sábado, 7 de abril de 2012

Cap. 18 - A Condenação da Grande Babilônia

CAPÍTULO XVIII



A CONDENAÇÃO DA GRANDE BABILONIA



INTRODUÇÃO



Neste décimo oitavo capítulo a profecia trata, em primeiro lugar, de um grande esforço ou de uma poderosíssima obra para advertir da queda de Babilônia e chamar dela o povo de Deus. E a gloriosa obra será secundada pela demonstração de profusas maravilhas da graça tais ou maiores que as do pentecostes apostólico.

Em segundo lugar, o capítulo trata da condenação da “grande babilônia” e do imenso espanto que a todas as classes do mundo, também condenadas com ela, causará a sua destruição. A maior decepção será manifesta pelos poderes que com ela fizeram aliança e pelos que se enriqueceram com as suas mercadorias com que ludibriou o mundo cristão. Mas a Babilônia “mãe” não será a única a ser aniquilada. Suas filhas o serão conjuntamente com ela. E o mundo, afinal, renovado e purificado, estará, pela eternidade, livre de Babilônia e sua prole corruptora.



O ANJO QUE ILUMINOU A TERRA COM A SUA GLORIA



VERSO 1 – “E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua gloria”.



E VI DESCER DO CÉU OUTRO ANJO, QUE TINHA GRANDE PODER



Este anjo anuncia uma poderosa obra religiosa mundial de extraordinárias proporções. Sua mensagem, por duas distintas razões exaradas na profecia, aplica-se ao derradeiro fim da história do mundo: 1) A anunciação da queda definitiva de Babilônia e do juízo sobre ela. 2) A iminência do derramamento das sete pragas como contidas no capitulo dezesseis.

A mensagem deste anjo está estreitamente ligada à mensagem final do terceiro anjo do capitulo quatorze. Este adverte contra a besta romana, sua imagem protestante e da “ira de Deus”, as sete pragas; aquele adverte contra Babilônia que é a mesma besta romana e sua imagem protestante e das pragas que são a ira de Deus. A conclusão a que chegamos é que os dois são um só e o mesmo anjo e apontam a um único movimento religioso que abrange toda terra. Ambos são o terceiro anjo. A diferença está em que o do capítulo dezoito representa uma das últimas fases da obra do terceiro anjo num alto e vigoroso clamor ou num apelo veemente e derradeiro ao mundo antes do encerramento da graça redentora de Deus. Isto é confirmado pelo Espírito da Profecia de Deus, nestas palavras: “Como predito no décimo oitavo capítulo do Apocalipse, a mensagem do terceiro anjo deve ser proclamada com grande poder “por aqueles que dão a final advertência” contra a besta e sua imagem... Esta é a mensagem dada por Deus para ser proclamada por ocasião do alto clamor do terceiro anjo” (Testemunhos para a igreja, E. G. White, vol. VIII, pag. 118).



E A TERRA FOI ILUMINADA COM A SUA GLORIA



Estas palavras da inspiração referem à grandiosa maneira como o terceiro anjo finalizará a sua obra mundial. A mensagem não perde nada de sua força no voo progressivo do anjo; pois João o vê crescendo em resistência e poder até que a terra inteira seja iluminada por sua glória” (Testemunhos para a igreja, E. G. White, vol. V, pag. 383). Esta imensa e gloriosa obra futura será o resultado sem medida e em grande profusão, do derramamento do Espírito Santo ou, noutras palavras, do advento da chuva serôdia anunciada nas profecias como um refrigério para a igreja de Deus, que é o terceiro anjo nesta geração.

“Ao atingir a terceira mensagem o volume de um alto clamor, e com grande poder e glória, empenha-se na finalização da obra, o fiel povo de Deus participará daquela gloria. É a chuva serôdia que os reviverá e fortalecerá para passarem através do tempo de provação. Suas faces brilharão com a gloria daquela luz que acompanha o terceiro anjo” (Testemunhos para a igreja, E. G. White, vol. I, pag. 353).

Quando nos dias apostólicos a igreja cristã nascente recebeu profusamente o poder do Espírito Santo, o recebeu em cumprimento da profecia de Joel, como chuva temporã, para fazer brotar o sagrado grão semeado e formar, propriamente, a igreja (Joel 2:23-29, Atos 2:14-18). “Assim como a ‘chuva temporã’ foi dada, no derramamento do Espírito Santo no inicio do evangelho, para efetuar a germinação da preciosa semente, a ‘chuva serôdia’ será dada em seu final para o amadurecimento da seara. A grande obra do evangelho não deverá encerrar-se com menos manifestação do poder de Deus do que a que assinalou o seu inicio. As profecias que se cumpriram no derramamento da chuva temporã no inicio do evangelho, devem novamente cumprir-se na chuva serôdia, no final do mesmo. Eis aí ‘os tempos do refrigério’ que o apostolo S. Pedro esperava quando disse: ‘Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor, e envie Ele a Jesus Cristo’” (Atos 3:19-20, O Conflito dos Séculos, E. G. White, 610-611).

Os mesmos prodígios e maravilhas realizados pela igreja apostólica no pentecostes, e ainda mais abundantes e salientes serão então realizados pelo povo de Deus transbordante do poder do Espírito Santo pela chuva serôdia (Joel 2:23, Zac. 10:1). “Os doentes serão curados e sinais e maravilhas seguirão aos crentes”. Esta gloriosa obra será cumprida imediatamente antes do derramamento das sete últimas pragas, “enquanto Cristo está no santuário. Naquele tempo enquanto prossegue a obra de salvação, a provação virá sobre a terra, e as nações encolerizar-se-ão, mas serão contidas para não impedir a obra do terceiro anjo. Naquele tempo a chuva serôdia, o refrigério da presença do Senhor, virá, para dar poder ao alto clamor do terceiro anjo, e prepararem os santos para permanecerem no período em que as sete últimas pragas serão derramadas” (Primeiros Escritos, E. G. White, 85-86).



“CAIU, CAIU A GRANDE BABILONIA”



VERSOS 2-3 – “E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e coito de todo o espírito imundo, e coito de toda a ave imunda e aborrecível. Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância das suas delicias”.



TERRIVEL DENÚNCIA CONTRA BABILÔNIA

 A profecia do capitulo anterior estampa os progressos da grande Babilônia, a igreja dominante como “mãe das prostitutas”, ou das falsas outras igrejas que dela saíram como resultado da Reforma Luterana do século XVI e constituem um dos sertores da Babilônia mundial. O termo Babilônia significaconfusão, e tal tem sido a condição do falso cristianismo babilônico com sua profusão de seitas e diversidade de sentimentos que existe em seu meio. Então, por ocasião do alto clamor do terceiro anjo, a “mãe” e suas filhas serão denunciadas num grande clamor mundial como igrejas apostatas e caídas. Tão terrível é a situação espiritual da igreja “mãe” e suas filhas, e tanto mais será naquele tempo, que não só serão denunciadas como Babilônia mas também como “morada de demônios, e coito de todo espírito imundo, e coito de toda a ave imunda e aborrecível”. Tal foi a situação da antiga Babilônia oriental que pretendia salvar-se por suas obras. Ao ser destruída, suas ruínas vieram a ser habitação de feras, avestruzes e “horríveis animais” (Isaias 13:19-22).

Tornou-se um lugar medonho e apavorante. A situação da Babilônia espiritual é ainda mais assombrosa.

As igrejas que surgiram com a Reforma, o protestantismo, serão surpreendidas. Depois de terem saído de Roma e corrido bem até certo tempo, preferiram manter varias doutrinas errôneas da igreja “mãe” e encerrar-se em seus credos e ideias próprias tradicionais em contradição às puras doutrinas do evangelho de Cristo. Esta atitude do protestantismo é causa responsável de seu maculado caráter perante Deus, como o é o da igreja de onde se afastou. Seus ensinos são denunciados como resultantes da sua união espiritual e ilegal com os demônios e espíritos imundos.





O VINHO DE BABILÔNIA



Antes de tudo veja-se a exposição do versículo dois do capítulo anterior sobre o “vinho da sua prostituição”. Vinho, espiritualmente falando, é emblema da verdadeira salvação em, Jesus Cristo. Como prova disso instituiu o próprio Senhor Jesus o vinho da ceia ou da santa ceia, figura do Seu sangue precioso derramado para redimir o homem. Mas, a Babilônia mãe e suas filhas são denunciadas por estarem dando a beber ao mundo, não deste vinho, mas sim do vinho de uma falsa salvação por seus ensinamentos. Antes de se tornar Babilônia, o cristianismo clerical, católico e protestante, recebeu o puro vinho da verdadeira salvação, daquela salvação comprada pelo derramamento do sangue do Filho de Deus, na cruz. Porém, sua união ou sua prostituição com os “reis da terra”, fê-lo repudiar aquele glorioso vinho da salvação celestial, e, dado isto, viu-se na contingência de forjar um novo corpo de doutrinas em contraposição às do evangelho de Cristo, para ajustar a sua união com os potentados e dela tirar o máximo em vantagens políticas e pecuniárias. Suas falsas doutrinas constituem o vinho da sua prostituição com o qual embriaga as nações da terra e as entorpece.

“Não fosse o caso de se achar o mundo fatalmente embriagado com o vinho de Babilônia, e multidões seriam convencidas e convertidas pelas verdades claras e penetrantes da Palavra de Deus. Mas a fé religiosa parece tão confusa e desconcertante que o povo não sabe o que crer como verdade” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 389).

Mas o vinho de Babilônia chama-se “vinho da ira”. Por que? O vocábulo grego “THUMOS” – ira, significa “ira” de verdade. “É uma ira criada pelas doutrinas falsas, e, quando os reis e presidentes bebem deste vinho da ira da sua prostituição, são instigados, pela cólera, a irem contra os que não se uniram às falsas doutrinas que exaltam o sábado espúrio (domingo) e levam o homem a calcar sob os pés o memorial de Deus” (Testemunhos para Ministros, E. G. White, 62). E ai de quem não beber o vinho de Babilônia. O tal estará marcado a pagar pela ousadia em não entornar a entorpecente taça.

A Idade Média testemunhou como Babilônia deu a beber o seu vinho com a espada dos reis que com ela se prostituiram, bebendo o seu vinho na sua mão. E multidões que o recusaram foram prostradas e pereceram. Mas um dia que se aproxima veloz, Babilônia irá também provar certa classe de vinho – o “vinho da ira de Deus, derramado sem mistura, no cálice da Sua ira” (Apoc. 14:10, 16:19).



BABILÔNIA ENRIQUECEU OS MERCADORES DA TERRA



Inúmeros comerciantes da terra enriquecem com as mercadorias que Babilônia lhes compra e com as que lhes manufatura para venderem ao mundo. Para entendermos isto, basta meditarmos sobre o luxo dos templos e do clero em todo o mundo e sobre os objetos de seu culto vendidos pelos comerciantes da terra. Roma proporciona a industriais e comerciantes, grandes lucros. Também o protestantismo, filho de Babilônia, não fica muito atrás de sua mãe. Mas deixemos tais comerciantes por um momento.



SAI DELA POVO MEU



VERSOS 4-6 – “E, ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumulam até ao céu, e Deus se lembrou das iniquidades dela. Tornai-lhe a dar como ela vos tem dado, e retribuí-lhe em dobro conforme as suas obras: no cálice em que vos deu de beber dai-lhe a ela em dobro”.



UM APELO SEM PRECEDENTE



Quando a velha Babilônia do rio Eufrates estava prestes a ser destruída pelos juízos de Deus, o Senhor enviou a Seu povo, que nela ainda estava, um solene aviso e conselho: “Fugi do meio de Babilônia, e livre cada um a sua alma; não vos destruais a vós na sua maldade: porque este é o tempo da vingança do Senhor; Ele lhe dará a sua recompensa” (Jeremias 51:6). E quando o momento chegar para a moderna Babilônia receber os juízos de Deus, também um soleníssimo aviso e chamado para abandoná-la será feito ao povo de Deus que ainda nela está. A poderosa e derradeira obra do terceiro anjo iluminará a terra inteira e o povo de Deus ouvirá o brado de alarme e aviso: “Sai dela povo meu”. Não será um aviso em segredo; será uma “voz do céu”, um inigualável clamor, uma poderosíssima voz.

Naquele tempo futuro, “servos de Deus, com o rosto iluminado e a resplandecer de santa consagração, apressar-se-ão de um lugar para outro para proclamar a mensagem do céu. Por milhares de vozes em toda a extensão da terra, será dada a advertência”. “A mensagem há de ser levada não tanto por argumentos como pela convicção profunda do Espírito de Deus. Os argumentos foram apresentados. A semente foi semeada e agora brotará e frutificará. As publicações distribuídas pelos missionários têm exercido sua influencia; todavia, muitos que ficaram impressionados, foram impedidos de compreender completamente a verdade, ou de lhe prestar obediência. Agora os raios da luz penetram por toda parte, a verdade é vista em sua clareza, e os leais filhos de Deus cortam os liames que os têm retido. Laços de família, relações na igreja, são impotentes para os deter agora. A verdade é mais preciosa do que tudo o mais. Apesar das forças arregimentadas contra a verdade, grande número se coloca ao lado do Senhor” (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 611).

Centenas e milhares dentre o povo de Deus, transbordantes de Seu poder, em toda a vastidão da terra, penetrarão nos lares do povo e lhes abrirão a santa Palavra de Deus. Os corações serão convencidos pelo poder do Espírito de Deus, e manifestar-se-á um espírito de genuína conversão. Portas se abrirão por toda parte à proclamação da verdade. O mundo parecerá iluminado pela influência celestial. Grandes bênçãos serão recebidas pelo fiel e humilde povo de Deus.

Deus tem filhos honestos em Babilônia. Almas sinceras nela estão, tanto na igreja católica como nas igrejas protestantes. Não receberam o conhecimento da sã verdade. Estão servindo a Deus no erro, julgando ser ele a verdade. A elas será dado o grande brado – Sai dela, povo meu. Pastores e membros leigos serão chamados das falsas igrejas, “e receberão, alegremente, a verdade”. “A luz brilhará e todos os que são tocados deixarão as igrejas caídas, e tomarão posição com os remanescentes” (Primeiros Escritos, E. G. White, 261). “Muitos estão amarrados; algumas mulheres pelos maridos, e crianças por seus pais. Os que tem sido impedidos de ouvir a verdade, então avidamente lançarão mão da mesma. Esvaecer-se-á todo o receio de seus parentes, e somente a verdade será exaltada para eles. Haviam estado com fome e sede da verdade; esta lhes era mais querida e preciosa do que a vida” (Vida e Ensinos, E. G. White, 177-179).

O regozijo de inúmeros corações não poderá ser agora descrito, pois pena alguma o poderá fazer. Oh maravilhoso amor do Amante Pai divino! Ele não poderá ver Seu povo, ainda ligado a Babilônia, perecer com ela! O alto clamor do terceiro anjo visa especialmente estas almas enganadas e presas em Babilônia por tantos laços que elas mesmas não os podem compreender. Mas oh, sairão alegres e apressadamente da Babilônia corrupta que os enganou, ao soar-lhes a grande voz do céu – Sai dela, povo meu. Nenhum laço mais as prenderão neste mundo.



POR QUE SAIR DE BABILÔNIA?



A razão do clamor ao povo de Deus para sair de Babilônia é bem claro no próprio clamor: “Para que não sejas participante de seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas”. Babilônia é acusada de pecados contra Deus, e pecados que já se “acumularam até ao céu e Deus se lembrou das iniquidades dela”. Ela “encheu a medida de sua culpa, e a destruição está a ponto de cair sobre ela”. Tal é a enormidade de seus pecados contra Deus e o céu. Isto revela a avalanche de erros doutrinários ensinados pelos porta-vozes de Babilônia.

“Mas Deus tem ainda um povo em Babilônia; e, antes de sobrevirem seus juízos, esses fieis devem ser chamados a sair, para que não sejam participantes dos seus pecados e não incorram nas suas pragas. Esta a razão de ser do movimento simbolizado pelo anjo descendo do céu, iluminando a terra com a sua gloria, e clamando, fortemente, com grande voz, anunciando os pecados de Babilônia. Em relação com a sua mensagem ouve-se a chamada: ‘Sai dela, povo meu’. Estes anúncios, unindo-se com a mensagem do terceiro anjo, constituem a advertência final a ser dada aos habitantes da terra(O Conflito dos Séculos, E. G. White, 604).



A OPOSIÇÃO DE BABILÔNIA



“O sábado será a pedra-de-toque da lealdade; pois que é o ponto da verdade especialmente controvertido. Quando sobrevier aos homens a prova final, traçar-se-á a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não O servem (Apoc. 22:11). Enquanto a observância do sábado espúrio (o domingo) em conformidade com a lei do Estado, contrária ao quarto mandamento, será uma declaração de fidelidade ao poder que se acha em oposição a Deus, é a guarda do verdadeiro sábado, em obediência à lei divina, uma prova de lealdade para com o Criador. Conquanto uma classe, aceitando o sinal de submissão aos poderes terrestres, receba o sinal da besta, a outra, preferindo o sinal de obediência à autoridade divina, recebe o selo de Deus.

“Até aqui, os que apresentavam as verdades da mensagem do terceiro anjo foram muitas vezes considerados como simples alarmistas. Suas predições de que a intolerância religiosa alcançaria predomínio nos Estados Unidos, de que a igreja e o Estado se uniriam para perseguir os que guardam os mandamentos de Deus, foram declaradas sem fundamento e absurdos. Afirmou-se confiantemente que esse país jamais se poderia tornar outro que não o que tem sido: defensor da liberdade religiosa. Mas, ao ser a questão da obrigatoriedade da observância do domingo amplamente agitada, vê-se aproximar o fato há tanto tempo duvidando e descrito, e a terceira mensagem produzirá um efeito que antes não seria possível produzir”.

“Assim será proclamada a mensagem do terceiro anjo. Ao chegar o tempo para que ela seja dada com o máximo poder, o Senhor operará por meio de humildes instrumentos, dirigindo a mente dos que se consagram ao Seu serviço. Os obreiros serão antes qualificados pela unção de Seu Espírito do que pelo preparo das instituições de ensino. Homens de fé e oração serão constrangidos a sair com zelo santo, declarando as palavras que Deus lhes dá. Os pecados de Babilônia serão patenteados. Os terríveis resultados da imposição das observâncias da igreja pela autoridade civil, os furtivos mas rápidos progressos do poder papal. Por meio destes solenes avisos o povo será comovido. Milhares e milhares que nunca ouviram palavras como essas, escutá-las-ão. Com espanto ouvirão o testemunho de que Babilônia é a igreja, caída por causa de seus erros e pecados, por causa de sua rejeição da verdade, enviada do céu a ela. Ao ir o povo a seus antigos mestres, com a ávida pergunta – São estas coisas assim? – os ministros apresentam fábulas, profetizam coisas agradáveis, para acalmar-lhes os temores, e silenciar a consciência despertada. Mas, visto que muitos se recusarão a satisfazer-se com a mera autoridade dos homens, pedindo um claro – ‘Assim diz o Senhor’ – semelhante aos fariseus da antiguidade, cheios de ira por ser posta em dúvida a sua autoridade, denunciará a mensagem como sendo de Satanás, e agitará as multidões amantes do pecado para ultrajar e perseguir os que a proclamam.  

Estendendo-se a controvérsia a novos campos, sendo a atenção do povo chamada para a lei de Deus calcada a pés. O poder que acompanha a mensagem apenas enfurecerá os que a ela se opõem. O clero empregará esforços quase sobre-humanos para excluir a luz, receoso de que ilumine seus rebanhos. Por todos os meios ao seu alcance esforçar-se-á por evitar todo estudo destes assuntos vitais. A igreja apelará para o braço forte do poder civil, e nesta obra unir-se-ão romanistas e protestantes. Ao tornar-se o movimento em prol da imposição do domingo mais audaz e decidido, invocar-se-á a lei contra os observadores dos mandamentos. Serão ameaçados com multas e prisão, e a alguns se oferecerão posições de influencia e outras recompensas e vantagens, como engodo para renunciarem a sua fé. Mas sua perseverante resposta será: “Mostrai-nos pela Palavra de Deus o nosso erro” – a mesma que foi apresentada por Lutero sob idênticas circunstâncias. Os que forem citados perante os tribunais, defenderão desassombradamente a verdade, e alguns que os ouvirem serão levados a decidir-se a guardar todos os mandamentos de Deus. Assim a luz chegará a milhares que de outra maneira nada saberiam destas verdades.

A conscienciosa obediência à Palavra de Deus será considerada rebeldia. Cegado por Satanás, o pai exercerá aspereza e severidade para com o filho crente; o patrão ou patroa oprimirá o empregado que observe os mandamentos. A afeição será alienada; filhos serão deserdados e expulsos do lar. Cumprir-se-ão literalmente as palavras de S. Paulo: ‘Todos os que piamente quiserem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições’ (II Tim. 3:12). Como os defensores da verdade se recusem a honrar o descanso dominical, alguns deles serão lançados na prisão, exilados outros, e outros tratados como escravos. Para a sabedoria humana, tudo isto parece impossível: mas, ao ser retirado dos homens o Espírito de Deus, o qual tem o poder de reprimi-los, hão de desenvolver-se coisas estranhas. (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 605-607).

Provavelmente é devido à oposição de Babilônia ao alto clamor do terceiro anjo, que ela receberá em dobro ou juízo duplo do que iria receber. Em dobro deverá beber o juízo de Deus no mesmo cálice em que deu seu poluído vinho aos que enganou no mundo.



BABILÔNIA SERÁ QUEIMADA NO FOGO



VERSOS 7-8 – “Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto. Portanto num dia virão as suas pragas, a morte e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga”.



O Senhor Deus é quem glorifica aqueles que são Seus. Mas Babilônia, menosprezando a glorificação de Deus e preferindo glorificar-se a si mesma, testemunha com isto que Deus nada tem com ela. Além disso, viveu em delícias, não se deliciando na vida espiritual e nas coisas divinas, mas na vida carnal, amando mais os deleites da vida em pecado do que deleitando-se em Deus e em Cristo. E toda esta sua carnal atitude redundará em “outro tanto de tormento e pranto” além do que já merecia ela.

Num dia (ou num ano) virão as suas pragas, a morte e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo”. Logo terá ela um ano cheio da vingança do céu, “porque é forte o Senhor Deus que a julga”, e lhe dará o seu legitimo quinhão. Babilônia será inesperadamente surpreendida em seu orgulho e transgressões e perecerá inteiramente.



LAMENTAÇÃO GERAL SOBRE BABILÔNIA



VERSOS 9-19

E os reis da terra que se prostituíram com ela, e viveram em delicias, a chorarão, e sobre ela prantearão, quando virem o fumo de seu incêndio; estando de longe pelo temor do seu tormento, dizendo: Ai! Ai daquela grande Babilônia, aquela forte cidade! Pois numa hora veio o seu juízo.

E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra; porque ninguém mais compra as suas mercadorias: Mercadorias de ouro, e de prata, e de pedras preciosas, e de perolas, e de linho fino, e de púrpura, e de seda, e de escarlata; e toda a madeira odorífera, e todo o vaso de marfim, e todo o vaso de madeira preciosíssima, de bronze e de ferro, e de mármore; e cinamomo, e amomo, e perfume, e mirra, e incenso, e vinho, e azeite, e flor de farinha, e trigo, e cavalgaduras, e ovelhas; e mercadorias de cavalos, e de carros, e de corpos e de almas de homens.

E o fruto do desejo da tua alma foi-se de ti; e todas as coisas gostosas e excelentes se foram de ti, e não mais as acharás.

Os mercadores destas coisas, que com elas se enriqueceram, estarão de longe, pelo temor do seu tormento, chorando e lamentando. E dizendo: Ai, ai daquela grande cidade! Que estava vestida de linho fino, de púrpura, de escarlate; e adornada com ouro e pedras preciosas! Porque numa hora foram assoladas tantas riquezas.

E todo o piloto, e todo o que navega em naus, e todo o marinheiro, e todos os que negociam no mar se puseram de longe; e, vendo o fumo do seu incêndio, clamaram dizendo: Que cidade é semelhante a esta grande cidade? E lançaram pó sobre as suas cabeças, e clamaram chorando, e lamentando e dizendo: Ai, ai daquela grande cidade! Na qual todos os que tinham naus no mar se enriqueceram em razão da sua opulência; porque numa hora foi assolada”.



A LAMENTAÇÃO DOS REIS SOBRE BABILÔNIA



Quando sua ruína suceder, então os reis da terra, que com ela se prostituíram pela aceitação de seus espúrios ensinos, e depois a desprezaram, mas que, por interesses políticos tornarão a unir-se a ela, novamente, chorarão e lamentarão a sua ruína. De longe ou sem poder socorrê-la pelo temor do seu tormento, confessarão ter chegado a sua destruição.



A LAMENTAÇÃO DOS MERCADORES SOBRE BABILÔNIA



À queda das primeiras pragas que afetarão em cheio Babilônia e seus súditos, ficarão privados os seus mercadores de venderem suas mercadorias. Com seus corpos com chagas e sedentos, não pensarão os habitantes da “grande cidade” em continuar comprando as mercadorias inúteis da “grande Babilônia”. Suas mercadorias referidas nos textos citados, são vendidas na praça como emblemas de seu culto e usadas por seus súditos em suas devoções. Entre elas salientam-se os “corpos e almas de homens”, que lembram seu comércio com os cadáveres dos mortos nas encomendações e nas missas em intenção de suas pretendidas almas no inferno e no purgatório imaginários. Todas estas mercadorias “gostosas e excelentes”, que revelam o seu domínio espiritual sobre vivos e mortos, não serão mais achadas em Babilônia desde a queda das pragas para subvertê-la inteiramente. Chorando e lamentando a ruína de seu comércio, os mercadores de Babilônia confessarão que “numa hora foram assoladas tantas riquezas”, as imensas riquezas conseguidas de seus incautos súditos através do erro bem preparado para ludibriá-los.



A LAMENTAÇÃO DOS NAVEGANTES SOBRE BABILÔNIA



Agora a profecia faz menção dos navegantes ou das empresas marítimas. Paralisado todo o tráfego na imensidade das águas “tornadas em sangue”, reconhecerão que chegou a hora do juízo sobre Babilônia. Lamentarão a sorte de Babilônia que tanto lucro lhes dera com suas decretadas peregrinações, seus congressos, suas missões distantes e seus missionários. “Vendo o fumo do seu incêndio”, admirar-se-ão estupefatos; pois jamais sonharam com a destruição duma cidade sem rival na terra como fora Babilônia. Lamentarão por não mais poderem enriquecer-se com a sua opulência, e disso darão a razão: Porque numa hora foi assolada. Sim, por terra e por mar Babilônia enriqueceu aqueles que se prontificaram apoiá-la – vendendo suas mercadorias e transportando seus emissários através de todos os mares.

Todos estes emblemas referentes aos reis da terra, aos mercadores e aos navegadores ligados à Babilônia, são força de expressão profética atestando o completo aniquilamento e subversão de Babilônia, e demonstrando que todos quantos a apoiaram e a ajudaram a difundir seus erros, nada poderão fazer para a salvarem ante os juízos destruidores de Deus; pois eles mesmos, conjuntamente com ela, perecerão para todo o sempre.



ALEGRIA SOBRE A RUÍNA DE BABILÔNIA



VERSO 20 – “Alegra-te sobre ela, ó céu, e vós, santos apóstolos e profetas; porque já Deus julgou a vossa causa quanto a ela”.



Enquanto na terra os súditos de Babilônia hão de lamentar sua queda e destruição, os céus alegrar-se-ão sumamente por seu desaparecimento e por ter Deus livrado a terra de tão perversa entidade. Os santos que por Babilônia foram perseguidos de morte; os apóstolos e profetas que a advertiram de seus erros e predisseram sua ruína, cujos ensinos ela pervertera – alegrar-se-ão todos com indizível regozijo pela vingança de Deus sobre a perversa Babel.



A SUBVERSÃO DE BABILÔNIA ILUSTRADA



VERSO 21 – “E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó, e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada”.



Quando Deus, no passado remoto, achou por bem ilustrar pela palavra da inspiração a destruição da antiga Babilônia do Oriente, assim o fez: “Escreveu pois Jeremias num livro todo o mal que havia de vir sobre Babilônia: todas estas palavras que estavam escritas contra Babilônia. E disse Jeremias a Seraias: Em tu chegando a Babilônia, verás e lerás todas estas palavras. E dirás: Senhor! Tu falaste a respeito deste lugar, que o havias de desarraigar até não ficar nele morador algum, desde o homem até ao animal, mas que se tornaria em perpétuas assolações. E será que, acabando tu de ler este livro, o atarás a uma pedra e o lançarás no meio do Eufrates. E dirás: assim será afundada Babilônia, e não se levantará, por causa do mal que Eu ei de trazer sobre ela; e eles se cansarão. Até aqui as palavras de Jeremias” (Jeremias 51:61-64). Esta profecia aniquilou aquela Babilônia antiga.

De modo igual, porém mais impressionante, ilustra o Todo-poderoso a destruição da Babilônia moderna. Com uma mó que, lançada às profundezas do mar afunda rapidamente sem a possibilidade de tornar à tona, assim é ilustrada a subversão rápida de Babilônia e tirada toda a possibilidade de torná-la a surgir novamente para enganar e arruinar o mundo.

Jesus empregou a figura da “mó” lançada ao mar, para ilustrar o destino dos que promovem escândalo (Luc. 17:1-2). Aí está a razão por que sobre Babilônia foi empregada a mesma ILUSTRAÇÃO: Ela causou inúmeros escândalos em toda a terra e em toda a história. E o anjo que na visão lançou no mar a “mó” SIMBÓLICA, asseverou a perdição da escandalosa Babilônia, nestas palavras: “Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada”. A mesma condenação foi proferida sobre a velha Babilônia.



O EXTERMÍNIO DE TODA VIDA DE BABILONIA



VERSOS 22-24 – “E em ti não se ouvirá mais a voz de harpista, e de músicos, e de flautista, e de trombeteiros, e nenhum artífice de arte alguma se achará mais em ti; e ruído de mó em ti se não ouvirá mais; e luz de candeia, não mais luzirá em ti, e voz de esposo e de esposa não mais em ti se ouvirá; porque os teus mercadores eram os grandes da terra; porque todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias. E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra”.



Toda a vida artística de Babilônia, destinada a exaltá-la sobre tudo, desaparecerá com ela. Toda a luminária de seus templos não mais luzirá neles porque se converterão em montões de escombros. Não mais a voz “de esposo e de esposa” se ouvirá ante seus altares para suplicar a benção matrimonial, porque eles também ruirão com seus templos.

Finalmente o capítulo termina acusando Babilônia de ter enganado as nações com suas feitiçarias. Também é acusada Babilônia de responsável pelo crime do derramamento do “sangue dos profetas e dos santos” que foram mortos. Perseguindo os santos e derramando-lhes o sangue, tornou-se culpada também no derramamento do sangue dos profetas os quais eles representavam (I Cor. 14:3) ensinando a mesma verdade que eles ensinaram aos homens em seus dias.




Textoextraído do livro "A VERDADE SOBRE AS PROFECIAS DO APOCALIPSE" - A. S. Mello

Um comentário:

  1. Obrigado pra gideon pelo o esclarecimento da palavra em apclipse eu estava sem entender os capítulos 17e18 e agora entendi quem e a grande Babilônia.

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