdote de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele mil anos”.



A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO



Referindo-se ao milênio a profecia é evidente em salientar que ele estará entre a primeira e a segunda ressurreição. A primeira ressurreição que é uma bem-aventurança, a dos santos ou justos, dar-se-á ao aparecer Jesus em seu segundo advento (I Tess. 4:13-16). “Por entre as vacilações da terra, o clarão do relâmpago e o ribombo do trovão, a voz do Filho de Deus chama os santos que dormem. Por todo comprimento e largura da terra, os mortos (em Cristo) ouvirão aquela voz, e os que a ouvirem viverão. E a terra inteira ressoará com o andar do exército extraordinariamente grande de toda nação, tribo, língua e povo. Do cárcere da morte vem eles, revestidos de glória imortal, clamando: ‘Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitoria? (I Cor. 15:55). E os vivos justos e os santos ressuscitados unem as vozes em prolongada e jubilosa aclamação de vitória.

“Todos saem dos túmulos com a mesma estatura que tinham quando ali entraram. Adão, que está em pé entre a multidão dos ressuscitados, é de grande altura e formas majestosas. Apresenta assinalado contraste com o povo das gerações posteriores; sob este único ponto de vista se revela a grande degeneração da raça. ‘Todos, porém, surgem com a louçania e vigor de eterna mocidade (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 644).

A ressurreição de Cristo é a garantia irrecusável da ressurreição dos Seus santos. Disto são evidentes as palavras de S. Paulo na carta aos coríntios (I Cor. 15:12-52).

Aqueles que tomarão parte na primeira ressurreição serão bem-aventurados por três distintas razões: A “segunda morte” não terá poder sobre eles, “serão sacerdotes de Deus e de Cristo” “e reinarão com Ele mil anos”. Sobre a segunda morte e os santos como sacerdotes, vejam-se respectivamente os versículos onze do capítulo dois e dez do capítulo cinco.



A SEGUNDA RESSURREIÇÃO



A segunda ressurreição, a dos ímpios, á conclusão do milênio, não será acompanhada de uma bem-aventurança. Será uma ressurreição para a morte (João 5:28-29, Apoc. 21:8). Em multidões incontáveis surgirão do pó da terra. No fim do milênio, Cristo “descendo com grande majestade, ordena aos ímpios mortos que ressuscitem para receber a condenação. Agem estes como um grande exército, inumerável como a areia do mar. Que contraste com aqueles que ressurgiram na primeira ressurreição! Os justos  estavam revestidos de imortal juventude e beleza. Os ímpios trazem os traços da doença e da morte.

“Todos os olhares daquela vasta multidão se voltam para contemplar a glória do Filho de Deus. A uma voz, as hostes dos ímpios exclamam: ‘Bendito o que vem em nome do Senhor!’ Não é o amor para com Jesus que inspira esta declaração. E’ a força da verdade que faz brotar involuntariamente essas palavras de seus lábios. Os ímpios saem da sepultura tais quais a ela baixaram, com a mesma inimizade contra Cristo, e com o mesmo espírito de rebelião da vida passada. Para nada aproveita isso. Uma vida inteira de pecado não lhes abrandou o coração. Um segundo tempo de graça, se lhes fosse concedido, seria ocupado, como foi o primeiro, em se esquivarem aos preceitos de Deus e contra Ele incitarem rebelião” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 662).



SATANÁS É SOLTO DA PRISÃO



VERSOS 7-8 – “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão. E saírá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gog e Magog, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha”.


SATANÁS SOLTO DE SUA PRISÃO



Para que Satanás possa ser solto no fim do milênio, é evidente que seus súditos ímpios, que pela morte serão posto fora da possibilidade de suas tentações, lhe sejam novamente devolvidos ou tornem outra vez á vida. A ressurreição de que trata o versículo cinco, na sua conclusão do milênio, é a chave que abrirá a Satanás a sua prisão e capacitá-lo-á novamente a atos mais audazes e atrevidos através dos ímpios ressuscitados e vivos mais uma vez.



“E SAIRÁ A ENGANAR AS NAÇÕES QUE ESTÃO SOBRE OS QUATRO CANTOS DA TERRA – GOG E MAGOG”.



Uma outra versão do Novo Testamento assim reza: “Sairá pelos quatro cantos da terra seduzirá os povos, a Gog e a Magog reunindo-os para a luta” (Novo Testamento, Humberto Rhoden).  

Gog e Magog, representam povos da Ásia, para a batalha predita no fim do milênio contra a cidade de Deus. Isto, porém, não exclui a presença de personagens que foram de grande relevo na história das grandes conquistas mundiais, embora não façam parte de Gog e Magog. Estes, que pretendem o domínio do mundo, deverão apreciar a entronização de Cristo no trono que ambicionaram.

Os exércitos belicosos de Gog e Magog, hoje, constam de numerosos milhões de aguerridos soldados, sem contar ainda inúmeros outros milhões que ressuscitados no fim do milênio e que já tombaram em conflitos passados. Serão, porém, todos, enganados pelo astuto inimigo.

A facilidade que terá Satanás de preparar-se para a batalha contra a cidade de Deus, pode ser apreciada no fato dos inúmeros sábios belicosos “de Gog e Magog” que ressuscitarão no fim do milênio. Inventores outrora de toda a classe de apetrechos bélicos, não terão necessidade de cogitarem como inventar meios de destruição.  Ao ressurgirem do pó da terra, todos estes inventos bélicos virão com eles em seus cérebros, pelo que apenas terão de dar ordens como fabricá-los. E isto levará Satanás a cimentar a sua esperança de vitória em seu ataque a Nova Jerusalém. Mas ele estará tão somente enganando as nações ressuscitadas que, com ele, caminharão para o fatal desfecho que os espera como prêmio da sua rebelião contra Deus.



A BARRA DO TRIBUNAL EXECUTIVO



VERSO 9 - “E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou”.



O CERCO DA NOVA JERUSALÉM



“Finalmente é dada a ordem de avançar, e o inumerável exército se pôe em movimento – exército tal como nunca foi constituído por conquistadores terrestres, tal como jamais poderiam igualar as forças combinadas de todas as eras, desde que a guerra existe sobre a terra. Satanás, o mais forte dos guerreiros, toma a dianteira, e seus anjos unem as forças para esta luta final. Reis e guerreiros estão em séquito, e as multidões seguem em vastas companhias, cada qual sob as ordens de seu designado chefe. Com precisão militar as fileiras cerradas avançam pela superfície da terra, quebrada e desigual em direção á cidade de Deus. Por ordem de Jesus são fechadas as portas da Nova Jerusalém, e os exércitos de Satanás rodeiam a cidade, preparando-se para o assalto” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 664).

O Tamanho da Cidade Santa – doze mil estádios de perímetro- cerca de 2200 quilômetros, dá-nos uma idéia das imensas tropas de exércitos que a cercarão sob a liderança de Satanás.

Segundo esta mesma revelação, será, evidentemente, vã a tentativa de Satanás e suas hostes em guerrearem a cidade de Deus. Mais uma vez e pela última ver-se-ão os guerreiros do mundo iludidos por Satanás e desta vez fatal e destruidoramente. Este desfecho do drama bélico do mundo, será uma categórica demonstração da aversão que causa a Deus, santo e justiceiro, os recursos à guerra. Mesmo antes de perecerem com o rebelde inimigo, terão os ímpios a oportunidade de conceberem a derrota definitiva e erro fatal de mais uma e pela última vez apoiarem o autor da guerra e das destruições.



SATANÁS E OS IMPIOS A BARRA DO TRIBUNAL



“Agora Cristo de novo aparece à vista de seus inimigos. Muito acima da cidade, sobre um fundamento de ouro polido, está um trono, alto e sublime. Sobre este trono assentado, está o Filho de Deus, e em redor dele estão os súditos de Seu reino. O poder e majestade de Cristo nenhuma língua os pode descrever, nem pena alguma retratar. A glória do Pai eterno envolve Seu Filho. O resplendor de Sua presença enche a cidade de Deus e estende-se para além das portas, inundando a terra inteira com seu fulgor.
“Na presença dos habitantes da terra e do céu, reunidos, o Rei dos reis pronuncia a sentença sobre os rebeldes contra Seu governo, e executa justiça sobre aqueles que transgrediram Sua lei e oprimiram Seu povo. Diz o profeta de Deus: ‘ Vi um grande trono branco, e O que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro que é o da vida: e os mortos foram julgados pela coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras” (Apoc. 20:11-12).

“Logo que se abrem os livros de registro e o olhar de Jesus incide sobre os ímpios, eles se tornam cônscios de todo pecado cometido. Vêem exatamente onde seus pés se desviaram do caminho da pureza e santidade, precisamente até onde o orgulho e rebelião os levaram na violação da lei de Deus. As sedutoras tentações que acoroçoaram na condescendência com o pecado, as bênçãos pervertidas, os mensageiros de Deus desprezados, as advertência rejeitadas, as ondas de misericórdia rebatidas pelo coração obstinado, impenitente -  tudo aparece como que escrito com letras de fogo.

AS CENAS da tentação e a queda de Adão, e os passos sucessivos no grande plano para redimir os homens. O humilde nascimento do Salvador; sua infância de simplicidade e obediência; Seu batismo no Jordão; o jejum e tentação no deserto; seu ministério público, desvendando aos homens as mais preciosas bênçãos do céu; os dias repletos de atos de amor e misericórdia, Suas noites, de oração e vigília na solidão das montanhas; os tramas de inveja, ódio e maldade, com que eram retribuídos os Seus benefícios; a agonia terrível e misteriosa no Getsemane, sob o peso esmagador dos pecados do mundo inteiro; a traição nas mãos da turba assassina; os tremendos acontecimentos daquela noite de horror – o prisioneiro que não opunha resistência, abandonado por Seus discípulos mais amados, rudemente empurrado pelas ruas de Jerusalém; o Filho de Deus exultantemente exibido perante Anás, citado ao palácio do sumo sacerdote, ao tribunal de Pilatos, perante o covarde e cruel Herodes, escarnecido, insultado, torturado e condenado à morte – tudo é vividamente esboçado.

“E agora, perante a multidão agitada, revelam-se as cenas finais - o paciente Sofredor trilhando o caminho do Calvário, o Príncipe do céu suspenso na cruz; os altivos sacerdotes e a plebe zombeteira a escarnecer de sua agonia mortal, as trevas sobrenaturais; a terra a palpitar, as pedras despedaçadas, as sepulturas aberta, assinalando o momento em que o Redentor do mundo rendeu a vida.

“O terrível espetáculo aparece exatamente como foi. Satanás seus anjos e súditos não tem poder para se desviarem do quadro que é a sua própria obra. Cada ator relembra a parte que desempenhou. Herodes, matando as inocentes crianças de Belém, a fim de que pudesse destruir o Rei de Israel; a vil Herodias, sobre cuja calma criminosa repousa o sangue de João Batista; o fraco Pilatos, subserviente às circunstâncias; os soldados zombadores; os sacerdotes e príncipes, e a multidão furiosa que clamou: ‘ O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos!’ – todos contemplam a enormidade de seu crime. Em vão procuraram ocultar-se da majestade divina de Seu rosto, mais resplandecente que o sol.

“Entre a multidão resgatada acham-se os apóstolos de Cristo, o heróico Paulo, o ardoroso Pedro, o amado e amante João, e seus fiéis irmãos, e com estes o vasto exército dos mártires, ao passo que, fora dos muros, com tudo o que é vil e abominável, estão aqueles pelos quais foram perseguidos, presos e mortos. Ali esta Nero, aquele monstro de crueldade e vício, contemplando a alegria e exaltação daqueles que torturara, e em cujas  aflições extremas encontrara deleite satânico. Sua mãe ali está para testemunhar o resultado de sua própria obra; para ver como os maus traços de caráter transmitidos a seu filho, as paixões acoroçoadas e desenvolvidas por sua influência e exemplo, produziram frutos nos crimes que fizeram o mundo estremecer.

“Ali estão sacerdotes prelados romanistas, que pretendiam ser embaixadores de Cristo e, no entanto, empregaram a tortura, a masmorra, a fogueira para dominar a consciência de Seu povo. Ali estão os orgulhosos pontífices que se exaltaram acima de Deus e pretenderam mudar a lei do Altíssimo.  Aqueles pretensos pais da igreja tem uma conta a prestar a Deus, da qual muito desejariam livrar-se. Demasiado tarde chegam a ver que o Onisciente é zeloso de Sua lei, e que de nenhuma maneira terá por inocente o culpado. Aprendem agora que Cristo identifica Seu interesse com o de Seu povo sofredor; e sentem a força de suas palavras: ‘Quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a Mim o fizeste’ (Mat. 25:40).

“O mundo ímpio todo acha-se em julgamento perante o tribunal de Deus, acusado de alta traição contra o governo do céu. Ninguém há para pleitear sua causa; estão sem desculpa; e a sentença de morte eterna é pronunciada contra eles”.
“Todas as questões sobre a verdade e o erro no prolongado conflito foram agora esclarecidas. Os resultados da rebelião, os frutos de se porem de parte os estatutos divinos, foram patenteados á vista de todos os seres criados. Os resultados, do governo de Satanás em contraste com o de Deus, foram apresentados a todo universo. As próprias obras de Satanás o condenaram. A sabedoria de Deus, sua justiça e bondade, acham-se plenamente reivindicadas. Ver-se que toda a Sua ação no grande conflito foi orientada com respeito ao bem eterno de Seu povo, e ao bem de todos os mundos que criou”.

“Ele olha para os remidos, renovados em sua própria imagem, trazendo cada coração a impressão perfeita do divino, refletindo cada rosto a semelhança do seu Rei. Contempla neles o resultado das fadigas de Sua alma, e fica satisfeito (Isa. 53:11). Então, com voz que atinge as multidões congregadas dos justos e ímpios, declara: ‘Eis a aquisição de Meu sangue! Por estes sofri, por estes morri, a fim de que pudessem morar em minha presença pelas eras eternas’: E sobre o cântico de louvor dos que estão vestidos de branco em redor do trono: ‘Digno é o cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças’ (Apoc. 5:12).

“Apesar de ter sido Satanás constrangido a reconhecer a justiça de Deus e a cuvar-se à supremacia de Cristo, seu caráter permanece sem mudança. O espírito de rebelião, qual poderosa torrente, explode de novo. Cheio de frenesi, decide-se a não capitular no grande conflito. Chegado é o tempo para a última e desesperada luta contra  o Rei do céu. Arremessa-se para o meio de seus súditos e esforçar-se por inspirá-los com sua fúria, incitando-os a uma batalha imediata. Mas dentre todos os incontáveis milhões que seduziu á rebelião, ninguém há agora que lhe reconheça a supremacia. Seu poder chegou ao fim. Os ímpios estão  cheios do mesmo ódio a Deus,  o qual inspira Satanás; mas vêem que seu caso é sem esperança, que não podem prevalecer contra Jeová. Sua ira se acende contra Satanás, e os que foram seus agentes no engano, e com furor de demônios voltam-se contra eles” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 665-671).



O DESFECHO DA GRANDE CRISE



VERSO 10 – “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”.



O LAGO DE FOGO



Um lago de fogo como referido no versículo dez, nunca existiu até agora em nenhuma parte do universo de Deus. Apenas o Apocalipse o refere e isto somente cinco vezes. Segundo as profecias apocalípticas, o lago de fogo está ligado ao juízo executivo dos ímpios no fim do milênio e só será realidade quando, naquele tempo, descer “fogo do céu” para exterminar os inimigos de Deus.

“De Deus desce fogo do céu. A terra se fende. São retiradas as armas escondidas em suas profundezas. Chamas devoradoras irrompem de cada abismo hiante. As próprias rochas estão ardendo. Vindo é o dia que arderá como um forno. Os elementos fundem-se pelo vivo calor, e também a terra e as obras que nelas há são queimadas (Mal. 4:1, II Pedro 3:10). A superfície da terra parece uma massa fundida – um vasto e fervente lago de fogo. É  o tempo do juízo e perdição dos homens maus – ‘dia da vingança do Senhor, ano de retribuição pela luta de Sião’.

“Alguns são destruídos em um momento, enquanto outros sofrem muitos dias. Todos são punidos segundo as suas ações. Tendo sido os pecados dos justos transferidos para Satanás, tem ele de sofrer não somente pela sua própria rebelião, mas por todos os pecados que fez o povo de Deus cometer. Seu castigo deve ser muito maior do que o daqueles a quem enganou. Depois que perecerem os que pelo seus enganos caíram, deve ele ainda viver e sofrer. Nas chamas purificadoras os ímpios são finalmente destruídos, raiz e ramos. Satanás a raiz, seus seguidores os ramos. A penalidade completa da lei foi aplicada; satisfeitas as exigências da justiça; e o céu e a terra contemplando-o, declaram a justiça de Jeová”.

“Enquanto a terra esta envolta nos fogos da destruição, os justos habitam em segurança na santa cidade. Sobre os que tiveram parte na primeira ressurreição, a segunda morte não tem poder. Ao mesmo tempo em que Deus é para os ímpios um fogo consumidor é para o Seu povo tanto sol como escudo” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 672-673).



“SERÃO ATORMENTADOS PARA TODO O SEMPRE”



Esta frase do versículo dez tem sido tomada como afirmativa da doutrina corrente da imortalidade consciente da alma. Mas não há nela tal fundamento; pois todo o contexto evidência que o castigo não será aplicado a indivíduos incorpóreos mas aos ímpios que ressuscitarão corporeamente no fim do milênio.

Provas evidentes de que os ímpios receberão o castigo final corporeamente, temo-las sobejamente em objetos matérias usados para simbolizar a destruição que sofrerão. Note-se: “Como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus” (Sal. 68:2). “Mas os ímpios perecerão, e os inimigos do Senhor serão como a gordura dos cordeiros” (Sal. 37:20). “Pelo que, como a língua de fogo consome a estopa, e a palha se desfaz pela chama, assim será a sua raiz, como a podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó” (Isa. 5:24). “Eis que serão como a pragana, o fogo os queimará” (Isa. 47:14). “E como os povos serão como os incêndios de cal: como espinhos cortados arderão do fogo” (Isa. 33:12). Deste modo vemos que os ímpios receberão o castigo em corpo e não em alma. Provas ainda mais esclarecidas de que receberão a punição corporeamente, aqui as temos:

“E sairão, e verão os corpos mortos dos homens que prevaricam contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror para toda a carne” (Isa. 66:24). “Portanto, se o teu olho direito te escandalizar arranca-o e atira-o para longe de ti, pois é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e tira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno” (Mat. 5:29-30). Notemos que tanto Isaías como Jesus referem que os ímpios receberão a condenação corpórea, no fogo. E como maior fundamento deste fato, usou Jesus a figura da Gehenna, termo que equivale ao hebraico Hinnom, que é o nome de um vale próximo de Jerusalém, lugar usado para depósito do lixo da cidade e de cadáveres de animais e de malfeitores, que eram consumidos pelo fogo, o qual se conservava ardendo constantemente. Ali havia sempre bicho atuando nos cadáveres. E Cristo referiu-Se àquele lugar de queima constante, para ensinar aos seus ouvintes o destino que aguarda os ímpios. Na figura está bem patente que o futuro fogo da destruição dos ímpios atuará não sobre suas almas ou espíritos fictícios desincorporados, mas sobre  seus corpos reais. Inúmeras outras evidências bíblicas ainda existem. “O Senhor os devorará na sua indignação, e fogo os consumirá” (Sal. 21:9). Consumidor não é queimar indefinidamente.

Agora, diante do já exposto, o termo “para sempre”, da frase atormentados para todo o sempre, - não implica que os ímpios hão de queimar eternamente. Os termos “eterno” e “sempre”, quando encontrados no Novo Testamento, vêm do substantivo grego “aion” ou do adjetivo “aionios”. No Velho Testamento o equivalente é “olam”. “Aion”, “aionios” e “olam”, ocorrem centenas de vezes nos dois Testamentos, e não significam necessariamente  que nunca terão fim. Lemos, por exemplo, em São Mateus 13:39 e em outra parte, do “fim do mundo” (aion)”. Como poderia existir um “fim” para alguma coisa que não tem “fim”?. Nisto vemos que um “aion” pode ter”fim”. De Cristo lemos: Tu és Sacerdote eternamente (aion) (Heb. 5:6). Todavia sabemos pela Escrituras Sagradas que Ele será Sacerdote somente enquanto durar a graça salvadora. Assim temos um “aion” de tempo limitado. S. Paulo rogara a Filemon que tivesse a seu servo Onésimo “para sempre” (aionios); entretanto nem Filemon nem Onésimo viveriam “para sempre” para que isto pudesse suceder ininterruptamente. Vemos assim mais um “aion” ou “aionios” de tempo bem reduzido.

Lemos que Sodoma e Gomorra sofreram a pena de fogo eterno (aionios) (Judas 7). E S. Pedro diz que estas cidades foram reduzidas a cinza (II Pedro 2:6). Portanto, se o fogo eterno (aionios) reduziu tais cidades a cinza do milênio também fará isto mesmo contra os ímpios e os maus anjos. Outros fatos demonstram isto mesmo:

A Páscoa devia ser observada “para sempre (olam) (Exo. 12:24). Não obstante, ela terminou com a cruz. Aarão e seus filhos deviam oferecer incenso “eternamente” (olam) (I Cro. 23:13), e exercer um sacerdócio “perpétuo (olam) (Exo. 40:15). Porém esse sacerdócio com suas ofertas de incenso terminou com a cruz (Heb. 7:11-14). Um servo que desejasse permanecer com seu senhor, deveria servi-lo “para sempre (olam)” (Exo. 21:1-6). Como poderia o servo servir a seu senhor por tempos intermináveis? Haverá servos e senhores no mundo futuro? Jonas, ao descrever as peripécias pelas quais havia passado, relata-as nestas palavras: “Os ferrolhos da terra correram-se sobre mim para sempre (olam)” (Jonas 2:6). Esse “para sempre”, entretanto, durou apenas três dias e três noites” (Jonas 1:17). E realmente um “para sempre” muito curto. Em conseqüência de haver cometido fraude, Geazi ouviu de Eliseu a seguinte sentença: “Portanto a lepra de Naaman se pegará a ti ( Geazi) e a tua semente para sempre (olam)” (II Reis 5:27). Deveríamos então concluir que a família de Geazi nunca encontraria o seu fim e que assim a lepra se perpetuaria por toda a eternidade? Vemos, pois, que em muitos casos aion, aionios e olam tem um valor de tempo deveras muito limitado em muitos casos. E o mesmo pode ser dito ainda do fogo outrora ateado sobre Jerusalém, do qual é referido que consumiria os seus palácios e  não se apagaria (Jer. 17:27). Mas não consta que Jerusalém esteja ardendo conjuntamente com seus palácios.

Numerosas outras referências poderiam ser citadas como prova de que os ímpios sofrerão o castigo corporeamente, e que o fogo neles arderá somente enquanto puder ser alimentado pelo combustível de seus próprios corpos. Com eles, mesmo o Diabo tornar-se-á em cinza (Ezq. 28:18). Outro fato que depõe contra o tormento literalmente eterno relativo ao fogo do fim do milênio, é que os ímpios serão castigados na terra, onde será a eterna morada dos santos. Seria forçar a verdade em concluir que a mesma terra da morada dos justos seria o lugar de tormento eterno dos maus. Todavia, o fogo que cairá no fim do milênio sobre os ímpios pecadores, reduzi-los-á a cinza, tal como no castigo de Sodoma, Gomorra e outras cidades que já receberam o impacto direito de fogo e enxofre do céu” (Mal. 4:3).

Entretanto a ênfase da profecia concernente à tremenda futura destruição no término do milênio , é que no lago de fogo e enxofre serão lançados o Diabo, a besta e o falso profeta. “Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e enxofre" (Ezq. 28:18, Apoc. 19:20).



O TRIBUNAL DO JUIZO MILENÁRIO



VERSOS 11-12 – “E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar pra eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida: e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras”.



O TRONO DO JUÍZO EXECUTIVO



Sobre este trono e juízo já nod referimos no versículo nove - SATANÁS E OS IMPIOS À BARRA DO TRIBUNAL. As circunstâncias da inundante glória da majestade de Deus naquele dia, fará como se o céu e a terra não estejam à sua presença ou como se tenham fugido. A terra não poderá fugir literalmente de Sua presença posto que é dito que os mortos ressurretos estarão na terra diante do trono de Deus, fora da cidade.



“E ABRIRAM-SE OS LIVROS”



Isto demonstra que Deus tem um registro perfeito da vida de cada indivíduo, e que um dia cada um responderá por seus atos. Os ímpios ver-se-ão afinal diante dum tribunal onde seus atos estarão patentes embora os hajam esquecido. No juízo executivo cada um receberá segundo suas obras exaradas nos livros, uns mais outros menos conforme os registro indiciarem.



“O LIVRO DA VIDA”



Talvez seja um pouco estranho aparecer o livro da vida no juízo executivo dos ímpios. Sabemos que “o livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para o serviço de Deus. Jesus ordenou a seus discípulos: ‘Alegrai-vos antes por estarem os vossos, nomes escritos no céu’ (Luc. 10:20). S. Paulo fala de seus fiéis cooperadores, ‘cujos nomes estão no livro da vida’ (Fil. 4:3). Daniel, olhando através dos séculos para um ‘tempo  da angústia, qual nunca houve’ declara que se livrará o povo de Deus, ‘todo aquele que se achar escrito no livro’ (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 480). E S. João, no Apocalipse, diz que apenas entrarão na cidade de Deus aqueles cujos nomes ‘estão escritos no livro da vida e Cordeiro” (Apoc. 21:27).

A razão porque o livro da vida será aberto no juízo executivo dos ímpios, é para que todo o universo saiba que nenhum deles teve seu nome inscrito nele; e também para que fique claro que alguns tiveram seus nomes inscritos no livro da vida, mas, pela manifesta deslealdade posterior, foram riscados – aquele que pecar contra Mim, a este riscarei Eu do Meu livro (Exo. 32:33). Somente os vencedores terão seus nomes conservados no livro da vida (Apoc. 3:5).



MORTOS DE TERRA E MAR



VERSOS – 13-15 – “E deu o mar os mortos que nele havia; a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo a suas obras. E a morte e o inferno eram lançados no lago de fogo: esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado inscrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”.



Da terra e do mar ressurgirão os ímpios para juízo executivo no fim do milênio. O “inferno” referido do Hades grego, é a sepultura ou lugar dos mortos. Terra e mar darão seus milhões para as candentes chamas da “segunda morte” no lago de fogo. O salário do pecado é a morte e jamais o tormento eterno (Rom. 6:23).

E afinal a grande controvérsia termina com estas palavras: “Aquele que não foi achado inscrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”. Toda a terra estará por fim livre da maldição do pecado, e os justos que prezaram a grande salvação serão felizes pela eternidade no mundo feito novo.


Texto Extraído do livro "A VERDADE SOBRE AS PROFECIAS DO APOCALIPSE" - A. S. Mello



Nenhum comentário:

Postar um comentário