sexta-feira, 13 de abril de 2012

Cap. 12 - A Igreja de Cristo na Era Cristã


CAPÍTULO XII



A IGREJA DE CRISTO NA ERA CRISTÃ



INTRODUÇÃO



O duodécimo capítulo do Apocalipse revela por meio de símbolos a tremenda batalha dos séculos entre as forças do bem e as forças do mal, entre a luz e as trevas, entre a verdade e o erro. Seu simbolismo claro lembra em primeiro lugar a origem do mal, para depois tratar já dos dezenove séculos de oposição cerrada da intolerância religiosa contra a igreja de Cristo. O capítulo deixa estabelecido o fato de que, na era cristã, a verdadeira igreja cristã não é a igreja dominante e aliada aos poderes seculares, mas uma igreja perseguida, entretanto fiel aos requisitos da Lei de Deus e do evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo. 

Segundo a ordem da visão, a igreja é apresentada num glorioso símbolo, revelando sua pureza, sua divina justiça e seu fundamento profético. O grande adversário da igreja segue-a num emblema que revela sua guerra aberta contra ela para, se possível, destruí-la. Usando os poderes apóstatas da era cristã, procura oprimir a igreja numa guerra sem tréguas, derramando-lhe rios de sangue, porém, sem conseguir fazê-la desaparecer do mundo. Todavia, findando o capítulo, é apresentada a verdadeira igreja cristã de nossa geração e sua fidelidade aos mandamentos de Deus e ao testemunho de Jesus Cristo.



O GLORIOSO SÍMBOLO DA IGREJA CRISTÃ


VERSO 1 – “E viu-se um grande sinal no céu; uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça”.


UMA MULHER


O primeiro símbolo desta profecia é uma mulher vestida gloriosamente com vestes celestiais. No capítulo dezessete apresenta-se uma outra mulher vestida, não com vestes celestes, mas com roupagens e adornos humanos, a qual é simbólica da igreja apostata aliada aos poderes civis da terra, e chamada babilônia. Porém, a mulher do capítulo doze É SIMBÓLICA da verdadeira e pura igreja de Cristo na era cristã. Isaías já se referia no seu tempo, à igreja, no símbolo de uma mulher (Isa. 54:5). E S. Paulo, confirmando Isaías, diz: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar, como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (II Cor. 11:2). Note-se a clareza do apóstolo: A igreja – uma mulher virgem, pura aliás; e Cristo – marido, de Sua igreja. Como podemos entender que a igreja seja simbòlicamente esposa de Cristo quando no capítulo 21 do Apocalipse, é mencionada a Nova Jerusalém como Sua esposa? Isto se explica no fato de que a igreja de Cristo é referida também com os nomes de Sião ou Jerusalém e “Cidade Santa” (Isa. 52:1-2, Rom. 9:33, Apo. 11:2). A conclusão a que chegamos é que a igreja é representante da Nova Jerusalém, a verdadeira espôsa de Cristo, pelo que como tal é denominada.

Com isto é-nos revelado existir entre Cristo e Sua Igreja, a mesma intimidade, confiança e amor que há entre esposos reais. A igreja, considerada um componente do sexo frágil, é protegida e fortalecida por seu Todo-Poderoso esposo nos seus combates seculares contra os poderes do mal. Se não fora assim, a linguagem de S. Paulo seria outra.



AS VESTES DE SOL


Vimos que a mulher, neste capítulo, é a igreja de Cristo. Assim a gloriosa veste que ostenta não é terrena, mas celestial como indica o símbolo solar que a representa. É a santa veste da justiça de Cristo a Quem ela pertence. Cada verdadeiro crente da Sua igreja está vestido com esta santa vestimenta. “Quando nos submetemos a Cristo, nosso coração une-se ao Seu coração, nossa vontade funde-se com a Sua vontade, nossa mente chega a ser uma com a mente de Cristo e os pensamentos se sujeitam a Ele; vivemos Sua vida. Isto é o que significa estar vestido com o manto de Sua justiça” (Christ Object Lesson, E. G. White, 312).    

Contemplada nas alturas siderais, entendemos que a igreja do Senhor, posto que no mundo, devia iluminá-lo com a luz de Sua justiça. Vós sois a luz do mundo”, dissera Jesus (Mat. 5:14-16). As brilhantes vestes da igreja ou o seu santo caráter resplandecem através de suas obras feitas em harmonia com a justiça de Cristo.



A LUA COMO FUNDAMENTO



A expressão – tendo a lua debaixo de seus pés – revela que a igreja do Senhor Jesus funda-se numa base tão gloriosa e eterna como a própria lua. S. Pedro descobre-nos o alicerce básico da igreja de Cristo, nestas palavras: “E temos, mui firme a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, ATÉ QUE O DIA ESCLAREÇA, e a estrela da alva apareça em vossos corações” (II Pedro 1:19). E S. Paulo, confirmando S. Pedro, declara: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina” (Efe. 2:20). Pela palavra dos dois apóstolos dos quais não é possível duvidar, vemos a existência e toda a vida da verdadeira igreja cristã, dependentes exclusivamente do Velho Testamento – a palavra dos profetas – como seu indiscutível alicerce. Foi o Velho Testamento que Cristo tomou como base de Sua pregação e Sua vida. Foi o Velho Testamento que Ele mandou Seus apóstolos pregarem ao mundo, posto que não existia o Novo Testamento. O Novo Testamento é em realidade a pregação do Velho Testamento pelo ministério apostólico. O Velho Testamento é o pedestal do Novo Testamento; é o alicerce do edifício do Novo Testamento. Portanto, rejeitar o Velho Testamento como base da vida religiosa cristã, significa rejeitar o Novo Testamento, que é estruturado no Velho Testamento.

 

A COROA DE DOZE ESTRÊLAS



A coroa representa, em si mesma, a vitória da igreja cristã através dos séculos em todos os seus combates contra as forças do mal, bem como o seu triunfo final sobre elas. A constelação de doze estrelas que forma a coroa é emblema dos doze apóstolos, fato que em primeiro lugar confirma que a mulher é um símbolo da igreja cristã. Porém, ao usar estrelas para figurar os doze apóstolos, a revelação indica o glorioso labor daqueles doze homens. Suas brilhantes luzes tiveram Nele a sua origem, e ao luzirem na vastidão da noite, declaram a Sua glória e anunciam as obras das Suas mãos. Assim sucedeu com os doze apóstolos. Fazendo-se discípulos d’Aquele que dissera – Eu sou a luz do mundo – tornaram-se luzes, e, levando a todas as terras a Sua luz, tornaram-se astros na noite dos tempos. Sobre os que iluminam o mundo com a pregação da justiça divina, lemos: “Os entendidos pois resplandecerão, como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, refulgirão como as estrelas sempre e eternamente” (Dan. 12:3).

Porém, a razão de somente os doze apóstolos figurarem na constelação que forma a coroa simbólica da igreja, jaz no fato de terem sido eles os primeiros a desfraldarem a bandeira da cruz e do puro evangelho de Cristo ao mundo, após a Sua ascensão e os primeiros a se disporem a morrer para que Seu nome pudesse viver como esperança de milhões. Todos os apóstolos foram mártires. Segundo a tradição, Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, em Roma; André foi crucificado numa cruz em forma de X, na Grécia; Tiago, irmão de João, foi morto à espada, em Jerusalém, por Herodes Agripa; João, salvo por um milagre, dum caldeirão de óleo fervente, morreu de morte natural; Felipe, foi açoitado e crucificado, na Frigia; Bartolomeu, foi esfolado e depois crucificado de cabeça para baixo; Tomé, foi atravessado por uma lança, na Índia; Mateus, foi martirizado na Etiópia; Tiago, filho de Alfeu, foi lapidado em Jerusalém; Tadeu, foi crucificado em Edessa; Simão, cananita, foi crucificado em Bretanha; e Matias foi apedrejado em Jerusalém. Mas todos são considerados estrelas pela inspiração.



A MULHER ESTAVA GRÁVIDA



VERSO 2 – “E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz”.



Que a mulher é a igreja cristã do novo pacto está demonstrado. Este novo pacto, porém, já fora feito anteriormente com os velhos patriarcas, com os profetas e com os verdadeiros israelitas. Estes sinceros e reais crentes é que formavam a igreja do Novo Concerto antes da era cristã. A ela foram feitas as promessas messiânicas, desde Adão. Dela deveria surgir o prometido Filho de Deus. E como anelavam aqueles fiéis servos de Deus o aparecimento do Messias, dizem-nos com clareza as mensagens dos profetas do Velho Testamento. Isto confirmou Jesus a Seus discípulos quando lhes dissera: “E, voltando-Se para os discípulos disse-lhes em particular: “Bem aventurados os olhos que vêem o que vós vedes; pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram(Luc. 10:23, 24). Aqui, revela-nos o próprio Senhor Jesus a ânsia da mulher ou da igreja, em dar à luz. Quantas súplicas subiram ao céu rogando a vinda do Messias, só Deus sabe. Quantos cânticos proféticos expressivos do mesmo desejo ascenderam ao céu, dizem bem claramente os salmos de Davi.

Durante 4000 anos a igreja anelou ver e ouvir o Messias, que era ânsia da mulher por dar à luz. Mas os bem-aventurados, dissera Jesus, eram os Seus discípulos que, não só O viam e O ouviam, como O reconheciam verdadeiramente “Aquele de Quem Moisés escreveu na lei, e os profetas(João 1:45). Sim, afinal a mulher “deu à luz um filho”. E Jesus nasceu entre o Seu povo, Sua igreja, como O tendo ela dado à luz. Tudo isto testifica de que a mulher desta profecia não é a virgem Maria como alguns ensinam.



UM GRANDE DRAGÃO VERMELHO



VERSOS 3-4 – E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres; e sobre as suas cabeças sete diademas. E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”.



O SÍMBOLO DE DRAGÃO NA MITOLOGIA E NA PROFECIA



A profecia do dragão vermelho é uma das mais extraordinárias da inspiração e do Apocalipse. O emblema de dragão está ligado à história da mitologia dos antigos povos. Gregos, romanos e bizantinos adotaram a figura do dragão como expressão de força e poder. Do III ao V séculos da era cristã, o dragão era, depois da águia, a principal insígnia das legiões romanas.

Outros povos antigos – cananeus, egípcios, assírios, babilônios, medos e persas, e outros – tinham também suas crenças mitológicas do dragão, tendo sido encontrada sua figura gravada em pedra em Persépolis e em Nínive. Também a era cristã, depois da queda de Roma pagã, não deixou de apontar aqui e ali a figura emblemática de dragão. Era símbolo da soberania céltica e figurava nos estandartes ingleses dos tempos pagãos no reinado de Henrique VIII. No século XVII foi encontrado nos primeiros mosquetes de guerra como também nos escudos dos guerreiros. E a moderna China conserva sua credulidade no dragão, herança de seus antepassados. Quatro são os dragões chineses: 1) O Celestial, que guarda as mansões dos deuses. 2) O Espiritual, que ordena os ventos para a chuva em beneficio da humanidade. 3) O da Terra, que determina o curso da águas. 4) O dos Tesouros Ocultos. E até mesmo o próprio cristianismo atual manifesta suas crendices no dragão!

O dragão, porém, como pintado na tela da profecia do Apocalipse, é distinto de tudo quanto há na mitologia e na história sagrada concernente ao termo. O versículo nove do capítulo doze, o define como figura de Satanás, ou, mais propriamente, segundo atestam suas características proféticas, como a personificação de um poder político liderado por Satanás para a consecução de seus fins. E a revelação não nos deixou às escuras quanto ao poder civil e religioso simbolizado pelo dragão.



A ERA DO DRAGÃO VERMELHO



Diga-se antes de tudo, que nenhuma profecia da inspiração trata de acontecimentos anteriores à sua anunciação. Pois do contrario não seria ela uma profecia. Portanto, a profecia do dragão, dada a S. João cerca de 94 AD, deve aludir a um poder dominante de seu tempo, com prosseguimento futuro, ou inteiramente do futuro, nunca, porém, do passado. E isto é confirmado pela história profética do dragão (Apoc. 12), que o relaciona com a era cristã e o define como um poder perseguidor da igreja de Cristo do Novo Testamento.



O DRAGÃO VERMELHO E O QUARTO ANIMAL



Entre o dragão vermelho do Apocalipse 12 e o quarto animal de Daniel 7, há perfeita identificação. Ambos não encontram paralelo na zoologia; ambos são terríveis e espantosos; ambos possuem 10 chifres; ambos estão ligados à historia da Igreja Cristã. O quarto animal, segundo a própria revelação, é o quarto reino da terra, que indubitavelmente é Roma pagã (Dan. 7:23, O Conflito dos Séculos, E. G. White, 438). Conseqüentemente, o dragão, que se identifica com o quarto animal, é também, logicamente Roma pagã. Tanto o quarto animal como o dragão vermelho, representam um e o mesmo poder, (...). Todas as suas características e ações proféticas são evidentes afirmativas de que ele é Satanás e Roma irmanados num único objetivo – guerrear a verdade e o povo de Deus.

Em confirmação do exposto, refere a história que o dragão dos estandartes romanos era vermelho como o símbolo do Apocalipse. Amiano Marcelino escreveu – de “a púrpura padrão do dragão” (Lib. 16, C. 12 Ammianus Marcellinus). http://bible.cc/revelation/12-3.htm, 23/11/2011

Além disso, confirma a inspiração que, conquanto o dragão represente primeiramente Satanás, é, em sentido secundário, símbolo de Roma pagã. Assim o dragão vermelho não pode ser simbólico de poderes antecessores a Roma – já porque nunca foram representados nas profecias como dragões.



AS SETE CABEÇAS DO DRAGÃO



As sete cabeças do dragão são exclusivamente suas, próprias: “E tinha sete cabeças...” Vemos que pertencem ao corpo do dragão vermelho. Entre elas e o corpo não há a mínima discrepância racial ou política. No tempo e no espaço – dragão e cabeças – estão perfeitamente unidos num todo e num mesmo propósito. Elas são o próprio dragão e ele as próprias cabeças. Estas são cabeças diretivas do dragão. Cabeças e dragão são um todo unido em uma só época – a de Roma.

As sete cabeças possuem “diademas” ou coroas, evidência essa de que estavam em função na era do dragão vermelho e no momento da visão do Apocalipse. Em outros termos, as sete cabeças imperavam através do dragão e o dragão através delas. A inspiração jamais apontaria cabeças coroadas sem ação direta por meio dum corpo a que pertençam e este por elas.

Em face de tudo isto, as sete cabeças são absolutamente romanas.



AS SETE CABEÇAS E OS DEZ CHIFRES



Os dez chifres vemo-los primeiramente no quarto animal de Daniel sete, representativo de Roma Pagã. Eles, segundo o mesmo profeta, indicam a divisão decupla de Roma Pagã nos reinos que constituíram a Europa moderna. Depois divisamos os dez chifres do quarto animal nas sete cabeças do dragão vermelho, o que comprova que o dragão e o quarto animal são o Império Romano que se dividiria em dez partes. Em outras palavras, as sete cabeças dividir-se-iam em dez partes, pois os dez chifres nelas estão, o que indica que elas são o dragão e o próprio Império Romano.

Outro fato notável, nos dez chifres, é que eles, tanto no quarto animal de Daniel sete como nas cabeças do dragão, não são coroados. Isto evidencia sobejamente que os reinos futuros por eles representados – a Europa atual – não exerciam nenhuma influência politicamente mundial na era do dragão ou enquanto se mantinha firme o poder romano dos Césares no Ocidente.

A teologia popular, porém, fundada em ideias humanas divorciadas da inspiração, pretende que, cinco das sete cabeças, designam não Roma, mas os cinco Impérios antecessores de Roma – Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Persa e Grécia. Todavia é evidente que os dez chifres estão divididos entre as sete cabeças e não somente entre as duas últimas. E nenhum dos oponentes, da teologia popular, desejará afirmar que aqueles impérios sucedidos por Roma se dividiram em reinos, para contribuir na formação da Europa moderna. Pois seria mesmo ridícula a concepção de que aquelas potências pudessem formar um continente, dividindo-se para formá-lo, sem jamais terem ali exercido domínio e sem existirem em nenhuma parte do globo na época da formação da Europa. Fica assim derribada a tentativa dos pretensos teólogos populares para estabelecer cinco das sete cabeças como representativas daqueles impérios anteriores e inferiores a Roma.





A BESTA DO CAPÍTULO TREZE E AS SETE CABEÇAS



A besta do capítulo treze é o mesmo Império Romano em sua nova fase – a Papal. Suas cabeças e dez chifres o identificam plenamente. As sete cabeças, embora não mais coroadas, são contudo cabeças vivas, pois as vemos blasfemando nesta nova etapa de Roma. E, em realidade, o único poder de que temos conhecimento profético que blasfemaria contra Deus, é Roma. As cabeças estão cheias de “nomes de blasfêmias”, este fato é comprovante de que elas não podem representar poderes imperiais antecessores de Roma, pelo motivo de eles não terem sido cristãos mas adoradores de outros deuses. Só um poder que pretende ser cristão e adorar a Cristo e a Deus a seu próprio modo de ver, e não segundo Ambos pretendem, poderia blasfemar contra Eles. E este poder é Roma. O profeta vê blasfêmias presentes e não antigas. Aqui está, pois, mais um comprovante de que as sete cabeças pertencem apenas a Roma e são romanas. Se não fossem cabeças romanas mas de poderes imperantes antes de Roma, não estariam vivas, mas mortas e sem qualquer ação mesmo no que respeita às blasfêmias que proferem.





A BESTA DO CAPÍTULO DEZESSETE E AS SETE CABEÇAS



A besta “cor de Escarlata” do capítulo dezessete é o mesmo Império Romano; pois possui também sete cabeças, que são as mesmas do dragão e da besta do capítulo treze, bem como os dez chifres. Uma mulher está assentada sobre a nova besta escarlata, que é a igreja de Roma. Isto revela que tal igreja lideraria o Império Romano na fase papal. E nesta nova besta romana tudo continua vivo, pois ela está cheia de blasfêmias que só podem ser possíveis através de suas cabeças. Eis, assim, nova evidência de que as sete cabeças são realmente romanas e jamais representativas de potências mortas do passado. E, agora, notemos a evidente explanação que a própria inspiração, no capítulo dezessete dá das sete cabeças: veja-se a exposição de AS SETE CABEÇAS DA BESTA, no capítulo dezessete.



SÃO DERRIBADAS AS PRETENSÕES DA ALTA CRÍTICA



Esta exposição – bíblica e histórica – do dragão e suas sete cabeças, evidentemente lógica, é uma debacle nas pretensões contraditórias da tal crítica que pretende explanações fantasiosas incluindo poderes desaparecidos e antecedentes de Roma como cumpridores da profecia no que respeita às cinco primeiras cabeças do dragão, indo ao ponto de até incluir, entre as sete cabeças, poderes que jamais reinaram nas sete colinas, como – o Exarcado de Ravena (O Exarcado de Ravenna (ou Ravena) foi o centro do poder bizantino na peninsula italica desde o final do século VI até o ano de 751, quando o último exarca foi morto pelos lombardos), os Estados Unidos, a imagem da besta, o Protestantismo, a França, as Nações Unidas e Satánas!

Um dos fantásticos interpretes da alta crítica chega até a reservar três cabeças para o Papado, quando o anjo que expunha o significado das sete cabeças ao profeta declarou que depois da sexta cabeça – a Imperial – viria somente uma, a sétima, que é em verdade o Papado. Sim, esta classe de interpretes pretende possuir uma visão mais lúcida que os próprios anjos que assistiram os profetas que estas revelações receberam! Afastando-se do texto da inspiração e da história que o cumpre, lançam suas fantasias interpretativas no mercado da credulidade popular e mesmo ante seus próprios discípulos que os fazem propagadores de seus erros, sendo assim vilipendiada a divina inspiração.

Que o Todo-poderoso nos ajude a crermos na revelação como ela foi comunicada da parte do céu a nós. Renunciemos as interpretações absurdas e sem fundamento nas Escrituras Sagradas e na História, e conheceremos cada vez mais a verdade em sua meridiana beleza, e, por ela, ligar-nos-emos mais estreitamente ao Salvador Jesus, e Ele por certo nos salvará em Sua segunda vinda que logo tomará lugar.



A CAUDA DO DRAGÃO



Parte de sua força está em sua cauda que representa a astuta maneira com que enganou a terça parte dos anjos, enquanto as cabeças e os chifres apontam seus agentes e colaboradores humanos especiais.



O DRAGÃO PAROU DIANTE DA MULHER



Conhecedor profundo das profecias messiânicas, Satanás vigiou o tempo do nascimento de Jesus na esperança de tragá-Lo ao nascer. Que o Filho da mulher é Cristo, atesta o versículo cinco que diz ter Ele sido arrebatado para Deus e Seu trono. Através de Herodes, intentou Satanás na matança das criancinhas de Belém, eliminar a Jesus entre elas (Mat. 2:16-18). Herodes era um representante de Roma, e através deste poder, Satanás, por meio dele, procurou eliminar o Filho de Deus. Também Sua crucificação foi um ato resultante dum decreto de Roma. Segundo consta, a sentença de Pilatos foi encontrada por um dos cruzados de Godofredo de Boullion, em Jerusalem, e assim reza:

“Neste ano, 19 do reinado de Tibério, Imperador Romano de todo o mundo e monarca invencível; 321 da Olimpíada; 124 da Ilíada; 4187 da criação do mundo, segundo os hebreus; 73 da progênie do Império Romano e 1207 da Independência da Babilônia, sendo governador da Judéia, Quintino Sérvio; Regente e Governador de Jerusalém, o gratíssimo Presidente Pôncio Pilatos; Gerente da Galiléia, Horedos Antipas; Pontífices do Sumo-sacerdote, Caifás; magnos do templo, Ali Ismael, Robam Achabel, Franchino Centauro; cônsules romanos na cidade de Jerusalém, Quintino Cornélio Sublime e Sixto Ponpílio Rusto; hoje, dia 25 de março, Eu, Pôncio Pilatos, aqui Presidente do Império Romano, dentro do Palácio e arqui-residencia, julgo, condeno e sentecio à morte Joshua, chamado pela plebe – Cristo Nazareno – e Galileu de nação, homem sedicioso contra a Lei Mosaica e contrario ao Grande Imperador Tibério Cesar.

“Determino, ordeno por esta que se lhe dê a morte na cruz, sendo pregado com cravos como os réus, porque congregando por aqui muitos homens ricos e pobres, não tem cessado de promover tumultos por toda a Judéia, dizendo-Se Filho de Deus, Rei de Israel, ameaçando com a ruína Jerusalém e o Sacro Templo, negando o tributo a Cesar, e tendo ainda o atrevimento de entrar com ramos e em triunfo e com parte da plebe dentro de Jerusalém; que seja ligado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e corrido de alguns espinhos, com a própria cruz aos ombros para que sirva de exemplo a todos os malfeitores; e que juntamente com Ele, sejam conduzidos dois ladrões homicidas; e sairão pela Porta Sagrada, hoje Antonina, e que se conduza Joshua ao monte público da Justiça, chamado Calvário, onde crucificado e morto, ficará Seu corpo na cruz como espetáculo para todos os malvados, e que sobre a cruz seja posto um título em três línguas: hebraica, grega e latina. ‘Joshua Nazarenus Rex Judaeorum’.

Mando também que nenhuma pessoa de qualquer estado ou condição se atreva temerariamente a impedir a justiça por mim ordenada, administrada e executada com todo o rigor, segundo os decretos e leis romanas; quem tal ousar será acusado de rebelião e sofrerá as penas respectivas; Testemunhas: pelas 12 tribos de Israel, Rabain Daniel; Rabain Janin; Boncar Barbassu; Lobi Peluculani; pelos fariseus: Rubzia, Simeão, Ronol, Rabani, Mondoam, Buncorfosi; pelos hebreus: Nitaubeta; pelo Império e Presidente de Roma: Luxio Lexhitio, Amasso Chilio” (Revista “Sul-América”, abril-junho, 1950, pag. 36).



A SUPREMACIA DE CRISTO



VERSO 5 – “E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o Seu trono”.



PORQUE ELE É DIVINO



Pois Ele é Filho de Deus disto testificando Seu próprio Pai (Mat. 3:17, 17:5). Como Filho de Deus é a “expressa imagem do Pai” (Heb. 1:3). Quando na terra, dirigia-se a Deus como Pai (João 12:28).

Jesus é chamado também Deus. Sendo este o evidente testemunho mesmo de Seu Pai (Heb. 1:8). Pois Ele disse: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30). E, como Deus que é Jesus, vive por Si só, emancipado pelo Pai (João 5:26).  



PORQUE ELE É PREEXISTENTE



Não devemos julgar que a existência de Cristo data apenas de Seu nascimento da virgem Maria. Diz o profeta: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miq. 5:2). São Pulo declara que Ele “é antes de todas as coisas”, e Ele mesmo diz existir antes que o mundo existisse (João 17:5,24, Col. 1:17).

Se Cristo não fora preexistente, Seu nascimento não teria sido sobrenatural e não poderia ser Ele o salvador do mundo.



PORQUE ELE É O CRIADOR DE TUDO



Seu amado Apóstolo escreveu que Ele estava no princípio com Deus e que nada foi feito sem Ele (João 1:1-3). S. Paulo, confirmando, diz: “Porque n’Ele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele” (Col. 1:16). Tudo quanto existe nos três reinos da natureza, foi criado por Cristo, e Ele é a vida de Sua criação, o seu guia e seu mantenedor supremo.



PORQUE ELE É TODO-PODEROSO



Tudo subsiste por Seu poder. “Ele é antes de todas as coisas e todas as coisas subsistem por Ele” (Col. 1:17). Pela palavra do Seu poder é todo o universo sustentado (Heb. 1:3). Pessoalmente dissera exercer todo o poder nos céus e na terra (Mat. 28:18). O mar da Galiléia é uma das eloquentes testemunhas oculares de Seu sobrenatural poder sobre as obras da natureza e seus elementos, ao acalmar naquele mar duas tempestades e caminhar por cima de suas águas revoltas (Mat. 14:25-32, Mar. 6:45-51, João 6:15-21). Todas as obras que Jesus operara na terra, testificaram que Ele é o Todo-poderoso.



PORQUE ELE



É Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apo. 19:16). É homem universal – chama-se “Filho do Homem”. É imutável: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Heb. 13:8).



PORQUE ELE TINHA PODER



Para ler os corações (João 2:24-25); para anunciar o futuro (João 14:29); para criar (João 6:1-13); para dar vida (João 5:21); para perdoar pecados (Mar. 2:1-12); para receber adoração (Mat. 14:33); para curar enfermidades (Mat. 14:35); para transformar os corações (João 1:12-13); para ressuscitar os mortos (João 11:43).



PORQUE SÓ ELE PODIA DIZER



“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6); “Eu Sou o pão da vida” (João 6:48); “Eu sou o bom pastor” (João 10:14); “Eu sou a porta das ovelhas” (João 10:7); “Eu sou a videira verdadeira” (João 15:1); “Eu sou a ressurreição e a vida” (João 11:25); “Eu sou a luz do mundo” (João 8:12).



PORQUE A SUA VIDA TERRENA FOI ANTECIPADA PELA INSPIRAÇÃO



Os antigos profetas que predisseram o Seu primeiro advento, delinearam pormenorizadamente a Sua vida terrena, desde o Seu nascimento à Sua ascensão. Sua biografia foi, séculos antes de Ele nascer, revelada pela inspiração como uma prova indiscutível de Sua divindade. Na Sua vida e ministério cumpriu Ele todos os requisitos das profecias que Lhe diziam respeito. Depois de Sua ascensão, cumpriram-se através dos séculos, até nossos dias, as previsões que pessoalmente fizera aos homens. Foi Ele o inspirador quer do Velho quer do Novo Testamento. Todos os grandes acontecimentos da história do mundo Ele os revelou antecipadamente aos homens. Numa palavra – Cristo é o coração da história, e, portanto, Sua supremacia na própria história, não necessita ser discutida. Aquele a quem a inspiração apresenta como O “que há de reger todas as nações com vara de ferro”, isto é, com justiça imparcial, equitativa a todos, não pode de modo algum ser considerado um simples homem. 



O TESTEMUNHO DOS GRANDES



Lemos que recentemente foi descoberta, em Roma, na livraria dos Padres Nazaristas, uma carta escrita por Públio Lêntulo, oficial da côrte de Pôncio Pilatus, ao imperador romano, César. Esta carta é traduzida como segue:

“Eu soube, ó Cesar, que desejavas algumas informações a respeito desse virtuoso homem chamado Jesus, o Cristo, a quem o povo considera profeta e Seus discípulos O têm como o Filho de Deus, Criador do céu e da terra. É fato que todos os dias se ouvem coisas maravilhosas ditas por Ele. Para abreviar, Ele ressuscita mortos e cura doentes.

“É um homem de estatura média, cuja aparência demonstra tanta doçura e dignidade, que se sente, ao olhar para Ele, que se deve ama-Lo e ao mesmo tempo temê-Lo... Todos acham Sua conversa agradável e atrativa. Se desejas vê-Lo, ó Cesar, conforme uma vez me escreveste, faze-me saber, e eu tO enviarei.

“Embora nunca tenha feito qualquer estudo, é versado em todos os ramos do conhecimento... Muitas pessoas fazem gracejos d’Ele ao vê-Lo vir vindo, mas, logo que estão em Sua presença, tremem e O admiram.

“Os hebreus dizem que nunca viram um homem como Esse, nem ouviram ensinos como os que Ele ministra. Muitos creem que Ele é bom, e outros asseveram que é teu inimigo, ó Cesar. Esses maus judeus dão-me muita perturbação. Dizem que Ele nunca perturbou a ninguém, mas que, ao contrário, procura levar felicidade a todos”  (http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2005/05/publius_lentulu.html, 15/03/2012).

Napoleão, quando exilado em Santa Helena, pronunciou, talvez, o maior testemunho sobre Jesus. Em resposta ao general Bertrand que arguia contra a divindade de Cristo, disse: “Conheço os homens, e vos digo que Jesus Cristo não é um homem... Tudo a Seu respeito espanta-me. Seu espírito causa-me respeito, e Sua ordenação confunde-me. Não há comparação possível entre Ele e algum outro ser no mundo. Ele é verdadeiramente um ser por Si mesmo... Seu nascimento e a história de Sua vida, a profundeza de Sua doutrina... Seu evangelho... Seu império, Sua marcha através dos séculos – tudo é para mim uma maravilha, um mistério insolúvel. Ainda que eu me achegue e examine rigorosamente, tudo está acima de mim, grande com uma grandeza que me abisma... Alexandre, César, Carlos Magnos, e eu fundamos impérios. Mas em que baseamos as criações de nosso gênio? Na força. Jesus Cristo foi o único que fundou Seu império no amor; e a esta hora milhões morreriam por Ele. Quanta imperfeição encontramos nos seres humanos, exceto em Cristo!... De princípio ao fim Ele é sempre o mesmo – majestoso e simples; infinitamente forte e infinitamente dócil... Cristo provou que Ele era o Filho do Eterno por Seu menosprezo do tempo. Toda a Sua doutrina significa apenas uma e a mesma coisa – Eternidade!... Que prova da divindade de Cristo! Com um império tão absoluto, Ele tem somente um alvo – a perfeição espiritual dos indivíduos, a pureza da consciência, a união com a verdade, a salvação da alma... Eu estou em Santa Helena... Encadeado nesta rocha... Você (general Bertrand)... partilha e consola meu exílio... (a voz do imperador treme de emoção). Logo eu estarei em meu sepulcro... Morro antes do meu tempo; e meu corpo morto deverá retornar à terra, para tornar-se alimento dos vermes. Vejo o destino próximo daquele a quem o mundo chamou o Grande Napoleão!” (Source Book for Bible Students, pag. 288, 289)

Abraão Lincoln, o grande estadista norte-americano, dá também o seu eloquente testemunho em favor da supremacia de Cristo, dizendo: “Eu sei que há Deus e que Ele abomina a injustiça da escravatura. Eu percebo a chegada da tempestade, e sei que Sua mão está nela... Eu nada sou, mas a verdade é tudo. Eu sei que estou certo, porque eu sei que a liberdade é justa, porque Cristo a ensinou, e Cristo é Deus” (Signs of the Times, 12/02/1943).



A FUNDAÇÃO DO CRISTIANISMO



O tempo que mediou entre o nascimento e a ascensão de Jesus, como mencionado no versículo cinco, foi o tempo da fundação do cristianismo. Não quer dizer isso que o cristianismo não existisse antes. Sua fundação remonta ao principio do mundo, quando o homem caído ouviu pela primeira vez no Éden, a primeira profecia messiânica ou cristã. Referindo-nos à sua fundação, porém, nos dias de Cristo e por Cristo, tão somente queremos dar-lhe o cunho de Cristo como seu fundador pessoal e pessoal expositor de suas bases aos homens. O poder do cristianismo é o próprio poder de Cristo. Como plano divino para salvar o impenitente pecador, não encontra Ele rival em nenhuma religião de outro cunho, embora existam às centenas no mundo. Sua força moralizadora não encontra paralelo na história da humanidade. Sua marcha vitoriosa através das inúmeras vicissitudes dos séculos, escuda-se, na própria vitória pessoal de Cristo sobre Satanás e seus agentes humanos.



O CRISTIANISMO LEGÍTIMO



Ao nos referirmos ao cristianismo queremos aludir ao cristianismo executor, na prática e na pregação, das ideias de Cristo e Seus ensinos contidos nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento. Ambos os Testamentos foram inspirados por Cristo, e encerram, portanto, as bases do são e verdadeiro cristianismo. Mas, o estado do cristianismo historicamente dominante é constatado pelo estado do mundo de sempre, mormente em nossa geração. Evidentemente, o pomposo cristianismo da época é humano, pois não tem forças para erguer o mundo do caos em que se encontra e moralizá-lo. Os cristãos deixaram de viver e anunciar o sublime cristianismo de seu fundador, e daí os incrédulos e ateus zombarem dele como se fosse o que eles patenteiam nas vidas dos cristãos e religiões cristãs.

Diz-se que Mahatma Mohandas Karamchand Gandhi, o falecido sábio, filósofo e líder político e religioso de milhões de Hindus, foi nomeado professor, certa feita, do Colégio Nacional de Ahmedabad. Certa vez perguntou Gandhi a seus alunos: “Que quereis que vos ensine?” E eles responderam-lhe dizendo: “Ensinai-nos religião”, “Assim Gandhi, o mais conspícuo dos homens da Índia, sentou-se para ensinar religião aos seus alunos. E de que lhes falou? Falou-lhes, porventura de Guatama, que plantou os alicerces do Budismo? Não. Falou-lhes de Confúcio, o fundador da doutrina chinesa? Não. Falou-lhes de Maomet, profeta de centenas de milhões na Índia e em todo o mundo? Não. O grande sábio declinou dessas figuras, para contar a seus discípulos a história de Jesus – Sua pureza, Sua bondade, Sua paciência, Seu amor. Falou-lhes de Seu sermão na montanha, Seu serviço entre os famintos nus, os doentes e mortos. ‘Isto”, disse ele, ‘é religião pura e incontaminada’. Mas, continuou, enquanto eu vos apresento os ensinos e a vida de Jesus, como a religião mais pura, desejo fazer-vos compreender que há uma grande diferença entre Jesus, o Cristo, e o cristianismo. Nem todos que se chamam pelo nome de Jesus são de Jesus. Nações que se ufanam de ser consideradas cristãs, em suas ações negam a religião de Cristo; povos que se dizem cristãos, muitas vezes em sua vida difamam a Jesus. Admiram a Jesus mas não praticam o cristianismo.

Falou Gandhi a verdade sobre o cristianismo de nosso século? Sim; asseverou que os cristãos não praticam o cristianismo como vivido e ensinado por cristo. Foi uma grave porém verdadeira denúncia de um homem pagão, grandemente admirado no mundo. “Admiram a Jesus mas não praticam o cristianismo”! Terrível, sim, terrível denúncia. Outros testemunhos idênticos poderiam ser aqui inseridos. Mas o de Gandhi já nos deixa perplexos; basta.

Na verdade não podemos entender o cristianismo atual. O mundo nunca viu tantos templos cristãos; nunca tantas datas tidas como cristãs, foram comemoradas; nunca tanta literatura cristã fora editada. Até mesmo o vívido “Drama da Paixão” é encenado e filmado. Todavia nunca foi o cristianismo tão desprovido de poder e espiritualidade como no presente tempo.



PODEMOS VIVER HOJE O CRISTIANISMO REAL?



Há plausível diferença entre a religião cristã verdadeira e a religião cristã modernizada. “O apóstolo S. Paulo mostrou que a religião não consiste de ritos e cerimônias, credos e teorias. Paulo ensinou que religião é uma energia prática e salvadora, um princípio inteiramente de Deus, uma experiência pessoal de poder transformador de Deus sobre a alma” (Os atos dos Apostolos, E. G. White, pag. 451). “A religião do evangelho é Cristo na vida; um princípio vivo e ativo. É a graça de Cristo revelada no caráter, demonstrada em boas obras” (Christ Object Lesson, E. G. White, 384). A religião não é meramente uma emoção, um sentimento. É um princípio que está entrelaçado com todos os deveres diários e transações da vida (Testemunhos para a Igreja, E. G. White, Vol. II, pag. 506). A religião não consiste meramente num sistema de doutrinas secas, mas na fé pratica que santifica a vida e corrige a conduta do individuo no circulo da família e na igreja (Testemunhos para a Igreja, E. G. White, Vol. IV, pag. 337).

Se quisermos, poderemos ser verdadeiros cristãos e viver a verdadeira religião prática do Cristo, se tão somente a Ele fizermos uma entrega incondicional de nossa vida para vivermos Sua vida. “Um jovem pintor que estudava sob a direção de um grande mestre, chegou um dia ao “Studio” e pediu o pincel do mestre. Recebendo-o foi muito contente para o seu trabalho. Decorrido algum tempo, voltou declarando que não pintava melhor com ele do que com o seu. Um criado do “Studio” ouvindo a queixa do moço, disse-lhe: Não é do pincel do mestre que o senhor precisa, é do seu talento” (No Cenáculo, 03/11/1950).

Sim, o cristão carece do talento do Mestre, para pintar na sua vida o quadro da verdadeira religião de Cristo. O sacrifício da cruz deve ser reconhecido na sua grandeza por todos quantos esperam ser cristãos resgatados por Cristo para a vida eterna. Devem reconhecer a cruz como um serviço diário imposto a eles em prol de outros. Não é possível conceber um cristão que nada faça para difundir a gloriosa salvação de que ele próprio foi alvo.

Conta-se que, “no fim da Segunda Guerra Mundial, os soldados norte-americanos aquartelados numa aldeia alemã bombardeada, começavam a ajudar os habitantes a remover e a reparar as casas atingidas. A igreja semidestruída era o principal problema. Pouco a pouco foram tapando as fendas das paredes e do teto. E um dia começaram a ajuntar os fragmentos de uma estátua de Cristo que tombara do altar-mor. Quando repuseram a estátua no pedestal, parecia quase nova. Faltavam-lhe, porém, as mãos de mármore, que não foram encontradas. Os soldados escreveram, então, ao pé da imagem do Salvador, esta linha lapidar: ‘Não tenho outras mãos que não as vossas’” (Seleções de Reader’s Digest, agosto 1950, pag. 86).

Sim, as mãos de Cristo, agora, na terra, são as mãos daqueles que reconhecem que Ele os salvou. Eis o verdadeiro cristão: Vive e trabalha para Cristo de Quem deriva o nome. Ele vive de tal modo a demonstrar que valeu a pena o Salvador ter dado Sua vida para remi-lo.

Deste modo temos demonstrado que a religião cristã é uma energia viva propulsora da vida do cristão. Vivamos o são cristianismo e um dia alegrar-nos-emos em sermos recebidos por Cristo em Seu eterno reino de amor. 



A MULHER FUGIU PARA O DESERTO



VERSO 6 – “E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias”.



Ao ver-se vencido mais uma vez por Cristo e compreendendo que a morte do Filho de Deus assegurara a sua futura destruição no tempo que ele bem compreendia, Satanás enfureceu-se sobremaneira e procurou vingar-se na mulher, a igreja, que teve de fugir da vista de seus agentes para um lugar provido por Deus, isto é, para o deserto. durante 1260 dias (proféticos) ou 1260 anos (literais), como temos demonstrado no capítulo onze, Deus a guardou num esconderijo seguro, tal a ira do dragão, para que ela pudesse subsistir. Os versículos treze a dezesseis pormenorizam mais os sucessos de todos estes séculos.



A ORIGEM DO MAL



VERSOS 7-9 – “E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás que engana todo mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.



A INCONTESTÁVEL EVIDÊNCIA DO MAL



A origem do mal é um tema que preocupa milhões. Na verdade a existência do mal não pode ser jamais negada. O mal transborda inteiramente o mundo, manifesta-se em todos os seus setores, assalta os seres humanos e até mesmo os irracionais não perdoa. Qual é a origem do mal?

Há entre os homens algumas hipóteses incorretas sobre a origem do mal. Alguns dizem que os homens criaram o mal. Mas, embora seja certo que eles praticam o mal, é também certo que eles não nasceram maus. Eles aprenderam com alguém a praticar o mal mesmo antes de terem consciência dele. Outros, mais ousados, dizem que foi Deus quem criou o mal.

Certa vez nascera uma menina sem seus dois pés. Ao crescer e ver as outras crianças correrem e brincarem, perguntou à sua mãe. “Mãezinha, onde estão os meus pés?” A mãe, fazendo um esforço tremendo para conter as lagrimas, respondeu: Querida, Deus não te deu pés... (Diário de Notícias, de Porto Alegre, 1 de outubro de 1949). Mas a declaração da mãe foi injusta e contra Deus, como veremos ao tratarmos sobre o verdadeiro autor do mal.

Outros afirmam que todos trazem a sua sina e o seu destino traçado por Deus e até mesmo a hora da morte. A isto perguntamos: Criou Deus homens para serem ladrões, assassinos, guerreiros, orgulhosos, imorais, etc.? Criou Deus seus filhos para sofrerem e depois matá-los sob as rodas de um trem, de um automóvel ou de qualquer outro modo e num dia que determinou para assim dar fim deles? Se Deus tudo isto fizesse e consentisse, Ele nunca seria Deus. Os que O acusam de que Ele quer que tudo isto e aquilo aconteça a Seus filhos e que lhes marcou até o dia da morte, deviam pensar seriamente na responsabilidade que assumem em assim O acusarem. Deus não é o Autor do mal. Ele é o Autor de todo bem. Aquele Deus que deu o Seu próprio Filho para salvar a humanidade de perecer, não pode e não deve ser considerado Autor do mal. No entanto o mal existe e os homens aprenderam a praticá-lo. E com quem o aprenderam?

O caráter do mal prova que ele é instigado. Conta-se que um automóvel, certa vez, andava perfeitamente sem chofer. Porventura andava, em verdade, por ai só? Não, águem guiava os seus movimentos por ondas elétricas, de uma cabine.

Assim é o mal. Ele não é natural do homem. O homem não foi criado com ele e nem para ele. Como no caso do automóvel, citado, ou de qualquer eletrônico que se use controle remoto, há alguém que está atrás da maldade, inspirando-a. Se um homem pode dirigir um automóvel sem tocá-lo com suas mãos, alguém pode dirigi-lo na prática do mal sem lhe por as mãos. Daí o homem executar o mal por alguém inteligente que às ocultas o controla a cometer.



QUEM É RESPONSÁVEL PELA ORIGEM DO MAL?



Antes de tudo notemos o que dissera Jesus aos judeus que queriam matá-Lo: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai: ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (João 8:44). Daí o testemunho indubitável de Cristo de que o diabo inspira os homens a praticarem o mal. Mas, há quem pergunte: Donde veio o diabo? Deixemos que Jesus responda: “E disse-lhes: Eu via Satanás, como um raio cair do céu” (Luc. 10:18). Então, se Satanás caiu do céu, e o testemunho de Cristo não poder ser contraditado, criou Deus a Satanás, porventura? A isto respondemos como já dito, que Deus não é o Autor do mal e muito menos de Satanás.



A ORIGEM DE SATANÁS



Como constatamos pela afirmativa de Jesus, Satanás “caiu do céu”. E S. Paulo diz-nos que ele é um anjo caído (II Cor. 11:14). Ele não foi, entretanto, criado um Satanás. De seu primeiro estado é dito o seguinte: “Tu estiveste nas delicias do paraíso de Deus: O teu vestido estava ornado de toda a casta de pedras preciosas: o sárdio, o topázio e o jaspe, a crisólita, e a cornalina, e o berilo, a safira, e o carbúnculo, e a esmeralda e o ouro, tudo foi empregado em realçar a tua formosura: e os teus instrumentos foram preparados no dia em que foste criado. Tu eras um querubim, que estendia as suas asas, e protegia a arca, e o propiciatório, e Eu te pus sobre o monte santo de Deus, tu andaste no meio de pedras incendidas” (Ezq. 28:13).

Notemos, pois, a honrada posição que Lúcifer (depois Satanás), ocupava no céu: “... Estendia as suas asas, e protegia a arca, e o propiciatório”. Em outras palavras, sua posição era a de guardião da arca da Lei básica do governo universal de Deus. Deus não lhe podia ter conferido posição mais honrada do que esta.

Mas um grande desastre sucedeu um dia com Lúcifer. Diz o profeta: “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti” (Ezq. 28:15). Sua criação foi obra prima de Deus. Um dia, porém, achou-se pecado nele. Era a primeira vez que o pecado se manifestava no universo. Surgiu em Lúcifer pela primeira vez. Ele não se contaminou pelo pecado de alguém; foi nele que se originou o pecado. E como se originou nele o mal, sendo ele perfeito, glorioso e grandemente honrado por Deus com a maior posição celestial? Isto o mesmo profeta nos responde: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor (Ezq. 28:17).  

Sim, Lúcifer olhou para si mesmo, viu-se coberto de gloria e beleza, chamou a atenção para si mesmo e creu que a sua posição era inferior à que ele achava merecer. Achou que Deus fora injusto, em não igualá-lo em posição a Seu Filho, colocando-o no trono junto de Si, e fazendo-o participante de Seu governo universal. Daí, não podendo, por direito, galgar a posição que ambicionava, formulou um plano para exaltar-se a si mesmo.

“Eu subirei ao céu”, dizia Lúcifer no seu “coração”; “acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssímo” (Isa. 14:13-14). Sua revolta começou no seu coração. Seu plano no seu coração foi bem definido: 1- Galgar uma posição mais exaltada; 2- um reino onde ele fosse o soberano do trono; 3- ser igual a Deus. Iniciou então por espalhar o descontentamento entre os anjos inocentes e apresentou-lhes o seu plano dum governo à parte, fazendo-lhes inúmeras promessas se o acompanhassem em derrubar o governo de Deus para estabelecer a chamada “nova ordem” que tinha em vista. E na verdade conseguiu ele seduzir a terça parte dos santos anjos e arrastá-los para a sua órbita.

Deus, porém, fez tudo para salvar Lúcifer e os anjos que o apoiaram, da ruína que se seguiria se persistissem na rebelião. Todavia os rebeldes recusaram todo o conselho para se submeterem ao amoroso amor infinito como até ali o haviam feito. Diante da ousada recusa, determinou Deus que os rebelados fossem expulsos do céu. Foi então que houve batalha no céu: “Miguel e os Seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e os seus anjos”. Miguel, que significa: “Semelhante a Deus”, é Cristo, o que pode ser comprovado por vários textos das Escrituras (Dan. 10:13,21, 12:1, Judas 9). Mas os amotinados não prevaleceram. Foram expulsos do céu e precipitados na terra: E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamado o Diabo e Satanás,... ele foi precipitado na terra e seus anjos foram lançados com ele”.



SATANÁS ENGANA TODO O MUNDO



É ele o autor de toda a perversão que há no mundo. Suas primeiras vítimas foram os nossos primitivos pais no jardim do Éden. Fê-los crer que, obedecendo antes a ele do que a Deus, seriam mais felizes. E o resultado do casal ter dado ouvidos antes às suas insinuações do que a Deus, tem o mundo visto por cerca já de 6000 anos. Ele perverte os corações e transtorna os indivíduos, as sociedades, as corporações, as nações, etc.: joga uns contra os outros, e faz crer que todos têm razão. Mantém a todos empenhados numa terrível batalha sangrenta. Ódio, orgulho, latrocínios, vingança, guerras, crimes, imoralidades, perversidade, desonestidade – é a sua ordem do dia ininterrupta através dos séculos, de milênios. “Todo o mundo”, diz S. João, “está no maligno(I João 5:19). Satanás é o autor de todo o sofrimento e da morte (Heb. 2:14).

Jesus adverte-nos contra os enganos de Satanás: “Acautelai-vos”, diz Ele, “que ninguém vos engane” (Mat. 24:4). E o pior engano é o engano religioso. Deus e Seu Filho tem na terra uma única igreja. Satanás criou centenas de credos com dogmas antievangélicos e pôs neles o nome de Deus e de Cristo, para confundir os homens e evitar que encontrem a verdadeira igreja cristã. Seus mais perigosos agentes são assim descritos: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito pois que os seus ministros se transfigurem em ministros de justiça: ao fim dos quais será conforme as suas obras” (II Cor. 11:13-15).

Ao atormentar Satanás a humanidade com toda a sorte de males, o faz, não porque a odeie, mas porque ela pertence a Deus e a Jesus. Assim, nela, ele vinga-se da derrota que lhe infligiram o Pai e o Filho e também do futuro castigo que seguramente lhe sobrevirá.



POR QUE DEUS NÃO EVITOU QUE LÚCIFER PECASSE?



Eis uma interrogação que preocupa a muitos. Creem que Deus poderia ter evitado o pecado de Lúcifer, e bem assim a propagação do mal. Na verdade Deus tinha poder para fazer isto. Mas, evitar que os Seus cometam o que desejam, é contrário ao Seu caráter como Deus. Ele não pode trazer os Seus filhos em sujeição de modo a controlá-los como simples autômatos. Como Seus filhos poderiam amá-Lo com sinceridade e serem-Lhe se os trouxesse em sujeição?

Para que todos os filhos de Deus pudessem amá-Lo e apreciar Seu amor, deu-lhes Deus capacidade para decidirem seu próprio destino – se querem ou não servi-Lo e amá-Lo. Deus só aceita um culto de amor e não um culto por coação. O perigo jaz em fazerem os Seus filhos mau uso do dom do livre arbítrio com o que os dotara.



POR QUE DEUS NÃO DESTRUIU SATANÁS IMEDIATAMENTE AO PECAR?



Esta é outra interrogação que deixa a muitos em perplexidade. Acham que se Deus assim agisse, teria evitado que os outros anjos pecassem e que o mundo fosse infeliz. Mas Deus não pensa como o homem pensa. Quais seriam as consequências se Deus destruísse Satanás imediatamente no seu pecado? O universo inteiro não teria entendido ainda os planos de Satanás. Se destruído logo, os anjos e o universo desconfiariam de Deus e pensariam que Satanás tinha razão e por isso Deus o destruíra. Deus seria olhado por Seus filhos como um tirano e por eles servido pelo temor.

Assim Deus deixou o caso de Satanás amadurecer. As obras dele deveriam ser manifestas em toda a sua realidade. O universo deveria entender o verdadeiro caráter de sua rebelião. Deus, sendo amor e justiça, assim deveria agir, como o fez. E na verdade o universo já compreendeu tudo. Dissera Jesus uma vez: “E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim” (320-1). Ao morrer Jesus na cruz, todo o universo entendeu perfeitamente o caráter de Satanás e suas obras. Deus esperou mais de 4000 anos até que suas obras amadurecessem. A morte de Jesus revelou Deus como justo e Satanás como assassino. Sua sentença de morte foi lavrada pela morte de Jesus, e o dia virá em que ela será executada.



O ACUSADOR FOI DERRIBADO



VERSOS 10-12 – “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.

E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra de Seu testemunho; e não amaram as suas vida até à morte.

Pelo que alegrai-vos, ó céus, e vós que nele habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta”





Estes versículos cumpriram-se inteiramente na crucificação de Jesus. Ao expiar o Senhor, vitorioso sobre Satanás, este “viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o universo celestial. Revelara-se um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante sua obra seria restrita. Qualquer que fosse a atitude que tomasse, não mais podia esperar os anjos virem das cortes celestiais, nem perante eles acusar os irmãos de Cristo de terem vestes de trevas e contaminação de pecado. Estavam rotos os derradeiros laços de simpatia entre Satanás e o mundo celestial” (O Desejado de Todas as Nações, E. G. White, 567).

“Até à morte de Cristo, Satanás ainda ia às vezes ao céu” (Jó 1:6-7, 2:1-2). Como vimos acima, sua intenção era acusar os filhos de Deus que haviam aceito a salvação em Jesus Cristo. Aos santos anjos, ali no céu, acusou Abraão, Jacó, Jó, Josué, Moisés e o povo de Deus em geral (Jó 1:6-11, 2:1-5, Zac. 3:1-4, Judas 9). A morte de Cristo, porém, fechou para ele o céu e ali não mais pode acusar os filhos de Deus. Foi então derribado segunda vez, como acusador. “Pelo sangue do Cordeiro” vertido na cruz, “e pela palavra do Seu testemunho”, o povo de Deus tem assegurada a vitória contra Satanás.

Ao ser derribado o acusador e não lhe ser mais permitido galgar as cortes celestiais para acusar os servos de Deus, os habitantes do céu regozijaram-se indizivelmente. Não mais veriam o indesejável pisar os átrios sagrados para depor contra aqueles pelos quais o Filho de Deus dera Sua vida na cruz. O inimigo estava definitivamente subjugado. A justiça de Deus no trato com o rebelde tinha sido reconhecida. A salvação estava assegurada ao gênero humano. “E o reino de Deus e o poder do Seu Cristo”, estabelecer-se-iam na terra. Mas, “ai dos que habitam na terra e no mar”. Por que? “Porque o Diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo”. Avaliemos bem a declaração do céu: “Porque o Diabo desceu a vós...” Este “vós” são os habitantes da “terra” e do “mar” de que fala o texto. Sua ira é vibrada contra eles como uma vingança contra o Filho de Deus.

“Terríveis são as cenas que provocam esta exclamação da voz celestial. A ira de Satanás aumenta à medida que o tempo se abrevia, e sua obra de engano e destruição atingirá o auge no tempo de angústia.

A igreja tem há muito tempo, professado considerar o advento do Salvador como a realização de suas esperanças. Assim, o grande enganador fará parecer que Cristo veio. Em varias partes da terra Satanás se manifestará entre os homens como um ser majestoso, com brilho deslumbrante, assemelhando-se à descrição do Filho de Deus dada por S. João no Apocalipse (Apo. 1:13-15) (At. 8:10).  

Mas o povo de Deus não será desencaminhado. Os ensinos deste falso cristo não estão de acordo com as Escrituras. Sua benção é pronunciada sobre os adoradores da besta e de sua imagem, a mesma classe sobre a qual a Bíblia declara que a ira de Deus, será derramada sem mistura (somente justiça sem misericórdia).

E, demais, não será permitido Satanás contrafazer a maneira do advento de Cristo. O Salvador advertiu Seu povo contra o engano neste ponto, e predisse claramente o modo de Sua segunda vinda. ‘Surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos... Portanto se vos disserem: Eis que Ele está no deserto, não saiais; eis que Ele está no interior da casa, não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem’ (Mat. 24:24-27). Não há possibilidade de ser contrafeita esta vinda. Será conhecida universalmente, testemunhada pelo mundo inteiro.

“Apenas os que foram diligentes estudantes das Escrituras e que receberam o amor da verdade, estarão ao abrigo dos poderosos enganos que dominam o mundo. Pelo testemunho da Bíblia, estes surpreenderão o enganador em seu disfarce” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 623-625).





O DRAGÃO VINGA-SE NA MULHER



VERSOS 13-14 “E, quando o dragão viu que fora lançado por terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão. E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpemte”.





ELE PERSEGUIU A MULHER



Desesperado Satanás por não poder vencer a Jesus na terra e também por não mais poder atingir as cortes celestes, procura vingar-se então na igreja. Imediatamente instou terrível perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém, empregando para isto o próprio povo judeu e o famigerado rei Herodes Antipas. As prisões foram abarrotadas de cristãos e se fizeram notar os primeiros mártires da fé. A igreja dispersou-se de Jerusalém e, onde quer que os apóstolos e inúmeros outros crentes anunciavam a Jesus, eram tenazmente perseguidos pelo judaísmo. Por fim os imperadores romanos, alarmados com os progressos do cristianismo, desembainharam a espada, desde Nero a Deocleciano, e fizeram correr rios de sangue em todo o império romano.

Depois de usar Roma pagã contra a igreja, Satanás usou Roma papal. Durante mais de doze séculos a mulher – a igreja – “fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus”. “Foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente”. As “duas asas de grande águia” são evidências de que a igreja fora obrigada a refugiar-se nas grandes alturas ou montanhas da Europa, para sobreviver às perseguições do dragão (Exo. 19:4). Durante “1260 dias” ou anos, os mesmos “um tempo, e tempos, e metade de um tempo” (360 + 360*2 + 360/2), “era” da supremacia papal de 538 a 1798, a verdadeira igreja cristã não era a dominante e perseguidora, mas a refugiada nos Alpes da Suíça e do norte da Itália, ou a igreja do deserto. Os parágrafos seguintes falam bem alto da igreja do deserto perseguida pela sanha da Sé romana.  

“Os valdenses dos Alpes são, provavelmente, cristãos descendentes e representantes da igreja primitiva, preservados nesses vales, das corrupções sucessivamente introduzidas pela igreja de Roma, na religião do evangelho. Não são eles quem se separam do catolicismo, mas o catolicismo é quem se separou deles, mudando a religião primitiva.

“Ali, dentro dos limites da própria Itália, os papas não puderam nunca, exceto durante um intervalo desgraçado, impor sua autoridade. Ali não se dizia nenhuma missa, não se adoravam imagens, nem eram administrados os ritos papais pelos valdenses\. Ali foi onde Enrique Arnaud, o herói dos vales (18 Feb 2011 – Enrique Arnaud, por su parte, fue el pastor que guió a los valdenses en lo espiritual, en lo anímico y en la convicción de reconquistar los valles ...) - http://iglesiareformada-ba.blogspot.com/2011  febrero (1) 17-de-febrero-dia-de-la-emancipacion.valdensa, redimiu seu país da tirania dos jesuítas e de Roma; e ali uma igreja cristã, fundada talvez na época apostólica, sobreviveu às perseguições de mil anos”. “Pouco depois do alvorecer do cristianismo, asseveram eles, seus antepassados abraçaram a fé de São Paulo, e praticaram os simples ritos e costumes descritos por Tertuliano. As escrituras vieram a ser sua única guia; a mesma crença, os mesmos sacramentos que mantêm hoje, os tinham na época de Constantino e Silvestre. (O Sal. 74 foi um dos hinos de batalha dos calvinistas escoceses e dos hugonotes franceses de Cevennes. Os exilados valdenses, depois de sua pavorosa viagem invernal através dos Alpes, cantaram o Sal. 74 quando entraram em Genebra, sua "cidade de refúgio", e as multidões que os receberam cantaram com eles este hino. Em 1689, dirigidos por Enrique Arnaud, 700 desses valdenses regressaram, combatendo, a seu terrunho, ao compasso do canto deste mesmo salmo. http://www.ellenwhitebooks.com/comentario/livros.asp?lista=38&pagina=75, 25/10/2011), à medida que a igreja romana crescia em poder e orgulho, seus antepassados (valdenses) rechassaram suas ascensões e se negaram a submeter-se a sua autoridade; que quando, no século IX, o uso das imagens foi imposto pelos papas supersticiosos, eles pelo menos nunca consentiram em fazer-se idólatras; e nunca adoraram a virgem, nem compareceram a uma missa idólatra. Quando no século IX, Roma asseverou sua supremacia sobre reis e príncipes, os valdenses foram seus mais acérrimos inimigos. Os três vales formaram a escola teológica da Europa. Os missionários valdenses viajavam pela Hungria e Boêmia, França, Inglaterra, até Escócia, e despertavam no povo um sentido da terrível corrupção da igreja. Assinalavam Roma como o Anti-Cristo, o centro de toda abominação. Ensinavam, em lugar das inovações de Roma, a fé pura da época apostólica. Lollard, que levou a reforma a Wicliff, era pregador dos vales; os albigenses de Provença, no século XII, eram fruto das missões valdenses; Alemanha e Boêmia foram reformadas pelos mestres do Piamonte. Hus e Jeronimo fizeram pouco mais que proclamar a fé valdense; e Lutero e Calvino foram tão só a posteridade necessária das igrejas apostólicas dos Alpes”. (El Permanente Don de Profecia, Arturo G. Daniells, 226, 229)

Os valdenses foram os primeiros dentre os povos da Europa a obterem a tradução das Sagradas Escrituras. Centenas de anos antes da Reforma, possuíam a bíblia em manuscrito, na língua materna. Tinham a verdade incontaminada, e isto os tornava objeto especial do ódio e perseguição. Declaravam ser a igreja de Roma, a Babilônia apóstata do Apocalipse, e com perigo de vida erguiam-se para resistir a suas corrupções”. “Durante séculos de trevas e apostasia, houve alguns dentre os valdenses que negaram a supremacia de Roma, rejeitavam o culto às imagens como idolatria e guardavam o verdadeiro sábado. Sob as mais atrozes tempestades da oposição conservaram a fé. Acossados embora pela espada dos saboios e queimados pela fogueira romana, mantiveram-se sem hesitação ao lado da palavra de Deus e de Sua honra.

“Por trás dos elevados baluartes das montanhas – em todos os tempos refúgio dos perseguidos e oprimidos – os valdenses encontraram esconderijo. Ali, conservou-se a luz da verdade a arder por entre as trevas da Idade Média. Ali durante mil anos, testemunhas da verdade mantiveram a antiga fé.

“Agradeciam a Deus por haver-lhes provido refúgio da ira e crueldade dos homens. Regozijam-se diante Dele na liberdade de prestar culto. Muitas vezes, quando perseguidos pelos inimigos, a fortaleza das montanhas se provara ser defesa segura. De muitos rochedos elevados entoavam eles louvores a Deus e os exércitos de Roma não podiam fazer silenciar seus cânticos de ações de graças”. “Satanás incitara sacerdotes e prelados a enterrarem a Palavra da Verdade sob a escória do erro, heresia e superstição; mas de modo maravilhosíssimo foi ela conservada incontaminada através de todos os séculos de trevas” pelos valdenses (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 65-69).

Os missionários valdenses percorriam longas distâncias e inúmeras nações levando a preciosa verdade sob o disfarce de mercadores ambulantes. “Em todo o tempo seu coração se levantava a Deus rogando sabedoria a fim de apresentar um tesouro mais precioso do que o ouro ou jóias. Levavam secretamente consigo exemplares das Escrituras Sagradas, no todo ou em parte; quando quer que se apresentasse oportunidade, chamavam a atenção dos fregueses para os manuscritos. Muitas vezes assim se despertava o interesse de ler a Palavra de Deus, e alguma porção era de bom grado deixada com os que a desejavam receber. A obra destes missionários começava nas planícies e ao pé de suas próprias montanhas, mas se estendia muito além destes limites. Descalços e com vestes singelas e poeirentas da jornada, como eram as de seu Mestre, passavam por grandes cidades e penetravam em longínquas terras. Por toda a parte espalhavam a preciosa verdade. Surgiam igrejas em seu caminho e o sangue dos mártires testemunhava da verdade. O dia de Deus revelará rica messe de almas enceleiradas pelos labores destes homens fiéis. Velada e silenciosa, a Palavra de Deus rompia caminho através da cristandade e tinha alegre acolhida nos lares e corações” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 71).





O DRAGÃO LANÇOU UM RIO ATRÁS DA MULHER



VERSO 15 – “E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar”.





A serpente, conforme o versículo nove, é o mesmo Satanás. Águas nas profecias, como já temos apreciado, representam “povos, e multidões, e nações, e línguas” (Apc. 17:15). Durante o período da supremacia papal já aludido, este poder procurou afogar a igreja do deserto com cruzadas sanguinárias compostas de reis e exércitos fanáticos, guiados por monges e prelados sedentos de sangue inocente.

Milhões sucumbiram sob a espada dos carrascos destas diabólicas cruzadas. “Reiteradas vezes foram devastadas as suas férteis terras, destruídas as habitações e capelas, de maneira que onde houvera campos florescentes e lares de um povo simples e laborioso, restava apenas um deserto. Assim como o animal de rapina se torna mais feroz provando o sangue, a ira dos sectários do papa acendia-se com maior intensidade com o sofrimento de suas vítimas. Muitas destas testemunhas da fé foram perseguidas através das montanhas e caçadas nos vales em que se achavam escondidas, encerradas por enormes florestas e píncaros rochosos.

“As mais horríveis tragédias foram encenadas. Sacerdotes e papas corruptos e blasfemos estavam a fazer a obra que Satanás lhes designava. A misericórdia não encontrava guarida em sua natureza. O mesmo espírito que crucificou Cristo e matou os apóstolos, o mesmo que impulsionou o sanguinário Nero contra os fiéis de seu tempo, estava em operação a fim de exterminar da terra os que eram amados de Deus.

“As perseguições desencadeadas durante muitos séculos sobre este povo temente a Deus, foram por eles suportadas com uma paciência e constância que honravam seu Redentor. Apesar das cruzadas contra eles e da desumana carnificina a que foram sujeitos, continuavam a mandar seus missionários a espalhar a preciosa verdade. Eram perseguidos até à morte; contudo, seu sangue regava a semente lançada, e esta não deixou de produzir fruto. Assim os valdenses testemunharam de Deus, séculos antes do nascimento de Lutero. Dispersos em muitos países, plantaram a semente da Reforma que se iniciou no tempo de Wicliff, cresceu larga e profundamente nos dias de Lutero, e deve ser levada avante até ao final do tempo por aqueles que também estão dispostos a sofrer todas as coisas pela “Palavra de Deus, e pelo Testemunho de Jesus Cristo”(O Conflito dos Séculos, E. G. White, 76, 77).

“Não obstante, ficava uma mancha sobre o formoso nome da aparentemente unida cristandade. Dentro dos limites da Itália mesma existia um povo para o qual a missa era todavia uma idolatria vã, a presença real uma fábula papal; um povo que havia resistido com vigor a toda inovação, e cujos simples ritos e antiga fé eram mais antigos que o papado mesmo. Não sabemos que ímpetos de perseguição podem ter sido lançados contra os vales valdenses em épocas anteriores; parece haverem se familiarizado logo com as crueldades de Roma; porém no século XV os papas e os inquisidores volveram seus malignos olhos para os simples piemonteses, e se prepararam para exterminar pelo fogo e a espada a igreja alpina.

“Então começou uma guerra de quatro séculos, a mais notável dos anais da Europa... Durante quatro séculos realizou-se uma cruzada quase incessante contra os vales isolados. Com freqüência, as legiões papais, conduzidas pelos inquisidores, arrasavam o amável panorama de Lucerna, e obrigavam os habitantes das aldeias em chamas a ocultar-se nas covas das montanhas, nas ervas silvestres das rochas, no inverno. Com freqüência os duques de Sabóia mandavam exércitos bem treinados de infantaria espanhola para destruir o último vestígio de civilização cristã em São Martim ou Perúgia. Mais de uma vez, os melhores soldados e generais de Mezarino e Luiz XIV perseguiram aos valdenses em seus retiros, mais rústicos, mataram-nos nas suas covas, fizeram-nos morrer de fome nas regiões glaciais, e desolaram os vales de São João até as ladeiras de Guinevert.



“No ano de 1689 um escritor declarou: "Os Valdenses são, de fato, descendentes daqueles que fugiram da Itália depois que São Paulo pregou o Evangelho entre eles. Eles abandonaram a seus pais e foram morar nas montanhas, onde, daquela época até hoje, têm pregado o Evangelho de pai para filho na mesma pureza e simplicidade como foi pregado por São Paulo".

“O nome "Valdense", com que foram alcunhados por outros, vem de PEDRO VALDO (? -1217), de Lião, na França, um ensinador eminente entre eles no século 12.

“Porém, a paz no vale dos Valdenses foi interrompida em 1380 pelo Papa Clemente VII. Este enviou um monge inquisidor para tratar com os "hereges". Nos treze anos seguintes mais de 230 pessoas morreram queimadas vivas. De 1400 em diante a perseguição aumentou, obrigando muitos a fugir para as montanhas onde morreram de frio e fome, especialmente mulheres e crianças. ESTA PERSEGUIÇÃO ESTENDEU-SE POR MAIS DE CEM ANOS”. (A Igreja Peregrina – III, J. C. J. - Vigiai e orai, Nº 78, Set/Out 1996), 30/11/2011.

“Assim como os albigenses os valdenses foram tenazmente perseguidos pela Igreja Católica. A Inquisição matou, queimou, afogou, esfolou, torturou e fez muito mais para destruir os valdenses. Só para o estudante ter uma idéia, o Papa João XXII (1316-1334), tendo um rendimento farto e regular dos impostos criados por ele mesmo, gastava 63% do tesouro papal para financiar a guerra contra os anabatistas e os muçulmanos. (O Papado na Idade Média, pg 140 e 143). O papado obrigou o povo a pagar impostos com o intuito de financiar guerras visando o extermínio dos anabatistas. Em todos os países era passada a chamada "rota romana" com os “ad doc” - que significa "a isto" - pressionando e atormentando o povo a pagar o tributo para o papa.

“No final do século XV os valdenses ainda estavam de pé. Suas forças estavam nos vales dos Alpes. Tinham uma escola prática em Milão e de ramificações em zonas distantes como a Calária e a Apúlia. Possuidores de um noviciado e de seminários independentes, os valdenses punham em campo uma grande quantidade de missionários itinerantes, os quais conheciam de cor longas passagens dos evangelhos e das epístolas”. http://clubevaldenses.vilabol.uol.com.br/valdenses.htm, 30/10/2011

“Entretanto, esse povo irreduzível seguiu negando-se a renunciar a sua fé. Seguiu rechassando a idolatria da missa, seguiu burlando do Anti-Cristo de Roma. Na hora de sua angústia mais profunda, os veneráveis barbos reuniam em redor de si suas congregações famintas em alguma cova ou pequeno vale dos Alpes, administravam-lhes seus ritos apostólicos, e lhes pregavam de novo o sermão da montanha. Os salmos de Davi, cantados nas queixosas melodias dos valdenses, repercutiam por cima das cenas de rapina e matança dos vales desolados; a igreja apostólica sobrevivia indestrutível, como coroa de algum dos Alpes que se elevavam até ao céu” (El Permanente Don de Profecia, Arturo G. Daniells, 231, 232). Sobre estas cruéis perseguições de Roma veja-se o capítulo 6 versículo 8.





A TERRA AJUDOU A MULHER



VERSO 16 – “E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara de sua boca”.





Antes do século XVI, homens possuídos do Espírito de Deus ergueram corajosamente a voz contra os grosseiros erros do fanatismo de Roma e da pretensão do papado em equiparar-se a Deus. Um destes invulneráveis baluartes foi João Wycliff, que começou sua obra em 1360 na Inglaterra. “Wycliff destaca-se dentre todos os homens da cristandade, com característicos inconfundíveis. Aparece repentinamente em uma idade sombria, e sobressai diante dela com uma luz que não recebe emprestada das escolas, nem dos doutores da igreja, senão da Bíblia. Veio pregando um plano de re-instituição e reforma tão abarcante a que nenhum reformador tem podido acrescentar um só princípio essencial. Por estes sólidos motivos tem direito a ser considerado como o pai da Reforma. Com sua aparição terminou a noite da cristandade, e amanheceu o dia que desde então tem continuado brilhando sempre mais (El Permanente Don de Profecia, Arturo G. Daniells, 238).  

Wycliff deu a Bíblia ao povo inglês na língua vulgar e escreveu e publicou muitos folhetos contra os abusos dos frades e as pretensões de Roma. Não temeu os trovões da ira romana; antes prosseguiu com destemor na obra que Deus lhe confiara, fazendo resplandecer nas espessas trevas a gloriosa tocha do evangelho de Cristo, colocando assim os fundamentos da Reforma que viria dois séculos depois dele.

Um século antes de Lutero levantou-se João Hus, na Boêmia, erguendo a sua voz num clamor contra os erros espalhados pela igreja dominante, que o levou ao poste do suplício para ser queimado. Não tardou muito que outra fogueira se acendesse, em Constança, alias para abafar a voz de Jerônimo que com veemência denunciara as especulações errôneas do clero. E numerosos foram os portadores de luz que sucumbiram ao denunciarem as superstições de Roma antes do século XVII. Mesmo dentro da igreja reinante havia muitos que suspiravam por suas corrupções da sã doutrina e apegavam-se unicamente à verdade esperando uma reforma.



A TERRA AJUDOU A MULHER



Vimos que o rio de que fala a profecia era simbólico das cruzadas papais contra a “igreja do deserto”, refugiada nos Montes Alpinos. Algo notável deveria ocorrer para refrear e anular as perseguições contra os valdenses das montanhas. A terra, no sentido da profecia, representava o mundo, a humanidade. Assim, um acontecimento na terra ajudaria a igreja. E que acontecimento tomou lugar naqueles dias de perseguição, que veio ajudar a igreja perseguida? A resposta incontestável é: A REFORMA DO SÉCULO XVI (Mateus 24:22). Sim, a Reforma que desde Wycliff manifestava seus clarões instala-se definitivamente. Memorável fora o dia em que Lutero ouvira, ao subir de joelhos a chamada escada de Pilatos, em Roma, aquela voz como de trovão, bradando-lhe do fundo do coração: “Mas o justo viverá da fé”. “Aquelas palavras, que já por duas vezes o tinham abalado, como a voz de anjo de Deus, retiniam incessantemente e com força no seu interior. Parou, espavorido, sobre os degraus onde arrastava o seu corpo; horrorizou-se de si mesmo; ficou envergonhado de ver até que ponto a superstição o tinha aviltado. Fugiu para longe do lugar de sua loucura. Estas poderosas palavras tinham alguma coisa de misterioso na vida de Lutero. Foram palavras criadoras para o reformador e para a Reforma; foi por elas que Deus disse então: “Haja luz: e houve luz” (História da Reforma, D’Aubigné, Vol I, 224).  

Mas, o dia 31 de outubro de 1517, quando Lutero, ao meio dia, afixou as 95 teses na porta da capela que o eleitor mandara construir em Wittemberg, foi o dia do levante real contra os abusos duma igreja que já enchiam os séculos. E foram os abusos das tresloucadas indulgências, conduzidas por Tetzel, que decidiram Lutero a começar o ataque sem mais delongas. A salvação pela fé, e não pelas obras mortas como ensinava a igreja, foi o fundamento da Reforma colocada por Lutero.

Todo o clero voltou-se contra Lutero e o queriam reduzir a cinzas. Leão X, o papa então no trono de Roma, intimou-o a comparecer ante sua presença. Mas ele lá não compareceu. Citado para comparecer em Augusburgo, diante do legado papal, confundiu este incrédulo que ainda zombou da verdade de Deus. Em 1519, em Leipsig, desbaratou as querelas do Dr. Eck, com as quais este não pode desfazer a sua argumentação que se fundava nas Escrituras Sagradas. Em 1521, na dieta de Worms, onde o próprio imperador Carlos V (foi Rei de Espanha (Carlos I) e Imperador do Sacro Império Romano (Carlos V)) confessou – "o monge fala com um coração intrépido e uma inabalável coragem" – foram mais uma vez desmascarados os erros da igreja, e Lutero, longe de se retratar como fora instado a fazer, permaneceu mais firme do que nunca no pedestal da verdade onde Deus o colocara.

Saindo Lutero vitorioso de Worsm, foi raptado e conduzido ao isolado castelo de Wartburgo, por amigos seus. Ali esteve algum tempo, não ocioso mas inundando a Alemanha de folhetos cheios de verdades bíblicas. Foi ali em Wartburgo que ele traduziu a Bíblia e a deu a seu povo na língua materna. A Reforma estava lançada firmemente. Os imediatos colaboradores de Lutero, principalmente Melankton, o ajudavam grandemente na propagação da verdadeira luz e na repreensão dos pecados de Roma e da época.

Mas Lutero não foi o único agora a ser despertado por Deus para a grande tarefa. Na Suiça Zwingle, sem ter qualquer comunicação com Lutero, iniciou ali a Reforma anunciada nas profecias de Daniel e Apocalipse. Dissera Zwingle: “Comecei a pregar o evangelho no ano da graça, 1516, isto é, num tempo em que o nome de Lutero jamais tinha até então sido pronunciado em nossos países. Não foi de Lutero que aprendi a doutrina de Cristo, foi da palavra de Deus. Se Lutero prega a Cristo, faz o mesmo que eu faço; eis tudo(História da Reforma, D’Aubigné, Vol II, 338).  

A terra, verdadeiramente, ajudou a mulher. Na Alemanha, na França, na Inglaterra, na Suiça, nos Países Baixos e na Escandinávia, ESTAVAM OS SOBERANOS AGORA ENVOLVIDOS NA REFORMA, sem mais tempo e interesse para dirigir cruzadas ou enviar cruzados contra a “igreja do deserto”. E os valdenses foram aliviados. A Reforma amenizou os seus sofrimentos e em seus vales não se viam mais os perseguidores; o rio foi tragado; Roma estava então muito atarefada em reprimir inutilmente a Reforma Luterana que crescia e fortalecia-se mais e mais ganhando soberanos e príncipes para a sua causa. Lutero deu o alarma até à morte, conjuntamente com seus colaboradores, e outros prosseguiram com a obra. (.....)





A IGREJA CRISTÃ DO SÉCULO XX



VERSO 17 – “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e tem o testemunho de Jesus Cristo”.



E O DRAGÃO IROU-SE CONTRA A MULHER



Com o versículo quatorze chegamos ao ano de 1798, até onde o dragão, por meio do papado, “perseguiu a igreja do deserto”, tendo vindo a Reforma amenizar os sofrimentos da igreja. O versículo dezessete, porém, leva-nos ao fim, ao fim da história da igreja de Cristo e bem assim ao fim da história do mundo, aliás, para além de 1798.

E o dragão está novamente irado contra a igreja de Cristo, que é considerada um “resto”, evidencia esta de que a ira do dragão predita no texto seria manifesta no fim da história secular e que neste fim a igreja não seria uma grande corporação, mas um resto, isto é, seria constituída de poucos membros em relação ao numero de adeptos de igrejas cristãs.

Ao tratarmos da profecia do capítulo dez, constatamos ali a anunciação de um grande movimento religioso no “fim do tempo” iniciado em 1798 com a queda do papado, movimento este que atingiu o ano de 1844. Nesta data, como pudemos apreciar, a pura pregação apostólica devia ser restaurada em sua perfeição e grandeza, sendo para isto imprescindível que surgisse um povo especial para restaurá-la. Certificamo-nos de que, em 1844, surgiu uma única igreja, aceitando toda a Bíblia, ensinando-a e adorando no santuário celestial, que é o único centro de adoração da igreja de Cristo na era cristã, conforme as profecias de Daniel e do Apocalipse, como uma continuação da “Igreja do deserto”, que mantinha os princípios apostólicos, tanto na crença como na pregação. É, pois, contra esta igreja, que Satanás logo demonstrará sua terrível ira. 



A CAUSA DA IRA DO DRAGÃO CONTRA A IGREJA



Não pode haver nenhuma dúvida quanto a ira do dragão contra a igreja verdadeira de nossa geração. “(...)” (Testemunhos para a Igreja, E. G. White, Vol V, 472).

Isto revela-nos que Deus está guiando um povo sobre a grande plataforma da fé – os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus Cristo. Por conseguinte não é difícil encontrarmos esta igreja, que iniciou sua nova fase em cumprimento de profecias indiscutíveis.





OS MANDAMENTOS DE DEUS



Os mandamentos de Deus referidos são os contidos na lei do Decálogo, a lei conhecida dos dez mandamentos. Esta lei é a carta magna do governo universal de Deus. Seus preceitos expressam o caráter de Deus, Seu legislador. Deus deseja que Seus filhos, através da obediência sincera de Sua lei, desenvolvam o Seu próprio caráter de Pai de amor e justiça. E foi o Senhor Deus mesmo Quem escrevera em tábuas de pedra, com Seu próprio punho, esta grande lei para Seus filhos. E a razão por que Deus escrever Sua lei , jaz no fato de ela ser uma parte da revelação demasiado sagrada e importante para ser escrita pela mão do homem. Aquilo que é a expressão de Seu caráter só Ele mesmo poderia escrever. Nisto jaz a importância da lei de Deus.

Deus tem leis físicas e sábias para regular todas as Suas variadas obras em todo o Seu universo, nos três reinos da natureza – mineral, vegetal e animal. Mas, parta regular as relações morais e espirituais do homem para com Deus e do homem para com seus semelhantes, tem Ele a lei do Decálogo, os dez mandamentos. Os quatro primeiros preceitos põem o homem em harmonia com Deus e os seis últimos com o seu semelhante (Mat. 22:35-39). 

Só Deus, que conhece a natureza e a necessidade do homem, pode dar-lhe leis perfeitas que regulem sua vida, trazendo-lhe paz e bem estar completos. E isto Ele fez por Sua divina Lei. Esta é uma lei para todas as raças e culturas humanas. A urgente necessidade do mundo hoje é um retorno à Lei de Deus, os dez mandamentos. E a igreja desta profecia foi por Deus, apontada para restaurar na terra a observância do Decálogo como única salvaguarda da paz e felicidade mundiais. E haverá pronta obediência à Lei de Deus, quando o coração estiver cheio de amor para com Ele. Vejam-se os capítulos onze versículo dezenove (11:19) e quatorze versículo doze (14:12).



O TESTEMUNHO DE JESUS CRISTO



No capítulo dezenove versículo dez (19:10), se nos diz que o Testemunho de  Jesus é o Espírito de Profecia, que por sua vez é o Dom de Profecia. Em outras palavras, as três designações são uma e a mesma coisa: A manifestação de Jesus à Sua igreja através dum agente humano, da mesma igreja, que lhe fala inspirado pelo Espírito de Cristo, o Espírito Santo. Convém ao leitor ler no capítulo dezenove, versículo dez (19:10) tudo quanto sobre este assunto é ali explanado. Devemos ter tanto prazer no Testemunho de Jesus Cristo, manifesto por intermédio de um mensageiro Seu especial, hoje, como tiveram os fiéis servos de Deus no passado quando Ele lhes era claramente manifesto. Ricas bênçãos serão o resultado de prezar, acatar e observar o Testemunho de Jesus (Sal. 119:2, 14, 22, 24, 31, 36, 46, 59, 79, 88, 99, 111, 119, 125, 129, 138, 144, 146, 152, 157, 167, 168 e II Timóteo 1:8).  

A revelação é denominada de - Testemunho de Jesus – porque os profetas proferiram-na inspirados pelo Espírito de Jesus, o Espírito Santo: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo (II Ped. 1:21).  

De acordo com a profecia e o exposto aqui, a verdadeira igreja de Jesus nesta atual geração, já citada, tem o “Testemunho de Jesus”. Um profeta, pelo menos, deve ter-lhe falado e orientado em nome de Jesus. A igreja, que não tem o “Testemunho de Jesus”, embora se chame cristã, não é Sua igreja na terra.



OS MANDAMENTOS DE DEUS E O TESTEMUNHO DE JESUS CRISTO



São estes os dois característicos da igreja cristã de nosso século. Ela guarda e ensina a Lei dos Dez Mandamentos e é orientada na divina palavra por um profeta especial de Deus. A Lei de Deus e o Testemunho de Jesus não podem divorciar-se. A igreja que tem um deve ter o outro – um só não poderá possuir. Notemos estas expressões escriturísticas:

“Liga o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”. “A lei e o testemunho, se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva” (Isa. 8:16-20). Sobre este último texto reza uma outra versão: “A lei e o testemunho, se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não tem iluminação”. (Deut. 6:17, Nee. 9:34, Sal. 25:10, 132:12, Jer. 44:23, Mat. 5:17, Apo. 12:11).

É impossível uma igreja que rejeita a lei de Deus ou parte dela, que é o mesmo que rejeitá-la toda, ter o “Testemunho de Jesus”. Quando na antiguidade Israel afastava-se da Lei de Deus, o Testemunho de Jesus ou o Dom de Profecia cessava. Deus não lhe despertava profetas. Há neste sentido textos muito claros e falam bem alto de que a violação da Lei de Deus evita a comunicação com Deus através do Testemunho de Jesus – o Dom de Profecia (I Sam. 3:1, Lam. 2:9, Ez. 7:26, 20:1-3, 12, 13, 8-21). O último texto indicado enfatiza que a profanação do Sábado do sétimo dia, como dia santificado de Deus, afasta o Dom de Profecia e impede a comunicação com Deus. Porém, nestes últimos dias, no tempo exato, quando a Lei de Deus e o evangelho do Senhor Jesus, segundo as profecias, deviam ser restaurados, surgiu a igreja da profecia, cumprindo inalteravelmente este propósito de Deus. Era pois natural, que, o Testemunho de Jesus – o Dom de Profecia – depois de ter cessado com a apostasia da igreja cristã, após a morte dos apóstolos, fosse também restaurado. Na ilha de Patmos foi mostrada por antecipação a S. João, toda a história da igreja cristã, como a temos neste capítulo doze. Viu ele as suas tribulações e sua vitória final. Viu ele a restauração da Lei de Deus incluso o Sábado com ela, e o Testemunho de Jesus, nos derradeiros dias, na Sua igreja – a mesma mulher simbólica do primeiro versículo deste capítulo.







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