sábado, 7 de abril de 2012

Cap. 15 - O Término da Divina Graça

CAPÍTULO XV

O TÉRMINO DA DIVINA GRAÇA

INTRODUÇÃO


Este capítulo encerra dois grandes fatos estreitamente ligados ao plano da salvação de Deus. O primeiro é uma introdução às sete pragas vindouras da ira de Deus, que assinalam o fim da graça divina. O segundo é uma grandiosa visão dos salvos vitoriosos, vistos num vitorioso lugar denominado de “mar de vidro”.
Embora tão pequenino seja este capítulo, adverte-nos solenemente quanto ao não distante derramamento dos juízos de Deus, para cujo tempo devemos nos precaver, com a devida urgência. Do outro lado, anima-nos com a maravilhosa esperança da vitória triunfal em Cristo, sobre os Seus e nossos perseguidores e opositores.


OS SETE MENSAGEIROS DA IRA

VERSO 1 – “Vi ainda um outro sinal grande e maravilhoso no céu: sete anjos com sete pragas, as últimas, pois com estas o furor de Deus estará consumado”.

A cena que se descortina neste versículo, é uma das mais majestosas das visões do Apocalipse. As palavras do profeta bem evidenciam a emoção que dele tomou posse ao declarar ter visto no céu “outro sinal grande e maravilhoso”. Um novo grupo de sete anjos surge ante seus olhos videntes. O primeiro grupo, o das sete trombetas, representa os vitoriosos guerreiros de Deus contra Seus inimigos desde Roma até ao fim. O segundo grupo, que é o que agora apreciamos, representa os mensageiros da ira de Deus sobre Seus inimigos vencidos.


“AS SETE ÚLTIMAS PRAGAS”


ÚLTIMAS PRAGAS - Esta expressão torna claro que já outras pragas foram no passado derramadas na terra. Evidentemente o antigo Egito recebeu o impacto direto de dez juízos especiais de Deus – dez tremendas pragas. De modo assombroso relata-nos o livro do Êxodo o décuplo cataclismo sobre os obstinados egípcios, especialmente Faraó e seus grandes. (Ex. 8:2-12:30)

PORQUE NELAS É CONSUMADA A IRA DE DEUS – Consumar implica em terminar. Isto faz-nos crer que os juízos de Deus já desde de algum tempo estão caindo na terra, vindo depois as sete pragas para completar a ira de Deus sobre um mundo endoidecido e perverso. Todas as calamidades geológicas, climatológicas e outras de caráter moral e físico por culpa do próprio homem, são agentes de Deus para açoitar o impenitente, desejando acordá-lo do letárgico sono de sua perversão dos mais altos valores morais e de ingratidão para com o céu. “As sete últimas pragas” são a coroa dos juízos de Deus sobre um mundo que não desejou corresponder aos reclamos amoráveis do celeste e bondoso Pai, portanto juízos justos.

A consumação da ira de Deus nas sete pragas não é uma revelação de ódio de Deus pelos impenitentes pecadores, mas sim a inolvidável manifestação da justiça de Deus sobre os desprezadores do imenso sacrifício de Jesus Cristo na cruz, para remi-los salvando-os para um reino de paz e amor.


“O CÂNTICO TRIUNFAL DOS REMIDOS”


 VERSOS 2-4 – “Vi também como que um mar de vidro misturado com fogo, e os que venceram a Besta, a sua imagem e o número do seu nome: estavam de pé sobre o mar de vidro, e seguravam as cítaras de Deus, cantando o cântico de Moisés, o servo de Deus, e o cântico do Cordeiro: “Grandes e maravilhosas são as tuas obras, ó Senhor Deus, todo-poderoso; teus caminhos são justos e verdadeiros, ó Rei das nações.
Quem não temeria, ó Senhor, e não glorificaria o teu nome? Sim! Só tu és santo! Todas as nações virão prostrar-se diante de ti, pois tuas justas decisões se tornaram manifestas”.


O MAR DE VIDRO


O versículo seis do capítulo quatro (Apoc. 4:6) diz que o mar de vidro está diante do trono de Deus e que é semelhante ao cristal. Ainda nos diz que  continha uma mistura de fogo ou que refletia a gloria emanante do trono de Deus. Isto dá-nos uma idéia da maravilha deste lugar diante do trono de Deus. Realmente não há pena humana capaz de descrever o lugar em linguagem da terra e ainda com as poucas informações da revelação. João mesmo também não achou palavras precisas para descrevê-lo em sua grandiosa maravilha. Só ali estando poder-se-á ter uma visão exata do que seja um mar de cristal misturado com fogo, criado por Deus e refletindo Sua glória.



NO MAR DE VIDRO OS VITORIOSOS DA BESTA E SUA IMAGEM


Já descrito no capitulo treze, a Besta, sua imagem, seu sinal e o número de seu nome. Estarão sobre o mar de cristal, aqueles que sairão vitoriosos no conflito com estes poderes, quando o sinal da Besta for imposto sob as mais graves ameaças e a Imagem da Besta for uma realidade (Apc. 13:14-16). Comparando as primeiras partes dos capítulos sete e quatorze, concluímos que os que estarão no mar de vidro serão os 144.000; pois na verdade eles serão os santos que enfrentarão a ira da Besta e de sua Imagem, por recusarem o sinal da Besta e preferirem o selo do Deus vivo.



O CÂNTICO DE MOISÉS


O cântico de Moisés tem a sua razão de ser. Foi cantado pelas hostes de Israel, junto do Mar Vermelho, depois da grande vitória que obtiveram sobre Faraó e seu exército (Ex.15). Apenas Jeová lhes trouxe livramento, e para Ele volveram os corações com gratidão e fé. Sua emoção encontrou expressão em cânticos de louvor. O Espírito de Deus repousou sobre Moisés, e ele dirigiu o povo em uma antífona triunfante de ações de graça, a primeira e uma das mais sublimes que pelo homem são conhecidas. Este cântico e o grande livramento que ele comemora, produziram uma impressão que nunca se dissiparia da memória do povo hebreu. De século em século era repercutido pelos profetas e cantores de Israel, testificando que Jeová é a força e livramento daqueles que nEle confiam. Aquele cântico não pertence ao povo judeu unicamente; ele aponta a vitória final do Israel de Deus (Gal. 3:29).



O CÂNTICO DO CORDEIRO


Este glorioso cântico da graça e redenção é descrito na própria profecia. As obras da criação são postas em evidencia primária no glorioso cântico, o que testifica que os que o cantarão terão sido fiéis observadores do sábado do sétimo dia, por onde Deus é reconhecido como Criador de todas as coisas do Seu infinito universo (Rom.1:19-20). Numa reivindicação solene e jubilosa dos cantores deste cântico, serão os caminhos de Deus declarados “justos e verdadeiros”, pelo que expressarão com isto, ter valido a pena peregrinarem na terra pelos santos caminhos, pois lhes valerá o prêmio da eterna salvação de Deus.

O sublime cântico finda com tributo de honra e exaltação ao Senhor digno de ser temido e magnificado por Suas obras, por Sua justiça e por Sua santidade, diante de Quem todas as nações dos salvos se prostrarão pelos séculos infindos da gloriosa eternidade.

Verdadeiramente, “há um dia bem próximo a surgir sobre nós quando os mistérios de Deus serão visíveis, e todos os Seus caminhos vindicados; quando a justiça, a misericórdia e o amor serão os atributos de Seu trono. Quando a luta terrestre estiver terminada, e todos os santos remidos no lar, nosso primeiro tema será o Cântico de Moisés, o servo de Deus. O segundo tema será o Cântico do Cordeiro, o cântico da graça e redenção. Este hino será mais retumbante, mais elevado e em acordes mais sublimes, a ecoar nas cortes celestiais. Assim o cântico da providencia de Deus é cantado ligando as diversas dispensações; porque tudo é agora visto sem qualquer véu entre o legal, o profético e o evangelho. A história da igreja redimida se une neste cântico de Moisés e do Cordeiro. É um novo cântico, pois jamais foi cantado no céu” (Testimonies to Ministers, E. G. White, 433).


AS TAÇAS DA IRA ENTREGUES AOS SETE ANJOS


VERSOS 5-7 – “Depois disto, vi abrir-se o Templo da Tenda do Testemunho que está no Céu, e dele saíram os sete Anjos com as sete pragas.
Estavam vestidos de linho puro, resplandecente, e cingidos à altura do peito com cintos de ouro.
Um dos quatro Seres vivos entregou aos sete Anjos sete taças de ouro, cheias do furor do Deus que vive pelos séculos dos séculos”.


O templo celeste, abre-se agora não para dar a entender que uma nova mensagem apelativa ou de graça seria proclamada na terra, mas para dar saída aos sete mensageiros angélicos da destruição. Estes anjos haviam ido ao templo do Todo-poderoso para receber as salvas da Sua ira e derramarem-nas sobre as cabeças daqueles que menosprezaram o derradeiro convite da misericórdia dum Deus amoroso e longânime.

Vestidos com vestes emblemáticas da pureza e da fé estão preparados para cumprirem a terrível missão a eles confiada. Estes santos, que tantas vezes procuraram imperceptivelmente auxiliar os mortais na aquisição da gratuita salvação de Deus, são agora novamente enviados a eles, não mais para renovarem os apelos do Céu, mas para sobre eles arrojarem aquilo que seus  próprios atos voluntariamente derramaram. De um dos quatro seres vivos, recebem em taças de fino ouro, cheias do “furor de Deus que vive para todo o sempre”, sem a mínima mescla de misericórdia de que era acompanhada em outros tempos. O impenitente pecador terá que sorver até a última gota o furor de Deus, sem a suave esperança de clemência. Mas isto é o quinhão que ele mesmo escolheu. Ele receberá não o que Deus para ele escolheu, porque isto decididamente rejeitou, em desafio ao amante Pai celeste.


O TERMO DA DIVINA GRAÇA


VERSO 8 – “O templo se encheu de fumaça por causa da glória de Deus e do Seu poder, de modo que ninguém podia entrar no templo, até que estivessem consumadas as sete pragas dos sete Anjos”.


O FECHAMENTO DA PORTA DA GRAÇA


Antes do derramamento das sete taças da ira de Deus, a misericordiosa porta da divina graça, apontada ao pecador por seis milênios, se fechará para não mais se abrir. O fato de ninguém mais poder entrar no templo durante o lançamento das sete pragas, é indicativo de que não haverá mediação em prol do pecador durante o período em que elas serão lançadas na terra; o templo encher-se-á, não mais com o fumo do incenso meritório, do incensário do divino Intercessor - Jesus, mas da “fumaça da gloria de Deus e do Seu poder”, numa indicação de que o Todo-poderoso se satisfez com a obra levada a cabo no templo em favor do contrito pecador, por Seu Filho amado.

Multidões, infelizmente, ficarão do lado de fora como ficaram no tempo de Noé ao vir o dilúvio. A porta da arca salvadora, figura da porta da graça divina fechou-se, sem que as massas percebessem que haviam lavrado o próprio destino. (Gen.7:16)


O QUE É A GRAÇA ?  COMO TOMAR POSSE DELA ?


Estas perguntas surgem como encerramento deste capítulo, em virtude de que não poucas pessoas desconhecem o que seja a graça, embora creiam que serão salvos por ela. Com freqüência e para esquivarem-se a certas responsabilidades impostas pela vida cristã, asseveram que estão agora na dispensação da graça, como se não houvesse graça nos tempos do Velho Testamento, quando tais responsabilidades eram exigidas como indispensáveis. Se na verdade não houvesse graça antes da morte sacrifical de Jesus Cristo, na cruz, os que viveram antes desse acontecimento, não poderiam ser salvos, pois todos pecaram e o salário do pecado é a morte. Que somos salvos pela graça não há dúvida; e, que a graça não nos escusa de todas as responsabilidades da vida cristã, também não há dúvida. (Atos 15:11, Tito 3:4-8)

Mas, afinal, o que é a graça? Muitos dos que dizem ser salvos pela graça, não sabem explicá-la. São Paulo define-nos a graça de modo maravilhoso dizendo: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. (Tito 2:11) Entendemos então, que a graça de Deus é o grande plano divino centralizado em Cristo, para salvação de todo pecador perdido, mediante Seu sacrifício de morte em lugar do pecador, livrando-o da morte eterna, a segunda morte (Hebreus 2:9). E esta graça, este grandioso plano da infinita misericórdia é, em outras palavras, o evangelho de Cristo como contido nas Sagradas Escrituras. (Atos 20:24-32) Assim, graça e evangelho são sinônimos da redenção que há em Cristo Jesus.

Sabendo já o que é a graça, como podemos apoderar-nos dela? Responde-nos São Paulo, dizendo: “Pelo qual (por Cristo) também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” (Rom.5:1-2) E depois de nos apoderarmos da graça pela fé, somos justificados por ela dos nossos pecados: “...pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rom.3:23 e 24).

Mas, quem poderá, em verdade, ser justificado pela graça através de Cristo? Aqui está a resposta do apóstolo: “Mas os que praticam a lei hão de ser justificados(Rom.2:13).

Ora, uma vez que é indispensável a fé para nos apossarmos da graça e da observância da lei de Deus para sermos justificados, concluímos que a fé e a lei estão unidas na salvação pela graça, ou que é indispensável harmonizarmos a fé com a lei e esta com aquela, para, somente assim, nos assenhorearmos da graça e da justificação. Aí somos salvos pela graça através da fé que aceita e observa a lei de Deus: “Porque pela graça sois salvos por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus, não de nossas obras, pois seria nossa gloria, porém somos feitura Dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. (Ef.2:8-10) Anulamos pois a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes consolidamos a lei. (Rom.3:31) Resumindo este parágrafo, podemos assentar que a pessoa que possui uma fé que a harmonize com a lei de Deus, estará capacitada para tomar posse da graça, ser por ela justificada e afinal salvar-se por ela para a vida eterna.

O pecador é perdoado dos seus pecados e justificado pela graça de Deus, não para continuar a violar a lei, mas para daí em diante viver em harmonia com ela. Diz ainda S. Paulo: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum.” (Rom. 6:14-15) Aqui temos que os que estão debaixo da graça divina não pecam contra a lei de Deus, mas vivem em harmonia com a divina lei por estarem debaixo da graça de Deus.

O apóstolo Paulo apela que todos cheguemos “com confiança ao trono da graça” (Heb.4:16). Compreendemos pois, que a existência de um trono da graça implica na existência de um reino da graça, e, a existência de um reino implica na existência de uma lei base da sua justiça para os justificados súditos do mesmo reino,  que nele, embora sua condição indigna de transgressores, vivem, perdoados pelo Rei – Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim os que querem se eximir da lei de Deus no reino de Sua graça, não sabem realmente o que fazem. Em verdade estão fora do reino da graça. (Mat. 5:17-18 / Apoc.21:5-6 / Rom.16:25-27/ Mat. 7:21).


Texto Extraido do livro "A VERDADE SOBRE AS PROFECIAS DO APOCALIPSE" - A. S. Mello

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