sexta-feira, 13 de abril de 2012

Cap. 11 - A Vitória da Bíblia Sobre o Ateísmo

CAPITULO XI



A VITÓRIA DA BIBLIA SÔBRE O ATEÍSMO



INTRODUÇÃO



Em primeiro lugar apresenta-nos este capítulo um panorama do santuário de Deus e seus adoradores. Em seguida trata das perseguições contra a igreja de cristo pelo papado, na Idade Média, e da humilhação das Escrituras Sagradas por este poder no mesmo período. A revolução francesa vem a seguir com seus tremendos horrores e sua decidida ação ateísta contra o santo livro de Deus, que por fim triunfa sobre seus inimigos.

A sétima trombeta, com seus acontecimentos que porão fim ao império da maldade na terra, é a visão por excelência deste capítulo. Todavia deparamos ainda a ira das nações modernas a despeito do anseio pela paz; o tempo do juízo e do merecido galardão aos santos; e o tempo da destruição dos que destroem a terra. Por fim descreve o profeta sua visão da “arca do concerto” de Deus, contendo o original da lei do Decálogo, vista no templo de Deus, cuja violação pelo mundo é apresentada como causa de sua próxima destruição.

 

A MEDIÇÃO DO TEMPLO DE DEUS



VERSOS 1-2 – “Deram-me depois um caniço, semelhante a uma vara, e chegou o anjo, e disse: Levanta-te e mede o Templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram. E deixa o átrio que está fora do templo, e não o meças; pois ele foi entregue às nações que pisarão a Cidade santa por quarenta e dois meses”.



“LEVANTA-TE”



No versículo onze do capitulo precedente é apresentado o novo movimento mundial que deveria surgir com elementos dentre os que foram decepcionados naquele ano de 1844. E então, no versículo primeiro do undécimo capitulo que agora apreciamos, se nos diz que o povo, que constituiria o referido e novo movimento mundial, inteirar-se-ia da questão do santuário e dele fariam o centro de sua adoração. 

O povo anunciado no versículo onze do capitulo dez surgiu no devido tempo, aliás, em 1844. E, examinando a história das religiões, vê-se que este povo ou movimento, iniciou sua marcha profética exata e imediatamente depois da inesperada decepção e naquele mesmo ano de 1844. No capitulo quatorze encontramos provas ainda mais evidente sobre o surgimento deste povo no tempo prefixado pela profecia e sobre a gloriosa mensagem de esperança que proclama ao mundo. Eis, pois, a igreja de cristo, que, como reza o versículo primeiro, recebera a ordem profética de levantar-se nesta ultima geração da historia do mundo para restaurar o puro evangelho apostólico que gira em torno do ritual do santuário celestial.



“MEDE O TEMPLO DE DEUS”



Uma cana ou uma vara medidora simbólica é entregue ao profeta para medir o templo de Deus. João, o amado, que nos seus dias terrenos anunciara a pura verdade do “evangelho do reino” em conexão com o santuário, era legitimo representante da igreja de cristo desta geração, referida acima, que surgiria para restaurar a mesma verdade cristalina de que fora ele portador ao mundo da parte do seu Mestre. Portanto, a este povo, é entregue aquela vara métrica para medir o santuário e seu inteiro ritual. Mas, o que significa medir o santuário? O que simboliza a vara para medi-lo? Medir o santuário significa entendê-lo inteiramente. Aqueles que foram decepcionados em 1844, não o entenderam daí a amarga decepção que tiveram de sofrer. Mas o povo que os seguiria, dentre eles mesmos, entendê-lo-ia tendo, é bem de ver, de medi-lo antes. E como pode esta igreja medir ou entender o santuário e seu serviço vê-lo-emos a seguir.       



A VARA MEDIDORA DO SANTUARIO CELESTIAL



Esta vara medidora é o santuário terrestre de Israel. Ao ser ordenado Moises, por Deus, a construí-lo entre seu povo, como centro de adoração, foi-lhe dado como modelo o próprio santuário celeste que contemplara, em visão, no Monte Sinai, depois do Êxodo do Egito. Foi precisamente para Seu povo entender o santuário celestial que Deus lhe deu o santuário terrestre. Tudo quanto o Velho e o Novo Testamentos dizem do santuário de Israel, constitui a vara de medir o santuário celestial. No livro aos Hebreus, São Paulo explana magnificamente o santuário celestial, usando, como vara medidora, nada mais que o santuário da terra.  

Não queremos fazer aqui uma nova explanação do santuário terrestre ou de Israel para que possamos entender o celestial. Os versículos oito a dez do capitulo anterior já nos dão esta explanação pormenorizada. 

Foi pela consideração e estudo do santuário da terra que, depois da decepção de 1844, aqueles que iriam constituir o povo de Deus destes últimos dias entenderam toda a questão do santuário celestial prefigurado no terrestre. E ficaram maravilhados com a notável descoberta.



“E O ALTAR”



No santuário celestial não há mais que um altar, que é o altar do incenso. Este altar, como já considerado no capitulo oitavo, está no lugar santo do santuário de Deus. Nele queimou Jesus incenso até 1844, pois no lugar santo desempenhara suas funções sacerdotais até esta data, passando daí em diante a oficiar no lugar santíssimo onde não há nenhum altar. À igreja da profecia, que surgiu em 1844, é ordenado medir também o altar do incenso, o que equivale a dizer que esse altar, que está no lugar santo, continuaria em função de 1844 até ao fim da intercessão de Jesus no lugar santíssimo, sem o que não haveria valor algum para a igreja em medi-lo. E, para medi-lo exatamente, só poderá ser feito mediante o do santuário de Israel que é sua figura.

Ora, no dia da expiação ou purificação do santuário israelita, o sumo sacerdote obedecia à seguinte determinação do ritual concernente ao incenso: “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do senhor, e tomará dois punhados de incenso aromático, moído, e os levará para detrás do véu” (Lev. 16:12). Note-se que as brasas que o sumo sacerdote punha no incensário eram “do altar, de diante do Senhor”, que é o altar do “incenso continuo” (Exo. 30:6-8). Pois em tal dia o incenso só podia ser queimado no incensário com brasas do altar do incenso (Apoc. 8:5). E isto infere que no dia da expiação era queimado incenso neste altar, uma vez que nele havia brasas.  

Nesse dia especial, o sumo sacerdote, enchendo o seu incensário com brasas do altar do incenso, punha sobre elas o incenso aromático e, com o incenso transformando-se em nuvem, emblema dos méritos de cristo, entrava ele no lugar santíssimo para purificar o santuário com o sangue do sacrifício.

E é importante o fato de que o povo, nesse dia, orava em torno do santuário, enquanto o sumo sacerdote estava procedendo a expiação “perante o Senhor” no lugar santíssimo, indo as suas orações diretamente ao altar do incenso, o altar das orações (Apoc. 8:3-4), que na expiação estava ligado ao incensário que o sumo sacerdote tinha em sua mão, no lugar santíssimo, sem o que as orações daquele dia nenhum valor teriam.  

O mesmo que se dava no santuário terrestre, devia dar-se no celestial. Cristo, ao deixar o lugar santo e passar para o lugar santíssimo, em 1844, levou o incensário cheio das brasas do altar do incenso, único altar ali. Foi este o verdadeiro acontecimento de 1844, que não entenderam Guilherme Miller e os seus colaboradores. 

Cristo aparecera (veio), não à terra, como esperavam, mas, conforme fora prefigurado tipicamente, ao lugar santíssimo do templo de Deus no céu. É Ele, representado pelo profeta Daniel, como estando a vir, nesse tempo ,ao Ancião de dias: ‘Eu estava olhando nas milhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do homem; e dirigiu-Se’ – não à terra, mas – ‘ao Ancião de dias, e O fizeram chegar até Ele’ (Dan. 7:13). Esta vinda é também predita pelo profeta Malaquias: ‘De repente vira ao Seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo do concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz o Senhor dos exércitos (Mal. 3:1). A vinda do Senhor ao Seu templo foi súbita, inesperada, para Seu povo. Não O buscaram ali. Esperavam que viesse à terra, ‘como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho” (II Tess. 1:8, O Conflito dos Séculos, E. G. White, 424).

Os crentes que em 1844 estavam preparados e firmes na mensagem e que estudaram a questão da purificação do santuário e compreenderam-na, constituiram o novo movimento mundial mais pormenorizadamente descrito nas profecias do capítulo quatorze.  

O povo de Deus neste grande dia da expiação ou purificação do santuário, que se iniciou em 1844, deve orar e orar muito. Pois há incenso no altar para receber suas orações e incenso no incensário para intercessão por eles. Suas orações vão ao altar que se acha ligado ao incensário que está nas mãos de Cristo, o Intercessor. E quão sublime é entendermos que nossas orações, ao chegarem ao altar, ligam-se imediatamente com o incensário Intercessor.



“E OS QUE NELE ADORAM”



A ordenança do anjo inclui também medir os que adoram no templo de Deus. Esta ordem não é mais nem menos do que medir o caráter moral e espiritual dos seus adoradores pelas leis moral e cerimonial do templo celestial. Medi-los também pela luz do castiçal que ali há, para ver se andam na luz e são uma luz; medi-los pela mesa dos pães, para certificar se alimentam-se do verdadeiro pão da vida; medi-los pelo altar do incenso, para avaliar a vida de oração deles aqui na terra; medi-los pela arca do concerto, para ver se vivem na terra segundo a lei moral. Medi-los, sim, pelo santuário, para constatar se no mundo vivem em plena concordância teórica e pratica com aquele sublime templo. Medi-los, sobretudo, pelo caráter do seu intercessor, ao qual suplicam perdão e forças.



“E DEIXA O ÁTRIO QUE ESTÁ FORA DO TEMPLO”



No Santuário da terra em Israel, figura do verdadeiro, havia um átrio que o circundava fechado por uma cerca de cortinas de linho, no qual eram imolados e queimados no altar os animais de acordo com o ritual. O santuário celestial, onde Jesus é o único Sumo sacerdote Mediador, também tem o seu átrio, que deve ser como no da terra, o lugar onde o Cordeiro de Deus foi imolado como oferta pelo pecado do povo de Deus. E bem sabemos que Jesus, foi imolado nesta terra, que é o átrio do santuário celestial, como mais evidentemente comprova a última parte do versículo dois. Este átrio não devia ser medido, pois nada há na terra que deva harmonizar-se com a vida do cristão; ele (cristão) somente deve estar em harmonia com o templo e seu ritual, jamais, porém, com o mundo corrompido e mau.

O átrio “foi dado às nações”, o que mais uma vez confirma tratar-se da terra. Neste átrio do templo as nações pisariam a “cidade santa” por 42 meses. A “cidade santa” aqui referida só pode ser a igreja de cristo; pois não se conhece na terra uma “cidade santa” LITERAL. E é notável a inferência de que a Igreja de Cristo está no átrio do templo celestial. No santuário terrestre, apenas os sacerdotes oficiantes tinham acesso ao átrio, sendo os únicos ministros da palavra. Porém, na Igreja de Cristo, todos estão no átrio do templo por que todos têm uma missão sacerdotal a desempenhar no mundo (1º Pedro 2:9). No templo, entretanto, só o “Sumo sacerdote da nossa confissão” tem direito de entrar. Mas quão gloriosa é realmente a referência de que a Igreja do Senhor Jesus está no átrio do santo templo! Quão perto dele está ela! Simbolicamente, está em lugar sagrado!     

Mas as nações iriam pisar “a cidade santa” (igreja de Deus) no átrio do templo (mundo), o que implica em tremenda e ousada responsabilidade por parte delas. Pisar a Igreja de Cristo nas dependências do Seu santo templo significa exporem-se a consequências gravíssimas. E na verdade as nações fizeram isto mesmo, expressando falta de senso em relação ao sagrado e desrespeito a Cristo, o Senhor da Igreja.

Durante 42 meses a Igreja estaria sob o tacão das nações. Sobre estes 42 meses veja-se o capitulo treze versículo cinco. 42 meses a trinta dias cada mês são 1260 dias. E estes 1260 dias, segundo o modo de as Sagradas Escrituras contarem o tempo profético, um dia equivalente há um ano, são 1260 anos. Nisto podemos ver que as nações europeias, no período de 1260 anos, coagidas pelo papado, pisariam a Igreja de Cristo no próprio átrio do santuário, onde o Senhor oficia como seu Sumo sacerdote. E foi sob a coação dos senhores da tiara que as nações pisaram cruelmente a Igreja do Senhor Jesus, como prova evidentemente a própria historia (Cap. 13 verso 3 - A FERIDA MORTAL CONFIRMADA).
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AS DUAS TESTEMUNHAS



VERSO 3 – “E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco”.  



Pelo teor da profecia estas duas testemunhas de Deus não podem ser pessoas nem instituições. Durante 1260 dias proféticos ou anos literais, como vimos, as duas testemunhas teriam o poder de Deus para profetizar, o que já nos revela serem dois profetas, como mesmo testifica o versículo dez. Também não podem referir-se a profetas reais. Pois nenhum homem viveu 1260 anos. As vestes de saco durante 1260 anos, indicam a humilhação a que foram submetidas naquele grande período  de supremacia temporal do papado, acertadamente chamado Idade Escura (Capítulo 13). E por que fora ele chamado Idade Escura? Ora, onde há escuridão, há, sem duvidas, ausência de luz. Não havia falta, é bem de ver, da luz natural resultante do sol ou de algum combustível. Havia falta, sim, duma outra luz que, faltando ou sendo removida, chegam as trevas, também não naturais, com seu cortejo de consequências desastrosas. 

Naqueles dias escuros da Idade Média, conta-nos a história, foram sem limites as pretensões do papado. Foi o papismo que escureceu aqueles séculos medievais com suas pretensões temporais e espirituais. Em outros termos, este poder, com suas pretensões despóticas, relegou a luz do evangelho de Deus, trazendo trevas espirituais espessas sobre o mundo e a cristandade, aceitas do paganismo de que é sucessor. Agora compreendemos que as duas testemunhas que no período papal foram humilhadas por este poder, eram o Velho e o Novo Testamentos. As escrituras sagradas foram proibidas pelos papas aos leigos e, os poucos exemplares existentes aqui e ali, eram compostos numa língua, o latim, que para aquela diversidade de povos com múltiplos idiomas, que constituíram a Europa, era uma língua morta. Na verdade as duas testemunhas, Velho e Novo Testamentos, aliás a Bíblia Sagrada, foram humilhadas no referido período escuro do papado, e por este mesmo poder.

Notemos o que diz o historiador Eugênio Lawrence concernente a esta obra papal: “começou então uma notável contenda entre a Igreja romana e a Bíblia, entre os impressores e os papas. Durante muitos séculos as Escrituras haviam estado ocultas num idioma morto, ocultas do olho público pelos anátemas dos sacerdotes, e em forma manuscrita tão custosa que só era acessível aos opulentos. Uma bíblia custava tanto como um grande domínio de terras, e com grandes dificuldades podiam as maiores universidades e os mosteiros mais ricos comprar um só exemplar. Sua linguagem e suas doutrinas haviam sido olvidadas desde fazia muito tempo pelo povo, e em seu lugar se havia alimentado o intelecto da Idade Media com extravagantes lendas e visões fradelescas, com fantasias de sacerdotes ociosos, e fábulas de pessoas inescrupulosas. Os prodígios realizados por uma imagem favorita, as virtudes das relíquias, os sonhos de um impúdico eclesiástico ou de um monge fanático, haviam suplantado os modestos ensinos de Pedro e a narrativa de Lucas. Os homens viam diante de si tão só a imponente estrutura da Igreja de Roma, que asseverava ter a supremacia sobre as consciências e a razão, perdoar pecados, determinar doutrinas, e que desde muito havia deixado de lembrar que havia um Redentor, uma Bíblia, e até um Deus. A isso seguiu um ateísmo prático. Com frequência o papa era cético, exceto quanto a seu próprio direito de governar” (Historical Stadies, Eugenio Lawrence, 250-251, citado em El Don Permanente de Profecia, 247-248).      

“Em 3 de novembro de 1911, o seminário “ The Truth’ que se adita em Jerusalém, publicou o teor de um documento existente na Biblioteca Nacional de Paris, contendo conselhos que os cardeais entregaram ao Papa Julio III, em 1051. Transcrevemos o conteúdo deste documento.

“’De todos os conselhos que podemos dar a Vossa Santidade, retivemos, por último, o mais necessário.

“Precisamos estar bem alerta e agir na questão em apreciação com todos os recursos de nosso poder, por se tratar do seguinte:

“A leitura do Evangelho deve ser consentida o mais restritamente possível, principalmente nas línguas modernas e nos países sujeitos à vossa jurisdição. O texto limitado que é lido ordinariamente na missa deveria bastar e a ninguém deve ser permitido  ler mais. Enquanto o povo se contentar com essa limitação, florescerão os vossos interesses, mas logo que o povo queira saber mais, começarão os vossos interesses a sofrer marcha decadente.     

“Este é o livro que mais do que qualquer outro tem provocado rebelião contra nós, pelo que estamos quase perdidos, porque, em verdade, se alguém examinar assiduamente a Bíblia e a confrontar com o que sucede nas vossas Igrejas, forçosamente achará a contradição e vera que os vossos ensinamentos se desviam multiplamente... e se o povo compreender isso, certo é que continuamente nos desafiará até que fique tudo desvendado e então seremos objeto de vasto ódio e escárnio mundial. Por isso é preciso que a Bíblia seja subtraída à vista do povo, porém, com muita precaução, para não dar lugar ao alvoroço’’’ (Arquivo da Ass. Diplomados pelo Colégio Adventista, nº 51, 1939).  

  

DUAS OLIVEIRAS E DOIS CASTIÇAIS



VERSO 4 – “Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus de toda terra”.



Das duas testemunhas é dito aqui serem duas oliveiras e dois castiçais. Compreendemos que a oliveira é uma árvore produtora de azeite, enquanto o castiçal é um objeto portador de luz. Uma visão do profeta Zacarias, concernente às duas oliveiras e aos dois castiçais, diz o seguinte: “Falei mais, e disse-lhe: que são as duas oliveiras à direita do castiçal e à sua esquerda? E, falando-lhe outra vez, disse: que são aqueles dois raminhos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de ouro, e que vertem de si azeite dourado? E ele me respondeu, dizendo: não sabes o que é isto? E eu disse, não, Senhor meu. Então ele disse: Estes são os dois ungidos que estão diante do Senhor de toda a terra” (Zac. 4:11-14).

Analisando conjuntamente os textos do Apocalipse e Zacarias, ressaltam verdadeiras maravilhas referentes ao Velho a ao Novo Testamentos. Ambos vertem azeite, que é emblema do Espírito Santo e Seu poder deles emanantes; e também vertem ouro que é simbólico da fé advinda da aceitação da verdade da divina graça redentora que emana de suas páginas; e são, ainda, na figura de dois castiçais, dois portadores de luz, da mais gloriosa luz, da luz do evangelho de Cristo (Sal. 119:105). As duas testemunhas ou os dois Testamentos, “são os dois ungidos”, diz o profeta, ou sejam as duas inspirações do Espírito Santo (vertem de si azeite dourado) – o Velho e o Novo Testamentos – através dos profetas que falaram sob seu controle.

Estas duas gloriosas testemunhas de Deus, de seu filho, e de seu Espírito, que foram humilhadas vilmente pela apostasia papal, “estão diante do senhor da terra” diz tanto S. João como Zacarias. Com isto vemos que Deus tem os originas do Velho e do Novo Testamentos diante de Si, no Seu templo santo, dando-nos disto certeza a visão de Zacarias do lugar santo do santuário celestial, onde viu ele o castiçal de ouro de sete lâmpadas e também as duas oliveiras, uma a direita e outra a esquerda dele.



O TREMENDO PODER DAS DUAS TESTEMUNHAS



VERSO 5 – “E se alguém lhe quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca, e devorará os seus inimigos; sim, se alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim seja morto”.



Estas palavras evidenciam o poder das duas testemunhas, Velho e Novo Testamentos. Seus adversários expõem-se à verdadeira destruição ao humilhá-las, tratá-las mal e perverte-las. Aquele poder que os vituperou e os violentou nos séculos medievais e ainda o faz hoje, está com sua sentença lavrada pelas próprias duas testemunhas, que é fogo, fogo devorador. (Nos dias do profeta Elias um incidente houve que bem ilustra o poder de fogo das duas testemunhas ou os dois Testamentos que são a própria palavra de Deus (II Reis 1:9-15). Na boca de Elias, o profeta, a palavra de Deus, a mesma das duas testemunhas, tornou-se um fogo para vindicar a Sua honra. Ao profeta Jeremias dissera o Todo-poderoso: “Eis que converterei as minhas palavras na tua boca em fogo, e a este povo em lenha, e eles serão consumidos” (Jer. 5:14). Ao mesmo profeta dissera o Senhor Deus: “Não é a minha palavra como um fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a penha” (Jer. 23:29).

Assim é o poder das duas testemunhas. Todos os seus inimigos e todos os que lhe fizeram mal causando-lhes dano e pervertendo seus ensinos, serão consumidos com fogo que sairá de suas bocas. Morte a seus adversários é a sentença inexorável.

                 

O TREMENDO PODER DAS DUAS TESTEMUNHAS



VERSO 6 – “Estes tem poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua profecia; e tem poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, tantas vezes quantas quiserem”.



O poder das duas testemunhas não tem limite. Nesse versículo vemos o seu “poder para fechar o céu para que não chova”. Nos dias de Elias e por intermédio deste profeta foi isso confirmado de modo assombroso. Dissera o profeta ao apostata rei Acabe: “Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra” (I Reis 17:1). E deveras “três anos e seis meses, não choveu sobre a terra” (Tiago 5:17-18). As calamidades resultantes desta terrível estiagem não podem ser descritas  em palavras humanas (I Reis 18:1-46, 19:1-21). A palavra de Elias era a palavra de Deus que é a mesma das duas testemunhas (I Tess.2:13). E podemos afirma, pelos incidentes descritos nos textos sagrados, que opor-se às duas testemunhas de Deus é um verdadeiro suicídio. 

O poder das testemunhas ou dos dois profetas manifesta-se igualmente em converter as águas em sangue e ferir a terra com toda a sorte de pragas. No passado o Nilo, no Egito, pela palavra de Deus na boca de Moisés, que é a mesma das duas testemunhas do Apocalipse, foi convertido em sangue, e também mais nove calamidades sobrevieram ao Egito; e, no futuro, a mesma palavra revelada a S. João, converterá as águas também em sangue e ferirá a terra com  pragas as mais severas. Assim vemos que blasfemar, ofender, perseguir ou corromper as duas testemunhas, significa expor-se a perigo fatal ou perecer seguramente.  

                      

FRANÇA ATENTA CONTRA AS SAGRADAS ESCRITURAS



VERSO 7 – “E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará”.



Depois do papado humilhar, audazmente, por 1260 anos as duas testemunhas ou seja a Bíblia, um outro poder surge para fazer-lhe guerra: “A besta que sobe do abismo”, diz a revelação. Uma besta é um reino, uma nação ou um poder (Dan. 7:17). Subir “do abismo” indica evidentemente ter surgido do caos, do anarquismo, da confusão política.  

Qual foi o poder anárquico que surgiu em torno do fim dos 1260 anos de suzerania papal, findos em 1798, e que guerrearia as “duas testemunhas” ou as Sagradas Escrituras? Qualquer pessoa que conheça a historia final dos 1260 anos, sabe que o novo poder que se levantou pelos fins deste período, foi a França revolucionaria. Esta potência, portanto, indicada na profecia, faria guerra aos dois profetas ou duas testemunhas, isto é, rejeitaria com violência as Escrituras Sagradas. E esta profecia teve perfeito cumprimento no período revolucionário Francês, em que todo culto cristão foi banido por certo tempo da França e a Bíblia foi rejeitada e ultrajada por esta nação, decididamente.

“Os adversários da Convenção vestiram um burro, carregaram-no com um lote de símbolos do cristianismo, depois conduziram-no em procissão para regozijo dos escarnecedores, com um Antigo e um Novo Testamento atado à cauda, o qual reduziram a cinzas no meio dos gritos e das aclamações blasfematórias da multidão em delírio” http://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_690905_Festa_da_razao.htm.

“Outro escritor disse: ‘No dia 10 de novembro de 1793, um jumento vestido com hábito sacerdotal, conduzido por dois exaltados republicanos, (em Lyon) levando vasos sagrados com que davam a beber a este animal; e quando foram chegados a um edifício público, Bíblias, livros de devoção, etc...... foram postos em pilha formando um montão enorme ao qual foi lançado fogo no meio da gritaria duma grande multidão dizendo: ‘Vivam os republicanos exaltados’... Em qualquer parte onde uma Bíblia era encontrada, podemos dizer que era condenada á morte...”                                                                 http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_lionesa_contra_a_Conven%C3%A7%C3%A3o 


A CIDADE ONDE A FRANÇA MATOU AS DUAS TESTEMUNHAS



VERSO 8 – “Os seus cadáveres jazerão nas ruas da grande cidade, a qual espiritualmente  se chama Sodoma e Egito, onde também o seu senhor foi crucificado” (Tradução Brasileira).   



A “GRANDE CIDADE QUE ESPIRITUALMENTE SE CHAMA SODOMA E EGITO”



As duas testemunhas foram mortas pela frança revolucionária “nas ruas da  grande cidade”. Quanio à “grande cidade” não há dúvida alguma de que a referência aluda a Paris. Outras evidências comprobatórias de que se trata, realmente, da cidade de Paris, são ainda inseridas na profecia. Paris é apresentada “espiritualmente” nesta profecia como “Sodoma e Egito”. Portanto, o povo de Paris devia apresentar, pelo menos ao tempo da revolução francesa, os característicos dos habitantes de Sodoma e do  Egito.  

“A grande cidade em cujas ruas as testemunhas foram mortas, e onde seus corpos mortos jazeram, é “espiritualmente” o Egito. De todas as nações apresentadas na historia bíblica, o Egito, de maneira mais ousada, negou a existência do Deus vivo e resistiu aos Seus preceitos. Nem um monarca já se aventurou a rebelião mais aberta e arrogante contra a autoridade do Céu do que o fez o rei do Egito. Quando em nome do Senhor, a mensagem lhe fora levada por Moises, Faraó, orgulhosamente, respondeu: ”Quem é o Senhor cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tão pouco deixarei ir Israel (Exo. 5:2). Isto é ateísmo; e a nação representada pelo Egito daria expressão a uma negação idêntica às exigências do Deus vivo, e manifestaria idêntico espírito de incredulidade e desafio. 

A grande cidade é também comparada ‘espiritualmente’ com Sodoma. A corrupção de Sodoma na violação da lei de Deus manifestou-se especialmente na licenciosidade. e este pecado também deveria ser característico preeminente da nação que cumpriria as especificações deste texto” (Conflito dos Séculos, E. G. White, 269).   

Perguntamos agora: manifestou a frança revolucionaria principalmente Paris, Os característicos de Sodoma e do Egito? Ouve licenciosidade, crime, rejeição do culto divino e exaltação do ateísmo? A voz da historia confirma plenamente e de maneira assombrosa a existência de todos estes característicos vis de Sodoma e do Egito, em toda França, principalmente, em Paris, nos dias da revolução, mormente no período do terror. 

A França, “durante o período revolucionário mostrou um estado de rebaixamento moral e corrupção semelhante ao que trouxera destruição às cidades da planície. E o historiador apresenta juntamente o ateísmo e a licenciosidade da França, conforme os dá a profecia: “ligada intimamente a estas leis que afetam a religião, estava a que reduzia a união pelo casamento – o mais sagrado ajuste que seres humanos podem formar, cuja indissolubilidade contribuí da maneira mais eficaz para a consolidação da sociedade – à condição de mero contrato civil de caráter transitório, em que quaisquer duas pessoas poderiam empenhar-se e que, à vontade, poderiam desfazer...Se os demônios se houvessem disposto a trabalhar para descobrir o modo mais eficaz de destruir o que quer que seja venerável, belo ou perdurável, na vida domestica , e de obter ao mesmo tempo certeza de que o mal era seu objetivo criar se perpetuaria de uma geração a outra, não poderiam ter inventado plano mais eficiente do que a degradação do casamento... Sofia Arnoult, atriz famosa pelos ditos espirituosos que proferia, descreveu o casamento republicano como sendo ‘o sacramento do adultério’’’ (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 270).

Quão fielmente estas palavras aplicadas a Sodoma e ao Egito se cumpriram na França, especialmente na capital, o centro de toda a devassidão nos dias da revolução.

                        

“ONDE O SEU SENHOR TAMBÉM FOI CRUCIFICADO”



Como é possível que Jesus fosse crucificado em Paris? Literalmente sabemos que isto não aconteceu. Mas, quando os seguidores de Cristo são vituperados, maltratados e mortos, Ele toma isto tudo como sendo feito a Ele mesmo. Jesus mesmo dissera: Em verdade vos digo que,quando fizestes a um destes meus pequeninos irmãos,a mim o fizestes(Mat. 25:40). Para a França crucificar a Jesus em Paris, devia fazer isto na pessoa de Seus seguidores. E em realidade muitos cristãos fora trucidados em Paris, na celebre noite de São Bartolomeu, a 24 de Agosto de 1572. Terrível fora o massacre.

Porém notemos como mais foi Jesus crucificado em Paris: “o mesmo espírito sobrenatural que instigou o massacre de S. Bartolomeu, dirigiu também as cenas da revolução. Foi declarado ser Jesus Cristo um impostor e o grito de mofa dos incrédulos franceses era: ‘Esmagai o miserável! ’querendo dizer Cristo. Blasfêmia que desafiava o Céu e abominável impiedade iam de mãos dadas, e os mais vis dentre os homens, os mais execráveis monstros de crueldade e vício, eram elevados aos mais altos postos. Em tudo isto, prestava-se suprema homenagem a satanás, enquanto Cristo, em Seus característicos de verdade, pureza e amor abnegado, era crucificado” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 273).

E não somente em Paris foi Jesus crucificado, senão também em toda França; porém, os decretos de matanças contra os Seus seguidores e os vilipendiosos anátemas contar Ele manifestos, sempre procederam de Paris, onde eram promulgados. Assim foi Jesus crucificado na “grande cidade” da licenciosidade e do ateísmo nos tempos modernos.



INTERVENÇÃO NA ATITUDE FRANCESA



VERSO - 9 - “ E homens de vários povos, e tribos, e línguas, e nações verão seus corpos mortos por três dias e meio, e não permitirão que os seus corpos mortos sejam postos  em sepulcro”.



A linguagem deste versículo denota que destacados cristão de varias nações acompanhavam atentos a atitude de França em matar as duas testemunhas ou os dois profetas – o Velho e o Novo Testamentos. Não compartilharam dos ímpios sentimentos dos revolucionários franceses na guerra ateísta contra a Bíblia. Ao contrario, protegeram suas nações do contagio da pestilenta atitude daqueles ateus sem escrúpulo e irreverentes. Não permitiram que as duas testemunhas fossem sepultadas, embora estivessem mortas três e meio dias proféticos ou anos literais. Fizeram, como veremos adiante, um gigantesco esforço para exaltação ao máximo possível da Bíblia, tanto na França como em todas as noções do globo.



UMA DIABÓLICA ALEGRIA



VERSO 10 - “E os que habitam na terra se regozijarão sobre eles, e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros; porquanto estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra”. 



Temos aqui a alegria dos que odiavam “a Bíblia” - as duas testemunhas, que os atormentara pela reprovação de seus maus atos. Mas a liberdade que julgaram ter auferido em matar os dois profetas de Deus, trouxe-lhes um caudal de toda obra perversa pela França em fora. Nunca um povo ou uma nação sofrera consequências tão funestas pelo repudio das Escrituras Sagradas. Sob o manto duma alegria diabólica sobre o assassínio das duas testemunhas, jazia uma avalanche de degradação e um dilúvio de sangue que afogou a nação inteira. Todavia a perversa alegria duma aparente vitoria sobre os dois profetas atormentadores, ia ser breve.



A RESSUREIÇAO DOS DOIS PROFETAS



VERSO 11 – “E depois daqueles três dias e meio o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os que os viram”.



Os dois profetas – Velho e Novo Testamentos – ou seja a Bíblia, foram mortos na França, no período mais agudo da revolução. Durante três dias e meio (proféticos), ou seja três e meio anos (literais), estiveram insepultos, na praça da “grande cidade” de Paris. Depois deste período mortal, tornaram à vida pelo “espírito da vida, vindo de Deus”. Os parágrafos seguintes confirmam sobejamente a profecia, e dão-nos conta de que exatamente mediram três e meio anos entre a morte e a ressurreição dos dois profetas no período de supremacia dos jacobinos.

“Havia muito tempo que a revolução rompera com todas as tradições do Estado monárquico e da Igreja Católica; restava-lhe só concluir o rompimento com tudo quanto constituía o patrimônio criado pelo cristianismo e pela civilização crista em geral. Tal rompimento levou-o a efeito o partido dominante dos jacobinos, logo que, depois de outubro de 1793, julgou ter consolidado suficientemente a sua posição para poder acreditar no caráter irrevogável das suas medidas.

“O deputado Fabre d’Eglantine apressou-se a ocorrer a esta necessidade, relatando à convenção, em nome da Comissão organizadora do novo calendário, a 24 de outubro de 1793, um trabalho que continha o projeto posto em vigor a partir de 24 de novembro” (Hist. Univ., G. Oncken, XIX, 675).

Foi, portanto, a 24 de outubro de 1793, que o jacobinismo anunciou ao público, em um projeto, a resolução de subverter tudo que restava de mais nobre da religião cristâ, e isto através dum novo calendário inteiramente ateísta que punha de lado todo o fundamento que o cristianismo tinha na Bíblia ou nos dois profetas citados. Desde 24 de outubro de 1793, e durante três e meio anos, a Bíblia ou os dois profetas – Velho e Novo Testamentos --  estariam mortos, ressuscitando após este período de tempo. Com uma simples operação matemática concordaremos que os três anos e meio findaram em abril de 1797. Algo importante deveria ter ocorrido neste mês e neste ano, para que os dois profetas pudessem tornar à vida; aliás, apenas a queda dos jacobinos poderia trazer à vida estes dois profetas mortos. Foi esta, realmente, a ocorrência de abril de 1797? Vejamos o que diz o historiador:

“As novas eleições de abril de 1797 foram uma esmagadora derrota para o diretório e para os antigos partidos. Dos oitenta e quatro departamentos da França, sessenta e seis, nas assembleias primárias, escolheram os seus eleitores entre indivíduos não republicanos e só dez se conservaram fieis aos jacobinos. A capital não só abandonou completamente os jacobinos, mas tomou ela mesma a direção da contra revolução. Na escolha dos eleitores e na eleição dos deputados de Paris foram postos de parte não só todos os republicanos, mas mesmo os constitucionais, que se tinham evidenciado nas primeiras fases da revolução. O espírito predominante do novo terço de deputados tendia a fazer ressurgir a monarquia, mas gradualmente, com o auxilio da constituição em vigor e sem recorrer de forma alguma a uma nova revolução. A abolição dos decretos de perseguição aos sacerdotes e emigrados e o restabelecimento da paz com a Europa eram os pontos capitais do programa da nova maioria do Conselho dos  quinhentos” (Hist. Univ., G. Oncken, XIX, 798-800).

A profecia teve o seu cumprimento plenamente assegurado e indiscutível. O jacobinismo que matou os dois profetas e com este ato todos os altos valores do cristianismo, foi esmagadoramente derrotado em toda a França, principalmente, em  Paris, onde cometera o miserando crime contra as duas testemunhas de Deus. Assim os três dias e meio proféticos ou três e meio anos, ajuntaram-se perfeitamente no período de supremacia dos jacobinos, e a revelação cumpriu-se notávelmente.

A Bíblia foi novamente aceita e a religião cristã restaurada imediatamente na França. O conselho dos quinhentos apresentou a “revisão das leis relativas ao culto religioso”, que “consistia umas quantas propostas, que aboliam por igual as restrições republicanas ao culto papal, e as restrições papais ao protestante. Ditas propostas eram estas:

“1. Que todos os cidadãos podiam comprar ou alugar edifícios para o livre exercício religiosos. 

“2. Que todas as congregações podiam unir-se ao toque de sinos.

“3. Que nenhuma prova nem promessa de nenhuma classe que não se exigisse a outros cidadãos fosse exigida aos ministros daquelas congregações.

“4. Que qualquer pessoa que intentasse impedir ou de qualquer maneira  interromper o culto publico fosse multada até em 500 libras, e não menos de 50; e que se a interrupção procedesse de autoridades constituídas, as tais autoridades fossem multadas em uma soma dupla.

“5. Que seja livre para todos os cidadãos a entrada às assembleias com propósitos de culto religioso.

“6. Que todas as demais leis concernentes ao culto religioso sejam abolidas” (Las Profecias de Daniel y el Apocalipse, U. Smith, Vol. II, 182-183).

Estavam novamente restaurados os dois profetas, e a religião cristã na França, depois de os seus matadores, os jacobinos, serem derrotados no poder em abril de 1797. A restauração, porém, não deu ao papado, como rezavam as leis de Luiz XIV, a primazia de culto. Ao protestantismo foi concedido igualdade de direitos religiosos nos decretos do novo regime.



O TRIUNFO DOS DOIS PROFETAS RESSUSCITADOS



VERSO 12 – “E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiriam ao céu em uma nuvem: e os seus inimigos os viram”.



A expressão da poderosa voz do céu concitando os dois profetas a subirem até lá é inconteste evidência da exaltação e glorificação das Escrituras Sagradas depois dos três e meio dias em que jazeram mortas “nas ruas da grande cidade” de Paris. A frase – subiram ao céu em uma nuvem – é emblema de elevação celestial, pois ninguém mais do que Deus poderia elevar ao sumo a Bíblia, a Sua palavra, liberta da humilhação francesa.



COMO OS DOIS PROFETAS SUBIRAM AO CÉU



Na verdade os dois profetas não subiram literalmente ao céu. A exaltação e glorificação da Bíblia depois daqueles três e meio anos, é uma designação emblemática de sua vasta difusão não só na própria França como no mundo inteiro. Movidos pelo poder de Deus levantaram-se homens para darem cumprimento ao desígnio da profecia inspirada. Em 1804 fundou-se a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira que, ano após ano, ampliou as suas edições, tendo já alcançado a tiragem de muitos milhões de exemplares anualmente. Em 1816 surgiu a Sociedade Bíblica Americana, que, em seu grande esforço, está seguindo de perto a Britânica na produção e difusão de Bíblias no mundo. 

Além das duas sociedades bíblicas citadas, outras foram fundadas na Europa. “Em 1812 fundaram-se a sociedade russa e a de Stuttgart, em1813 a de Dresden, em 1814 a de Berlim, em 1817 a de Hamburgo”.

Também varias sociedades de tratados foram fundadas com o objetivo de difundir as doutrinas da Bíblia em todo o globo. Já em 1687 nasceu em Londres a primeira delas; surgiram “depois a de Eisleben, em 1811; a de Hamburgo, em 1820; a de Paris, em 1822; a de Nova York, em 1825; a de Stuttgard, em 1833; a de Basiléia, em 1834; a de Berlim, em 1845; etc.”. Não só deste modo e pelas sociedades Bíblicas foram as Sagradas Escrituras e suas verdades espalhadas pelo mundo inteiro, mas também por meio das missões modernas até aos confins da terra. Varias sociedades missionárias foram fundadas: “A de Londres, em 1795; a da Escócia, em 1796; a da Holanda, em 1797; a anglicana, em 1799; a grande Sociedade Americana, em 1810; a de Berlim, em 1823; a de Paris, em 1824; a de Renana e a de Basiléia, em 1829; a Norte Alemanha, em 1836; etc.”. Hoje, grande é o número de sociedades missionárias e numerosos os bravos heróis que desde William Carrey tem levado o estandarte da fé e da Bíblia às mais remotas regiões da terra.

Desde que as duas testemunhas tornaram à vida, tem elas sido honradas como nunca antes.  Antes de 1804, a Bíblia havia sido impressa em cinquenta línguas. Hoje é possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em mais de 2.400 línguas diferentes (comunidadeabiblia.net/teologia/estudos-biblicos/historia-da-traducao-da-biblia-parte-i.html – 20 de junho de 2011). Verdadeiramente os dois profetas, o Velho e o Novo Testamentos, subiram ao céu numa exaltação inquestionavelmente celestial. Assim, é a Bíblia, depois de Jesus, a mais valiosa bênção que Deus haja concedido ao homem nesta vida.

Os inimigos e perseguidores da Bíblia viram a sua exaltação e temeram. “O incrédulo Voltaire, jactanciosamente, disse certa vez: ‘Estou cansado de ouvir dizer que doze homens estabeleceram a religião cristã. Eu provarei que basta um homem para suprimi-la’. Faz mais de um século que morreu. Milhões têm aderido à guerra contra a Escritura Sagrada. Mas tão longe está de ser destruída que, onde havia cem no tempo de Voltaire, há hoje dez mil, ou antes, cem mil exemplares do livro de Deus. Nas palavras de um primitivo reformador, relativas à igreja cristã, a Bíblia é uma bigorna que tem gasto muitos martelos’. Disse o Senhor: “Toda a ferramenta preparada contra ti, não prosperará: e toda a língua que se levantar contra ti em juízo, tu a condenarás’’’ (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 287).

Sendo o livro mais perseguido através dos séculos, a Bíblia entretanto mantém-se indestrutível e poderosa para transformar o homem.



O PERÍODO AGUDO DA REVOLUÇAO FRANCESA



VERSO 13 – “E naquela hora sobreveio um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade: e no terremoto foram mortos os nomes de sete mil homens: e os demais foram atemorizados, e deram gloria ao Deus do céu” (Tradução Figueiredo).



Este terremoto não é natural, mas simbólico, e deveria ter ocorrido na França no período, mais agudo da revolução; pois desde o versículo sete a profecia vem tratando da grande catástrofe que caiu sobre o povo francês com aquela revolução.  E note-se que o terremoto referido ocorreu “naquela hora”, aliás, quando a Bíblia foi relegada e todo o culto divino posto abaixo pelos jacobinos. Portanto, o terremoto aqui aludido, deve infalivelmente ser simbólico no período do “terror”, em que os revolucionários atentaram contra tudo que dizia respeito a Deus. Sim, a revolução  aponta o “terror”, aquele “terror” que embebeu a França em dilúvio de sangue, no qual a “santa guilhotina” não teve descanso em toda a nação, dia e noite. “Só em Paris, foram supliciadas,  em quatro meses 12.000 mulheres.... Até novembro de 1793 tinham sido encarcerados como suspeitos 200.000 indivíduos; e foi necessário para os receber, converter em prisões os palácios, os colégios, os mosteiros, donde tinham expulsado os que os ocupavam. Afinal não havia escolha; eram a esmo as prisões, por bairros, religião, famílias, localidades, por causa de opiniões expressas ou supostas. Numa só noite prenderam trezentas famílias no arrabalde Saint-Germain; noutra, trinta e três membros do parlamentos de Toulouse; em outra, finalmente, vinte e sete negociantes de sedas. Não se davam ao trabalho de procurar um crime; o parentesco, a riqueza, a categoria, os nomes históricos, parlamentares,  bispos, eram motivos suficientes. Toda espécie de superioridade era atacada pelo ciúme da igualdade.

“Nunca se viu tamanha facilidade em receber ou em dar a morte, quer no campo de batalha, quer no patíbulo, sem ideia de perigo ou sacrifício, por sistema, por habito. Os acusados eram conduzidos ao tribunal às carroçadas; julgavam-nos e executavam-nos às fornadas... As execuções eram de cinqüenta por dia. Isto vai bem, dizia Fouquier, as cabeças caem que nem granizo. Ainda há de ir melhor na década próxima: havemos de precisar pelo menos cento e cincoenta. Billaud-Varenne: exclamava: O tribunal revolucionário julga fazer uma maravilha quando decepa sessenta ou setenta cabeças. Um número sempre igual não espanta: é preciso duplicá-lo. Vadier dizia também: E necessário levantar um muro de cabeças entre nós e o povo. O número das vitimas subiu a cento cinqüenta por dia. Foi necessário abrir um cano para dar vazão  ao sangue. De março a julho de 1793, foi o número das vítimas 94.577; de Junho a 26 de julho, contaram-se 1285. Paris começava a sentir piedade; mas tremia. Em toda a França reproduziam-se cenas semelhantes” (Hist. Univ., G. Oncken, XII, 40-42, Edição 1878). “O feroz Carrier foi mandado a Nantes, e esta cidade veio a ser o teatro das mais revoltantes atrocidades; 500 meninos, todos abaixo de 14 anos, foram espingardeados; 1.500 outros foram afogados  no rio com 1.404 nobres e 5.300 artífices.  Mil e duzentos vendeanos foram fuzilados num prado vizinho d’Angers”.

“Para despejá-las”, as prisões, “o acusador publico fazia julgar cada dia 80 a 100 prisioneiros, e grandes carros, preparados previamente, os levaram por multidões à guilhotina. Entre eles achavam-se milhares de clérigos, religiosos e freiras de todas as ordens. As execuções não se concentravam em Paris. Os numerosos enviados de Robespierre inundaram de sangue todos os departamentos e tornaram-se dignos duma horrível celebridade pelo furor com que desempenharam sua missão infernal” (Hist. Eclesiástica, Padre Antelmo Goud (1873), pag. 465-467).  

“Os cinqüenta jurados” do acusador público Fouquier Tinville, “estabelecidos pela lei de 22 prairial eram a escumalha do clube jacobino; a maior parte deles não sabia ler nem escrever; apresentavam-se ébrios na sessão e a custo podiam pronunciar o  seu veredictum; ingenuamente declaravam que se não houvesse crimes, seria preciso inventá-los e que para se reconhecerem os culpados bastava olhar para os acusados” (Hist. Univ., G. Oncken, XIX, 712-714).    

Poderíamos encher páginas e páginas relatando as atrocidades e as chacinas em massa, bem como o sangue desmedido derramado pelos revolucionários ateus de França no período do “terror”. Mas, o que aqui foi dito, é suficiente para dar ao leitor uma idéia precisa de que o “terror” fora o “grande terremoto” moral da profecia, que abalou toda a nação francesa nos dias da revolução.



CAIU A DECIMA PARTE DA CIDADE



A cidade referida como destruída pelo terremoto, não é Paris ou outra qualquer da França e nem mesmo uma cidade real, em qualquer outro país; pois vimos que o terremoto predito não alude a um abalo sísmico natural, mas aos horrores do “terror”. A cidade da alusão da profecia, é uma cidade espiritual mencionada no Apocalipse e da qual a Revelação nos põe precisamente a  par.

A cidade cuja décima parte caiu com o terremoto do “terror”, acha-se mencionada nove vezes no Apocalipse. Sua primeira menção acha-se no texto de nossa consideração. Nos outros oito textos encontram-se dela detalhes que no-la identificam com precisão. Várias vezes o Apocalipse a denomina Babilônia, e diz que ela é uma mulher que negocia com corpos e alma de homens (Apc. 14:8, 18:13). ora, mulher na Bíblia é emblema de igreja, como podemos ver comprovado no capítulo seguinte. E qual é a igreja que negocia com corpos e alma de homens senão a igreja de Roma? Assim temos aqui a identificação da cidade de que trata a profecia deste undécimo capítulo. Esta cidade romana chamada Babilônia, constou, em verdade, de dez partes, pois é dito que sua décima parte caiu. Tratando-se da igreja papal, trata-se verdadeiramente do poder papal, cuja igreja exercia seu domínio exatamente em dez distintos territórios ao tempo do terremoto do “terror”. Tão bem é esclarecido isto no Apocalipse que não há qualquer razão para dúvidas. Lemos o seguinte alusivo ao papado: “E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, conjuntamente com a besta. Estes tem um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade a besta” (Apoc. 17:12-13). Os dez reinos são as dez nações bárbaras que formaram a Europa moderna e entregaram “o seu poder e autoridade a besta”, isto é, ao papado romano. Evidentemente, temos nessa definição a grande cidade, chamada Babilônia, cuja décima parte caiu com o “terremoto” do “terror” revolucionário francês.

A França era uma das dez nações que jaziam aos pés do papado e, portanto, a décima parte da Babilônia papal a cair. Fez guerra ao papado ao tempo da revolução, e desligou-se dele abolindo todo o culto católico e levando à guilhotina multidões de sacerdotes e de freiras. Foi assim que caiu a décima parte da cidade da grande Babilônia romana.



“FORAM MORTOS OS NOMES DE 7.000 HOMENS”



Enquanto o período do “terror” matou inúmeras dezenas de milhares de pessoas pela guilhotina e pelos fuzilamentos, aqui temos um número de homens em que apenas seus nomes foram mortos no “grande terremoto”. Esta peculiar afirmativa da profecia leva-nos a crer que estes 7.000 homens foram destituídos de altas funções na nação francesa. E, a pena inconsciente do historiador, confirmando a revelação, abisma-nos em assentar o cumprimento perfeito deste notável quão assombroso detalhe profético dos atos do “terror”. Eis no parágrafo seguinte o grandioso depoimento comprobatório da historia, que vem, mais uma vez, exaltar ao sumo as grandes profecias das Sagradas Escrituras e confirma a inspiração.

“Um dos primeiros atos do regime do terror tinha sido a demissão de todos os oficiais nobres. Em poucas semanas o exército do Reno perdera assim 7.000 oficiais e em todo o exército Frances nasceria uma desorganização e uma anarquia irreparável se Carnot não tivesse sido um homem competente, que soube preencher da melhor forma possível as vagas ocasionadas pelo arbitrário procedimento dos jacobinos” (Hist. Univ., G. Oncken, XIX, 671).

Aí está, aos olhos de todos, o surpreendente e duplo cumprimento da profecia inspirada. Duplo cumprimento, porque, além de ser prefixado o número dos homes a serem atingidos pelas medidas do “terror”, seus nomes, e não a pessoa física deles seria o alvo essencial daquele “terremoto” provocado pelos jacobinos. Assim, cumpriu-se duplamente a profecia: 1) no número de homens e, 2) na posição destes homens, que eram “oficiais nobres”.

 

“E OS DEMAIS FORAM ATEMORIZADOS E DERAM GLÓRIA AO DEUS DO CÉU”



Os terroristas da revolução compreenderam o abismo a que haviam jogado a França. Tremeram diante as cenas de horror e de carnagem que decretaram contra seus próprios compatriotas. Assombraram-se do dilúvio de sangue que fizeram correr pelas plagas da pátria por eles manchada com tantos crimes. Reconheceram aqueles gratuitos ateus a nefanda desgraça que trouxeram à nação em sua tentativa por destronar a Deus. Sim, eles e todos os que escaparam às suas chacinas inúmeras daqueles dias de luto para a França, reconheceram a inutilidade de batalhar contra o Todo-poderoso, e deram-Lhe glória restabelecendo, novamente, o culto divino em toda a nação, convictos da necessidade do retorno à fé cristã e à Bíblia por eles relegada. Ficou então provado perante o mundo que os que guerreiam contra o céu cavam sua própria tumba e que a ira do homem redunda em louvor de Deus.



É PASSADO O SEGUNDO “AI”



VERSO 14 – “É passado o segundo ai; eis que o terceiro ai cedo vira”.



O segundo “ai”, referente a sexta trombeta, findou a 11 de agosto de 1840 com a queda da suzerania da Turquia, cuja nação passou a ser amparada por um grupo de nações europeias conjuntas (O DEBACLE DA TURQUIA EM 11 DE AGOSTO DE 1840 – Cap. 9:15). É, porém, surpreendente que o profeta colocasse o fim do segundo “ai” imediatamente depois de escrever as cenas proféticas da revolução francesa e não em seguida ao fim da descrição dos sucessos concernente aos turcos na sexta trombeta.  Possivelmente, dado a importância da revolução francesa em sua relação com Deus e o cristianismo, é que ela figura com um parêntesis dentro da sexta trombeta.

Conjuntamente com estes versículos anunciando o termo do segundo “ai”, acompanha a advertência de que o terceiro “ai”, ou seja, a sétima trombeta, que começou a soar em 1844, não muito depois de 11 de agosto de 1840, logo haveria de vir. Isto é evidente de que a sétima trombeta soaria um pouco depois do fim da revolução francesa, alias, no ano citado de 1844.



A SETIMA TROMBETA



VERSOS 15-19 – “E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre.

E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus, dizendo: graças te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que és e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste.

E iraram-se as nações, e veio a Tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o Teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.

E abriu-se no céu o templo de Deus e a arca do Seu concerto foi vista no Seu templo: e houve relâmpagos, e vozes e trovões, e terremotos e grande saraiva”.  



O FIM DOS REINOS DA FORÇA



Ao soar a sétima trombeta, grandes vozes no céu anunciam o maior acontecimento da historia do mundo – a intervenção de Cristo nos domínios dos homens. Desde 1844, ao sonido desta ultima trombeta, este futuro e não distante acontecimento, está sendo anunciado a “grandes vozes” em toda a terra. Esta é a mais solene anunciação que tem chegado aos ouvidos dos mortais; é a nota tônica do grande movimento Adventista desde o ano de 1844; pois o acontecimento supremo da nossa história, como humanidade, deveria, antes de concretizar-se, ser anunciado, de viva voz, aos homens. As primeiras seis trombetas anunciaram e realizaram a queda de Roma Ocidental e Oriental, pelos visigodos, vândalos, hunos, hérulos, árabes e turcos. A sétima trombeta anuncia a queda total das nações e do poderio do homem no mundo, pelo Segundo Advento de Cristo.  

“Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre”. Maravilhosa e inconfundível certeza: Cristo aqui “reinará para todo sempre”. Desde já deveríamos levantar nossas vozes em gratidão a Deus pelo próximo fim dos reinos da força e da opressão. Jamais terá fim o reinado de Cristo. E a paz eterna do Seu reino não será mantida pela força ou pelas armas belicosas. Pois todos os súditos do Seu reino serão ordeiros e pacíficos, estando eles agora passando pala experiência destas virtudes para poderem reinar com Ele no mundo da ordem e da justiça.   



A AÇÃO DE GRAÇAS DOS VINTE E QUATRO ANCIÃOS



O regozijo dos vinte e quatro anciãos ao som da sétima trombeta foi sem limite. Adoraram a Deus e deram-Lhe graças pela restauração do reino de Cristo neste mundo de onde eles são naturais. Veja-se sobre eles o capítulo quatro.



E IRARAM-SE AS NAÇOES



A ira das nações está ligada à sétima trombeta. Desde o ano de 1848, ano das nacionalidades constituídas (Dá-se o nome de Revoluções de 1848 à série de revoluções na Europa central e oriental que eclodiram em função de regimes governamentais autocráticos, de crises econômicas, de falta de representação política das classes médias e do nacionalismo despertado nas minorias da Europa central e oriental, que abalaram as monarquias da Europa, onde tinham fracassado as tentativas de reformas políticas e econômicas.), as nações tem vivido em trágicas convulsões. Uma após outra catástrofe, com um mínimo de intervalo, tem arrastado a humanidade mais e mais para a ruína fatal. Nosso século presenciou já duas guerras que bem demonstraram o cumprimento desta profecia apocalíptica, além de numerosos outros conflitos de outra natureza no mundo internacional. A ambição desmedida e o desejo de supremacia de certas nações levaram a civilização para o caos e comprometeram a sobrevivência da família humana. A diplomacia internacional tem feito mais no sentido de provocar novos conflitos do que cimentar a paz que vive sempre a prometer. As nações estão gastando hoje mais para a guerra do que antes das duas grandes catástrofes do século que provocaram, e, torturadas pela cobiça e atormentadas pela suspeita, olham ao futuro com apreensão e ansiedade. Todos os esforços em prol da paz tem ruído como um castelo de cartas, tendo os tratados sido assinados com rancor e ameaças para a primeira oportunidade. 
O problema da paz jamais poderá ser solucionado pelo homem e através de ideias humanas. Homens bem intencionados tem surgido e tudo feito para trazerem o mundo à concórdia internacional e não tem sido bem sucedidos. Projetos de paz; obras literárias pró paz; sociedades pacifistas; congressos de paz; prêmios de paz; sociedades internacionais de paz; - tudo tem fracassado. No fim de cada conflito reanimam-se os anelos de paz, surgem conferências inúmeras pró paz, tão somente para logo serem suplantados por novas corridas armamentistas. Tratados de papel não cimentam a paz. Falam de paz os homens, mas tem a guerra no coração (Sal. 28:3). Eles não conhecem os caminhos verídicos da paz real (Rom. 3:15-17, II Pedro 2:12).

A paz é um dom de Deus (Gal. 5:22). Para que os homens tenham este dom, é imperativo que façam as pazes com Deus por Seu Filho Jesus Cristo (Atos 10:36, Col. 1:20). Cristo é o príncipe da paz (Isaias 9:6). Sem Ele não haverá paz no mundo. Rios de ouro gastam as nações em busca da paz. Mas ela não lhes surgirá a menos que aceitem os planos pacifistas de Cristo. Isaias pinta a decepção dos embaixadores da paz de nosso século: “Eis que os seus embaixadores estão clamando de fora; e os mensageiros de paz estão chorando amargamente” (Isaias 33:7).

Só a paz de Cristo satisfará as necessidades do mundo. Disse o senhor: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (S. João 14:27). Sim, Sua paz é diferente da que o mundo procura. É paz sem tratados de papel; paz sem canhões, sem ambições  e sem ódio. Paz, afinal, pelas ideias de Cristo e não pelas ideias dos homens.

Só a paz de Cristo e por Cristo é a única solução para os problemas internacionais de um mundo enfermo gravemente pala doença do ódio, da ambição e da suspeita. Sejam os homens pacifistas pelas idéias de Cristo; vivam com Cristo acima das perturbações da vida, e a paz surgirá como um caudal inestimável sobre eles e a humanidade.       



“E VEIO A TUA IRA”



A ira de Deus que virá ao som da sétima trombeta, são as sete próximas pragas. Constituem elas a ira de um Deus ofendido e cansado de sofrer com tanta perversidade nos seus domínios mundiais. No capítulo dezesseis podemos apreciar as setes pragas vindouras. 



OUTROS SUCESSOS DA SETIMA TROMBETA



A sétima trombeta está afeto o juízo que dará galardão aos profetas e aos santos que temeram e temem a Deus, pequenos e grandes. Este e o julgamento iniciado no fim do período dos 2300 anos, que podemos apreciar nos capítulos dez e quatorze. Mas, este tempo da sétima trombeta é também o “tempo de destruíres os que destroem a terra”. A intervenção de Cristo no mundo visa especialmente os que o destroem. E quem são estes que destroem o mundo? São os fazedores da guerra e os pervertedores da justiça de Deus, que pisam Sua lei como se ela para eles não tivesse valor algum. São os súditos rebeldes dos domínios de Deus que serão os alvos de Sua ira. Haverá então paz mundial; pois os inimigos da verdadeira paz e da ordem serão aniquilados para todo o sempre.



A ARCA DO CONCERTO DE DEUS



A abertura do templo de Deus em relação com a sétima trombeta diz respeito ao lugar santíssimo do santuário celestial, em cujo compartimento está a “arca do concerto”.

Com referência à “arca do concerto” temos um assunto deveras muito solene. A “arca do concerto” de Deus deve ser para nós um tema da mais alta consideração. A suprema importância deste tema e a sua magnitude, jazem o fato de a “arca do concerto” de Deus estar ligada deveras à sétima trombeta, e, portanto, aos acontecimentos alusivos a estes últimos dias  da historia do mundo. Perguntamos: Que tem que ver a “arca do concerto” de Deus com esta geração?  Devemos nós alguma consideração para com ela?  Tem o concerto da arca que ver conosco e nós com ele? A resposta convincente não é possível dar em poucas palavras. O decorrer desta explanação dir-nos-á da nossa relação para com a “arca do concerto” de Deus, ou noutras palavras, de nossa relação para com o concerto da arca. 

Nos versículos um e dois deste mesmo capítulo salientamos que, para entendermos o santuário ou templo de Deus bem como o seu mobiliário e seu ritual, só é possível pelo estudo do santuário terrestre. Para sabermos o que é a “arca do concerto” vista pelo profeta ao abrir-se o templo  ou o santuário de Deus no céu, devemos considerar a “arca do concerto” no santuário terrestre, em Israel, que foi modelada pela do santuário celestial.

Moises, dezesseis séculos antes de S. João, viu a “arca do concerto” de Deus do santuário celestial bem como todo o mobiliário do mesmo santuário, que serviu de modelo para o terrestre (Exodo 25:8, 9, 40). E é notável que o próprio Senhor Deus dera a Moisés as devidas instruções para confecção da “arca do concerto”. Moisés, a fizera de “madeira de Setim” ou acácia. Tinha cerca de um metro e sessenta e cinco centímetros de comprimento por um metro de largura e um metro de altura. Era uma caixa com estas dimensões coberta de ouro por dentro e por fora. Ao redor, na parte superior, havia uma coroa de ouro fino. Em cada extremidade, de ambos os lados, havia uma argola de ouro e varais de madeira de acácia cobertos de ouro para a condução da arca pelos sacerdotes. A coberta ou tampa da arca chamava-se “propiciatório”, que era duma só peça de ouro puro. Nas duas extremidades do propiciatório havia dois querubins feitos de ouro maciço, que estendiam cada um as suas asas  sobre o propiciatório, cujas faces se voltavam uma para a outra, olhando para o propiciatório (Exo. 25:18-20). “De cima do propiciatório, do meio dos dois querubins”, Deus falava com o Sumo sacerdote (Exo. 25:22). Esta era a “arca do concerto” modelada pela celestial, que Moisés, ao aprontar o santuário, colocou no seu lugar santíssimo.



O QUE É O CONCERTO DE DEUS NA ARCA?



Para sabermos qual seja ele, urge que saibamos qual foi o concerto que Deus ordenara Moises colocar na arca do santuário terrestre antítipo do celeste. Demos, pois, a palavra a Moises para que nos esclareça esta questão:

“E vós vos chegastes, e vos pusestes ao pé do monte: e o monte ardia em fogo até ao meio dos céus e havia trevas, e nuvens e escuridão; estão o Senhor vos falou do meio do fogo: a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes semelhança nenhuma. Então vos anunciou Ele e o seu concerto, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra” (Det. 4:11-13). “E me virei, e desci do monte, e pus as tábuas na arca que fizera: e ali estão, como o Senhor me ordenou” (Det. 10:5).

Agora estamos prontos para responder, que o concerto depositado por mandado de Deus na arca, é a lei de Deus, os dez mandamentos escritos em duas tábuas de pedra pelo dedo do próprio Senhor Deus (Exo. 31:18).

Em virtude do concerto de Deus depositado na arca, esta foi denominada, além de “arca do concerto de Deus” (Juz. 20:27); de “arca do concerto do Senhor” (Num. 10:33); “arca do concerto do Senhor dos exércitos” (I Sam. 4:4); “arca do concerto do Senhor de toda a terra” (Josue 3:11); “arca do concerto do Senhor vosso Deus” (Deut. 31:26); “arca de Deus” (I Sam. 3:3); “arca do Senhor” (I Reis 2:26); “arca do Senhor Deus” (Josué 4:5); “arca do Senhor vosso Deus” (Josué 4:5); “arca do Deus de Israel” (I Sam. 5:10); “arca do Senhor Deus de Israel” (I Cro. 15:12); “arca do nosso Deus” (I Cro. 13:3); “arca da Tua força” (Sal. 132:8); “arca da tua fortaleza” (II Cro. 6:41); “arca do testemunho” (Exo. 26:33); “arca sagrada” (II Cro. 35:3).

“Vemos que a arca era o receptáculo do concerto de Deus com seu povo, e que era considerada um poder, uma “força” uma fortaleza”, não em virtude de si mesma, mas do “concerto” ou da lei de Deus, os “dez mandamentos” que ela continha. Notemos alguns dos grandes milagres que Deus operou no passado, por seu povo, através da “arca do concerto”:    

Na passagem do Jordão (Jos. 3:11-17, 4:1-7); na tomada de Jericó (Jos. 6:1-27); nas guerras de Israel (I Sam. 4:3-8).  A imprudência de alguns, concernentes à “arca do concerto”, resultou em grande dano: “setenta homens”, num lugar, morreram como castigo porquanto ali olharam para dentro da arca (I Sam. 6:19). Um homem fulminado por encostar sua mão á arca (II Sam. 6:6-7). No entanto, outros foram abençoados em face do respeito que manifestaram para com a arca de Deus (II Sam. 6:10-12).

O que ressalta desta consideração sobre a “arca do concerto”, é que ela era simbólica da presença e do poder de Deus entre seu povo. Ela “também é a união da justiça com a misericórdia no plano da redenção humana” (Salmos).

Como salientamos nos versículos um e dois, o povo de Deus, por Ele levantado em 1844, adoraria no santuário celestial, tendo entendido o mesmo (santuário celestial) e seu ritual. A visão de S. João que estamos apreciando aponta exatamente para aquele memorável ano. “A arca do concerto de Deus está no santo dos santos, ou lugar santíssimo, que é o segundo compartimento do santuário. No ministério do tabernáculo terrestre, que servia como exemplar e sombra das coisas celestiais’, este compartimento se abria somente no grande dia da expiação, para a purificação do santuário. Portanto, o anúncio de que o templo de Deus se abrira no céu, e de que fora vista a arca de seu concerto, indica a abertura do lugar santíssimo do santuário celestial, em 1844, ao entrar Cristo ali para efetuar a obra finalizadora da expiação. Os que pela fé seguiram seu Sumo Sacerdote, ao iniciar Ele o ministério no lugar Santíssimo, contemplaram a arca de Seu concerto. Como houvessem estudado o assunto do santuário, chegaram a compreender a mudança operada no ministério do Salvador, e viram que Ele agora oficiava diante da arca de Deus, pleiteando com Seu sangue em favor dos pecadores.

“A lei de Deus no santuário celeste é o grande original, de que os preceitos escritos nas tábuas de pedra, registrados por Moisés no Pentateuco, eram uma transcrição exata. Os que chegaram à compreensão deste ponto importante, foram assim levados a ver o caráter sagrado e imutável da lei divina” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 433).

Graças a Deus que Ele tem um povo no mundo que respeita o Seu “concerto”, a Sua grande e santa lei moral, que está na “arca do concerto” no santuário celestial, o grande original cuja cópia foi dada a Seu povo para que a ensinasse ao mundo. A prova inquestionável de que as tábuas originais da lei estão na “arca do concerto” do templo celestial é evidente nos termos que o profeta usa para descrever a arca. Denominando-a de “arca do concerto” ele esclarece que o mesmo concerto, ou seja, os dez mandamentos que estavam na “arca do concerto” no templo terrestre, estão na “arca do concerto” no templo celestial. Deste modo, é anunciado na sétima trombeta a obrigatoriedade para todo o cristão, da fidelidade ao concerto de Deus contido na arca do templo celestial, os dez mandamentos.

Os relâmpagos, vozes, trovões e terremotos que o profeta vê e ouve na visão relativa ao ano de 1844 em conexão com a abertura do templo de Deus e a contemplação da “arca do concerto”, lembram o solene momento em que a Lei de Deus fora dada no Sinai por Seu próprio Legislador (Exodo 19). Agora, mais uma vez, no fim do tempo, quando a Lei de Deus devia ser restaurada por um povo especial, as mesmas circunstancias do Sinai são salientadas na profecia, para dar ênfase à santidade e indispensabilidade da grande Lei como norma de justiça e de juízo.

E, no momento iminente do Segundo Advento de Nosso Senhor Jesus Cristo, a grande lei da “arca do concerto” será realmente manifesta ao mundo como evidência de sua condenação:

“Quando o juízo estiver assentado e os livros forem abertos, e todo o homem for julgado conforme as coisas escritas nos livros, então as tábuas de pedra, escondidas por Deus até aquele dia, serão apresentadas perante o mundo como insígnias de justiça. Então os homens e mulheres verão que um requisito de sua salvação é a obediência à perfeita lei de Deus” (Review and Herald, 28/01/1909).




Texto Extraído do livro "A VERDADE SOBRE AS PROFECIAS DO APOCALIPSE" - A. S. Mello

Um comentário:

  1. Sua interpretação está forçada demais. A proposta de revogação do decreto anti-culto religioso, que tinham sido aprovado em outubro de 1793, só foi apresentada à assembléia francesa em junho de 1797. Portanto, foram decorridos mais de 42 meses de vigência do decreto, extrapolando os exatos 3,5 dias preditos na profecia. Em sua ânsia de entregar à Igreja uma interpretação historicista, Urias Smith distorceu seriamente a cronologia dos fatos. E por ironia do destino, EGW ainda autorizou a inserção dessa fábula em seu livro o Conflito dos Séculos, conferindo à fábula uma suposta veracidade até os dias de hoje.

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