sábado, 7 de abril de 2012

Cap. 16 - As Sete Pragas Futuras

CAPÍTULO XVI



AS SETE PRAGAS FUTURAS



INTRODUÇÃO



Antes de Deus libertar Seu povo do cativeiro do Velho Egito, fez com que dez terríveis pragas caíssem sobre aquele reino opressor dos Seus escolhidos. De igual maneira, antes do segundo advento de Cristo para redimir Seu aflito povo do cativeiro deste mundo, fará cair sete tremendas pragas sobre os opressores de Seus eleitos. Elas serão derramadas, sim, sobre os que tomaram sua decisão com a besta, sua imagem e receberam o seu sinal e oprimiram o povo de Deus. Serão o resultado da desobediência aberta aos mandamentos de Deus.

As sete pragas agora são sete luzes vermelhas de advertência à civilização atual, do supremo perigo próximo futuro. Trarão o cunho da ira de Deus, sem mescla de misericórdia, como desfecho da história duma civilização que O desonra. Serão lançadas na terra exatamente ao fechar-se a porta da salvadora graça. Todo aquele que as receber é digno delas; pois menosprezou o santo evangelho da graça que o poderia livrar do grande perigo; endureceu o coração com a mensagem da misericórdia e zombou do amante Salvador.



A PRIMEIRA PRAGA



VERSOS 1-2 – “E ouvi, vinda do templo, uma grande voz, que dizia aos sete anjos: Ide, e derramai sobre a terra as sete salvas da ira de Deus. E foi o primeiro, e derramou a sua salva sobre a terra, e fez-se uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem”.



O TEMPO DO DERRAMAMENTO DAS SETE PRAGAS



O primeiro versículo deste capítulo e o último do capítulo anterior, convencem de que as sete pragas serão derramadas na terra logo após a conclusão do ministério sacerdotal de Cristo no santuário, ao ter findado a divina graça pelo pecador. A mão misericordiosa que deteve a vingança não poderá mais interceder.

O derramamento destas pragas será aquele tempo de angústia, sem paralelo na história, predito por Daniel a ocorrer imediatamente antes do segundo advento de Cristo (Dan. 12:1). Em si mesmas não há nenhuma figura nestas pragas. Elas são inteiramente literais; do contrário não haveria razão para serem consideradas como juízos da ira de Deus. E, para derramar o segundo anjo a sua taça ou praga, não depende da suspensão da primeira pelo primeiro anjo. Cada praga perdurará até que as sete sejam derramadas, fato que é comprovado pelo versículo onze que diz que ao receberem a quinta praga, estarão os homens sofrendo ainda as conseqüências da primeira.

     

“UMA CHAGA MÁ E MALIGNA”



É importante salientar que uma praga não é uma epidemia que esteja na alçada da ciência debelar. Não haverá pois quem possa curar aquele que for ferido por esta praga da ira de Deus.

As chagas desta praga são, segundo a palavra original grega, “úlceras malignas”, que rebentarão nos corpos humanos. Os que serão por ela atingidos, sofrerão com dores lancinantes em seus corpos, e verificarão os inchaços das úlceras apodrecendo seus próprios corpos. É este o verdadeiro quadro da profecia de Zacarias: “E esta será a praga com que o senhor ferirá a todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: a sua carne será consumida, estando eles de pé, e lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e lhes apodrecerá a língua na sua boca” (Zac. 14:12). Um quadro horrorizante!  

Embora não saibamos a natureza real desta praga, provavelmente terá alguma semelhança com a que feriu aos egípcios antes da saída de Israel do cativeiro, “que arrebentava em úlceras nos homens e no gado por toda a terra do Egito”, parecendo uma combinação de “úlceras, sarna e coceira” incurável (Exo. 9:1-10, Det. 28:27).



A CLASSE A SER ATINGIDA PELA PRIMEIRA PRAGA



A primeira praga terá por alvo uma classe definida de pessoas. Segundo a evidência do texto, são alvos delas os “homens” que têm o “sinal da besta” e que adoram “a sua imagem”. Como consideramos no capítulo treze, a besta é o papismo-romano, a sua imagem é o protestantismo norte-americano, e o sinal da besta é o domingo. De maneira que, a primeira praga cairá sobre a grande maioria do cristianismo que tomou posição junto dos dois poderes apóstatas referidos, optando pelo sinal da besta – o domingo – em oposição ao sábado como sinal de Deus. Assim a primeira praga será uma resposta categórica aos pretensos teólogos que, cheios de pretensão e aversão à lei de Deus, ensinam o povo a guardar o domingo, dia não santificado, e a rejeitarem, abertamente, o sinal de Deus, o sábado do sétimo dia. Estes senhores do falso púlpito sofrerão a ira total de Deus, sem mescla de misericórdia.

A inspiração fornece-nos um quadro tremendo não só desta como das sete pragas conjuntas.

Todavia, antes da primeira praga cair sobre o seu alvo, anunciando o fechamento da porta da graça, a mensagem do terceiro anjo terá realizado a sua obra de advertência contra a adoração da besta, sua imagem e seu sinal.



A SEGUNDA PRAGA



VERSO 3 – “E o segundo anjo derramou a sua salva no mar, que se tornou em sangue como de um morto, e morreu no mar toda a alma vivente”.



Esta segunda praga, que será lançada no mar, redundará numa catástrofe. Todas as águas mundiais salgadas tornar-se-ão em sangue de morto. “É difícil conceber uma substancia mais infecciosa e mortífera que o sangue de um morto”. Logo após a morte o sangue se transforma imediatamente. Os glóbulos sangüíneos desaparecem. O plasma emigra através das paredes dos vasos e penetra nos tecidos. Fazendo uma incisão nos tecidos, logo depois da morte, escorre um líquido sanguinolento, tóxico carregado de cadaverina e putrescina, aminas tóxicas, oriundas da decomposição das proteínas”. Para dizer-se tudo, basta dizer que todos os animais marinhos morrerão. Por certo um odor pestilento e repugnante inundará a terra levado pelos ventos. A praga egípcia que transformou o Nilo em sangue nos dias de Moisés, fez com que esse rio cheirasse mal, já por sua transformação em sangue, já pela mortalidade de sua fauna aquática (Exo. 7:21). Evidentemente todo o tráfego internacional marítimo terá que ficar repentinamente paralisado.



A TERCEIRA PRAGA



VERSOS 4-7“E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue. E ouvi o anjo das águas, que dizia: Justo és Tu, Senhor, que és, que eras, e Santo és, porque julgaste estas coisas. Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são merecedores. E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-poderoso, verdadeiros e justos são os Teus juízos”.



     

Os rios e as fontes das águas são os alvos da terceira praga. Todas as águas tornar-se-ão em sangue de morto. Será isto uma calamidade tremenda. As chagas da primeira praga produzirão uma febre cruel, não havendo água para suavizá-la. Mesmo todas as cisternas não conterão água potável, mas apenas “sangue como de morto”. Ainda que cavem poços com seu desespero, sangue lhe surgirá das veias da terra. Será uma tragédia indescritível.

Os versículos cinco a sete nos põem a par do porque da praga de sangue. Por terem os países do mundo, principalmente os da órbita da besta e de sua imagem, derramado o sangue dos santos e dos profetas, lhes será dado sangue a beber: “Terríveis como são estes castigos, a justiça de Deus é plenamente reivindicada”. O anjo das águas aclama a Deus como justo em dar sangue a beber aos matadores de seus servos.

Urge, entretanto, a pergunta: Como a última geração derramará sangue dos profetas e dos santos, posto que os santos da última geração não serão mortos, embora hajam de ser perseguidos? Embora não derramem realmente o sangue dos santos, contudo, de modo semelhante declarou Cristo serem os judeus de seu tempo culpados de todo o sangue dos homens santos que havia sido derramado desde os dias de Abel; pois possuíam o mesmo espírito, e estavam procurando fazer a mesma obra daqueles assassinos dos profetas” (Mat. 23:34-35).

Todos os que se aliarem aos poderes que já derramaram o sangue dos servos de Deus no passado e que procurarão fazê-lo no futuro, serão com eles cúmplices deste crime – e terão apenas sangue de morto a beber. Nos versículos nove e dez do sexto capítulo (Apoc. 6:9-10), vemos os santos chacinados na Idade Média clamando vingança do sangue que lhes derramaram seus inimigos. Esta praga vingá-los-á.



A QUARTA PRAGA



VERSOS 8-9 – “E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com fogo. E os homens foram abrasados com grandes calores, e blasfemaram o nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas; e não se arrependeram para lhe darem glória”.



A quarta praga será seguida de conseqüências as mais dramáticas e terá a faculdade de ainda aumentar as calamidades das anteriores. Já a segunda e a terceira pragas privarão os culpados atingidos, da água para suavizar a cruenta febre produzida pelas chagas da primeira praga; mas, a quarta praga ativará ao sumo o tormento desesperador da febre e da sede. E haverá apenas sangue repugnante “como de um morto”, que lhes será dado a beber.

Esta quarta praga que levará as massas que desrespeitaram a Deus e Sua lei ao auge do desespero, será lançada no sol. O astro rei, em lugar dos belos e vitalizantes raios que incidem desde milênios sobre a natureza inteira, abrasará “Os homens com fogo”. O sol, adorado na mitologia pagã e mesmo pelo cristianismo apóstata, revoltar-se-á contra seus adoradores, abrasando-os.

A quarta praga não é mais que uma bomba de hidrogênio. (http://curiofisica.com.br/ciencia/fisica/como-funciona-a-bomba-de-hidrogenio) A luz e o calor desprendidos do sol em indizível profusão, é o resultado de desintegração do hidrogênio e sua integração em hélio. Quando a cortina que protege a terra dos efeitos dos raios solares for removida pela quarta praga, seguir-se-á então verdadeira devastação, mòrmente nas regiões onde o povo de Deus foi afligido, perseguido e morto pela besta, sua imagem e os que lhes emprestaram a espada, a espada assassina.

Os profetas dão um quadro horroroso dos efeitos da quarta praga. Joel pinta um desolador quadro na agricultura e na pecuária sob os efeitos desta praga (Joel 1:10-12, 17-20). Diante da evidencia da devastação e vingança causadas por um Deus irado contra a maldade, diz a profecia que os homens, embora no auge do sofrimento, ainda, mesmo assim, não se arrependerão de suas más obras; ao contrário, não darão glória a Deus, antes dEle blasfemarão. Com tal atitude, demonstrarão serem dignos dos juízos de que serão alvos.

Mas aqueles que servem a Deus e não zombam de Seu amor apelativo, poderão dizer naquele tempo confiantes: “À sombra das Tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades” (Sal. 57:1). Sim, haverá refúgio em Deus somente para os que já desde agora procuram nele se refugiar através de uma sincera e fiel obediência aos reclamos de Sua santa lei e do evangelho do Seu Filho amado. Ao queimar o sol tudo e por isso mesmo não haver mantimento e água, o fiel povo de Deus terá seu pão e sua água garantidos pelo todo poderoso (Isa. 33:16).



A QUINTA PRAGA



VERSOS 10-11 “E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se fez tenebroso; e eles mordiam as suas línguas de dor. E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras”.



O objetivo desta quinta praga é o trono da besta que não é difícil de identificação. Segundo viemos considerando desde o capítulo treze, a besta é infalivelmente o poder papal. E ninguém ignora que o trono da besta está no Estado do Vaticano e que este reduto dentro de Roma é o seu reino. Portanto, a quinta taça da ira de Deus, ao atingir em cheio o trono da besta, cobrirá de trevas espessas o seu reino – o Estado do Vaticano.

Por que a quinta praga alvejará diretamente o trono e o reino da besta? Em primeiro lugar, porque este poder apostata deu de beber às nações “ do vinho da ira da sua prostituição”, isto é, porque insuflou no mundo um falso sistema religioso cristão e portanto uma falsa salvação. Em segundo lugar, porque perseguiu aqueles que, inspirados por Deus, mantiveram erguida a gloriosa tocha da luz do puro evangelho de Jesus Cristo.

A nona praga que veio ao Egito antigo, foi de trevas densas. “Sùbitamente repousou sobre a terra uma escuridão tão densa e negra que parecia ‘trevas que se apalpem’. Não somente estava o povo despojado de luz, mas a atmosfera era muito opressiva, de maneira que a respiração era difícil. ‘Não viu um ao outro, e ninguém se levantou do seu lugar por três dias; mas todos os filhos de Israel tinham luz em suas habitações’” (Exo. 10:23).

A praga de trevas que atingiu o Egito foi uma demonstração duma praga que atingiu um reino com o desagrado de Deus. E não será inferior àquela escuridão que logo envolverá o trono e o reino da besta papal. (....) Contudo, blasfemarão “do Deus do céu”, e não se arrependerão “das suas más obras”. Escapem, pois, apressadamente os povos deste poder que, por estes juízos é apresentado como enganador, e refugiem-se em Deus para gozarem de sua proteção naquele tempo terrível.



A SEXTA PRAGA



VERSOS 12-16 – “E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente.

E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-poderoso.

Eis que venho como ladrão. Bem-aventurados aquele que vigia, e guarda os seus vestidos, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas.

E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedon”.



O RIO EUFRATES COMO SÍMBOLO



O primeiro fator de importância que se descortina nesta taça da sexta praga, é o grande rio Eufrates. Este rio, que é o mais importante da Ásia Ocidental, tem sua origem nas montanhas da Armênia de onde se estende até ao Golfo Pérsico, num percurso aproximado de 2200 quilômetros, e numa largura média de 100 metros.

Nas profecias inspiradas, águas representam “povos” e “nações”. No sentido geral do mundo ou de nações, o “mar” é tomado pelo símbolo, como comprovam os textos indicados (Isa. 17:12-13, Ez. 26:3, Apo. 13:1, 17:15). Na referência feita aos domínios da antiga Assíria e de Babilônia, sobre as nações, estas são representas como muitas águas (Jer. 51:13, Ez. 31:7). A visão do capitulo sete de Daniel representa pelo mar, o teatro do mundo de onde surgiram os quatro grandes impérios da história – Babilônia, Medo-persa, Grécia e Roma (Dan. 7:2-3 e 7). No que respeita ao poderio papal sobre as nações, diz a profecia que este poder surgiu do mar e que sua igreja mundial “está assentada sobre muitas águas”, as quais são “povos”, e multidões, e nações, e línguas” (Apo. 13:1-7, 17:15).  

Ainda outras referências bíblicas há que poderiam ser aduzidas como comprovantes de que as nações e povos do globo, quando alvos coletivos das profecias divinas, sempre encontraram no “mar” o seu emblema.

Mas o mesmo fato não sucede com o rio quando tomado simbolicamente pela mesma inspiração. Não há um só caso em que a revelação use um rio como figura de nações, de povos ou do mundo em geral. Ao contrario, um rio é empregado para representar um só povo ou uma só nação. Assim o rio Nilo foi no passado uma figura do Egito (Jer. 2:18). E também já o Eufrates, nos antigos tempos, fora um emblema da Assíria em particular (Isa. 8:7).

Diante do exposto, o Eufrates, na profecia da sexta praga, não poderá, sob hipótese alguma, ser simbólico do mundo ou das nações no sentido geral. Pois também é enfático que a profecia localiza o derramamento da sexta praga numa região determinada do globo – a do rio Eufrates – e não toma o globo total como seu alvo. Se o cumprimento da previsão devesse abranger o mundo em geral a inspiração jamais tomaria o rio Eufrates como emblema – um rio localizado numa região do mundo e não correndo sobre o mundo total; - antes servir-se-ia do mar como símbolo. Nisto temos, como veremos adiante, que o rio Eufrates, localizado como símbolo, é figura duma poderosa potência localizada e dominante em sua região.
Além disso, o rio Eufrates, desde remotos tempos, tem sido tomado como ponto de partida dos juízos de Deus, a cargo do poder de sua região sobre e em determinada região da terra. E é exatamente a isto, aludindo ao fim ou à sexta praga, que Jeremias faz referência nas seguintes palavras: “Porque este dia é o dia do Senhor Jeová dos Exércitos, dia de vingança para se vingar dos Seus adversários: e a espada devorará, e fartar-se-á, e embriagar-se-á com o sangue deles; porque o Senhor Jeová dos Exércitos tem um sacrifício na terra do norte, junto ao rio Eufrates” (Jer. 46:10, 78).



O SECAMENTO SIMBÓLICO DO RIO EUFRATES



Segundo os termos da profecia, a sexta praga deverá secar o rio Eufrates “para que se preparasse o caminho dos reis do oriente”. Disto, evidencia-se que os “reis do oriente”, com seus aguerridos exércitos deverão transpor a região do rio Eufrates sem encontrar obstáculos. Porém, o secamento deste rio, segundo esta previsão, não pode ser literal. Os exércitos modernos atravessam hoje rios bem mais largos que o Eufrates e mesmo oceanos e mares bravios de milhares de milhas de distância, sem a mínima dificuldade. Seria necessário secar o rio Eufrates, literalmente, para atravessarem os reis do oriente, com suas tropas? Já não o atravessaram numerosos exércitos no passado, sem a necessidade de secarem-se suas águas? Dada a veracidade do seu secamento literal, seria imprescindível que também secasse o rio Tigre que, nascendo também nas montanhas da Armênia, segue todo o seu curso que paralelamente com o Eufrates e a distância deste, até juntarem-se próximo do Golfo Pérsico. Se o rio Eufrates constitui uma barreira para a travessia dos exércitos orientais, o rio Tigre por certo o constituirá também e devia igualmente desaparecer, secando-se. Mas a profecia nada fala do rio Tigre. Portanto, não se trata de secamento literal do Eufrates, e mòrmente também por que a revelação não declara que a sexta praga será lançada nas fontes que alimentam este rio, mas nele mesmo, se as fontes dum rio não se secarem, é evidente que ele não poderá secar-se. Doutro lado, já na quarta praga, todos os rios secar-se-ão, como enfatiza o profeta Joel, referindo-se à quarta praga que será lançada no sol que tudo então abrasará (Joel 1:20).

Também o secamento simbólico do rio Eufrates, não pode significar o secamento total das nações ou o aniquilamento delas, na sexta praga, visto que isto estaria em desarmonia quanto ao emprego simbólico dum rio pela inspiração.

Dada a impossibilidade do rio Eufrates, em si mesmo, deter os reis do oriente e seus exércitos, este rio deve ser simbólico, como vimos, de um grande poder bélico de sua região que seria capaz de fazer frente à investida dos orientais na sexta praga, e, por isso, este poder deveria abandonar os territórios do rio Eufrates. E na verdade há um grande e único poder de vulto da história do rio Eufrates que dominou e ainda domina nos territórios adjacentes a este rio, e que, posto que já tenha perdido grande parte de seu domínio em torno deste rio, domina ainda nas suas fontes abastecedoras. E este poder é a Turquia.

Como ao secar-se as fontes de um rio, ele terá que desaparecer como obstáculo, de igual modo, para que o governo e o poderio da Turquia não constituam obstáculo à marcha “dos reis do oriente”, na região do Eufrates, terão eles que abandonar o atual território dominado pelos turcos, e bem assim as cabeceiras do rio Eufrates, e simbolicamente, terá então o Eufrates se secado. E, o que é extraordinariamente notável em relação com a Turquia, é que a última vez que a voz da profecia tomou o rio Eufrates como símbolo, foi para apontar esta potência, ali localizada, no que respeita a acontecimentos internacionais ligados ao fim da civilização. Veja-se sobre isto a sexta trombeta no capítulo nove do Apocalipse.

É precisamente isto o que diz da Turquia a profecia de Daniel referente ao derradeiro fim, aliás, ao tempo da sexta praga. Vejamos: “Mas os rumores do oriente e do norte o espantarão; e sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos. E armará as tendas de seu palácio entre o mar grande e o monte santo e glorioso; mas virá o seu fim, e não haverá quem o socorra” (Dan. 11:44). Que esta profecia sobre a Turquia está ligada ao período das sete pragas e à segunda vinda de Cristo, é enfatizado pelo profeta do primeiro versículo do capítulo doze, aludindo aos dois últimos do capítulo anterior, referentes ao abandono de Constantinopla pelo governo turco para instalar-se na palestina.  

A razão por que o governo turco abandonará a sua atual sede, será o fato de “naquele tempo” ver-se insustentável em sua posição ao avanço dos “reis do oriente” e os “rumores do norte”. Um dos objetivos imaginários da investida dos orientais será infalivelmente Constantinopla, o baluarte cobiçado desde os antigos tempos.
“Quando Napoleão e o Czar Alexandre disse a Napoleão em Tilsit para dividirem o mundo entre si, Alexandre disse a Napoleão, segundo se afirma: ‘Dê-nos ou tome-nos o que quiser, porém, dê-nos Constantinopla. Meu povo está preparado a fazer qualquer sacrifício por Constantinopla’. Napoleão esteve inclinado algum tempo sobre o mapa, e logo, endireitando-se com resolução repentina, contestou: ‘Constantinopla’! Nunca! Significa o domínio do mundo...” (Empires of the Bible / Jones, Alonzo Trevier, pág. 17-18).

Não percamos de vista o fato de que, como enfatiza a profecia, os “rumores do oriente” e do “norte”, relacionados evidentemente com a sexta praga, espantarão de tal modo a Turquia, que o governo turco, vendo-se insustentável em sua atual sede, transferir-se-á para o “monte santo e glorioso”, isto é, para Jerusalém. Mas mesmo ali não encontrará segurança, pois reza a profecia de Daniel que virá o seu inexorável fim sem que haja “quem o socorra”. Assim notamos que a profecia de Daniel confirma que o secamento simbólico do rio Eufrates, cumprir-se-á definitivamente no abandono do governo turco de sua atual posição geográfica, por ocasião da sexta praga, e, por conseguinte, quando não mais houver governo e poderio bélico da Turquia nos territórios que agora ocupa e bem assim nas fontes nascentes do rio Eufrates.

Desde o alvorecer do século XIX aos nossos dias, numerosos expositores das profecias do Apocalipse vêem na Turquia o poder simbolizado pelo rio Eufrates, no  lançamento da sexta praga. Dentre os notáveis intérpretes que a este ponto de vista se apegaram, salientam-se os seguintes: G. S. Tober (1804), Andrew Fuller (1810), Captain Maitland (1813), Archibald Mason (1820), John Try (1822), E. T. Vaughan (1828), James A. Begg (1831), Edward N. Hoare, Charlotte Elizabeth (1840), John Cuming (1843), Edward B. Elliot (1844), Joseph Baylee (1845). E ainda outros mais notáveis, entre os quais: José Bates, James White, John N. Loughborough, S. N. Haskel, Goodloe H. Bell, Uriah Smith.

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OS TRÊS PODERES QUE PREPARARÃO O GRANDE CHOQUE



As agências que na sétima praga prepararão o grande choque, no Armagedon, são evidentes na profecia: O Dragão, a besta e o falso profeta. O Dragão que era emblema do antigo paganismo romano conquistador, que excluiu o verdadeiro Deus para adorar a natureza e suas forças, deve representar hoje um paganismo idêntico, e tudo deixa transparecer que o atual poder político líder da Ásia pagã reúne todas as características proféticas do dragão, em nossa época. A besta, como já ficou bem esclarecido no capítulo treze, é figura do papado sob a liderança da Sé de Roma. E, o falso profeta, como revelado também no capítulo treze, é emblema (....) do protestantismo-estadunidense. Estas três potências são poderes reconhecidamente mundiais tanto no que respeita à influencia político-religiosa como no sentido de súditos entre todas as nações do globo. E quem ousará dizer que o mundo não está já dividido entre estas três influencias!

(....) Enquanto o mundo as exalta ao sumo, Deus as vê como seus inimigos e as conclama para desbaratá-las conjuntamente. O novo mundo de Jesus Cristo ficará livre da farsa duma política corruptora que só objetiva infortúnios e desgraças à civilização. Desde agora urge alegrarmo-nos com santo regozijo pela intervenção do céu neste caos mundial forjado por estes poderes. Oremos que para aquele dia indicado nas profecias se apresse para trazer-nos a liberdade, libertando-nos da opressão dos homens sem Deus.



OS DEMÔNIOS EM ATIVIDADES



“E da boca do Dragão e da boca da besta, e da boca do falso profeta”, diz o vidente ter visto sair três espíritos de demônios que fazem prodígios”, os quais irão incitar “os reis de todo o mundo, para os congregar para a batalha naquele grande dia do Deus Todo-poderoso”. Sob o controle dos demônios, pois, influirão os três poderes citados, através duma política mundial verdadeiramente demoníaca, nos governantes das nações para levá-las ao Armagedon. Os demônios lhes têm inspirado uma política mundial que nada mais é que um coaxar desconexo e confuso de rãs que gritam à aproximação dum temporal, apenas emitindo sons aborrecíveis. As condições internacionais recalcitrantes, exprimidas como que por estes cânticos de rãs, são inspiradas pelos demônios que estão preparando o mundo para o maior conflito da história.

Estadistas de renome têm reconhecido que os demônios incitam a desordem através dos lideres do mundo. Sir Eduardo Grey declarou na Câmara dos Comuns: “É realmente como se na atmosfera do mundo obrasse alguma influência maligna, que perturba e excita a cada uma de suas partes”. E Ramsay MacDonald, ex-primeiro ministro da Grã Bretanha, disse: “parecia que estavam todos enfeitiçados, ou que obravam sob alguma condenação a eles imposta pelos demônios... Os povos começaram a sentir que havia algo demoníaco nas operações que se realizam para acrescentar os exércitos, as marinhas e as forças aéreas” (Mundo do Futuro, Dupuy, 310).  Assim se os estadistas crêem na operação dos demônios na política mundial que deveríamos nós crer, quando a profecia assevera que os poderes figurados pelo Dragão, a Besta e o Falso Profeta, serão especialmente guiados por “espíritos de demônios” para forjarem o grande conflito da sexta praga?



“EIS QUE VENHO COMO LADRÃO”



Em meio à profecia da sexta praga, o Senhor Jesus abre um parênteses para fazer uma solene comunicação a seu povo. Quando Seus escolhidos depararem as forças político-religiosas do mundo para o encontro fatal com o Todo-poderoso, no Armagedon, devem saber que sua vinda está às portas. Virá Jesus como o ladrão, à hora inesperada, embora os acontecimentos da sexta praga revelem a proximidade do grande acontecimento. Os verdadeiros crentes devem estar alerta. O Novo Testamento contém várias advertências de sua vinda como um ladrão.

São os crentes assim aconselhados a vigiarem a segunda vinda de Cristo. O vigiar Sua vinda implica em guardarem “as suas vestes” que, sem dúvida, devem ser as de seu Mestre; porque só as suas Santas vestes da divina justiça poderão neutralizar neles o pecado e suas vergonhosas conseqüências. Não é, pois, tempo para dormirem espiritualmente, mas estarem no posto da vigilância de seus deveres cristãos.

(.....)

Armagedom: Local e Significado



WILLIAM H. SHEA – Professor de Teologia na Universidade Andrews,

Michigan, Estados Unidos

O MINISTÉRIO/NOV.DEZ/1987



Pelo fato de a sexta praga de Apocalipse 16:12-16 conter referências específicas a determinados pontos geográficos – Eufrates e Armagedom – tem-lhe sido dispensada maior atenção do que às pragas precedentes, que se referem de um modo mais geral às chagas, ao sangue, ao calor e à escuridão. Em face do grande interesse por essas referências geográficas, deve-se examinar mais pormenorizadamente o local e o simbolismo do Antigo Testamento de onde surgem.



A BABILONIA HISTÓRICA E O EUFRATES



O rio Eufrates, mencionado no versículo 12, é bem conhecido, e não há problemas em se saber o que representa. O curso do rio leva-nos à cidade de Babilônia, e a referência ao secamento de suas águas nos conduz a um acontecimento histórico dos tempos do Antigo Testamento, quando a súbita redução do seu caudal contribuiu para a queda militar de Babilônia. Os exércitos da Média e da Pérsia, no Leste, marcharam sobre Babilônia no mês de Tishri (outubro) do ano 539 AC, e entraram na cidade andando pelo leito do Eufrates.

Segundo Heródoto (Los nueve libros da la história [Madri, Hispamérica, 1982], págs. 72-74), os persas desviaram o Eufrates para canais que haviam aberto e, dessa forma, conseguiram entrar na cidade pelo leito do rio. Embora os persas possam ter controlado a cidade de Babilônia dessa maneira, é pouco provável que tenham desenvolvido o grande projeto de engenharia hidráulica descrito por Heródoto. As Crônicas de Nabonidos apresentam argumento contra um projeto dessa magnitude. Ciro atacou o exército babilônico em Ópis, no Tigre, no começo de Tishri (sobre a descrição, veja-se A. L. Oppenheim, “Babyloniam and Assyriam and Historical Texts”, ANET [Ancient Near Eastern Texts], pág. 306). Em seguida caiu Sippar, a 14 de Tishri, e dois dias depois uma divisão das tropas de Ciro conquistou a Babilonia.

Não só as datas ligadas àquela campanha indicam que os persas não se preocuparam em desenvolver um esquema tão complicado como o que é pintado por Heródoto, como o mês em que ocorreu mostra que tal estratagema era desnecessário. O curso do Eufrates tem o seu maior refluxo em Tishri, de modo que a própria natureza preparou a rota do rio para que os persas ingressassem na cidade. Dessa forma, um rei do Oriente – Ciro – penetrou vitorioso em Babilônia, graças à vazante das águas do Eufrates. Esse episódio levou ao livramento do povo de Deus, porque foi Ciro quem permitiu que os judeus no exílio voltassem para sua terra (Esdras 1e2).

Todos estes acontecimentos foram profetizados em Isaias 44:24-45:6. Nestes textos, Jeová falou às águas e beneficiou a Ciro: “Seca-te, e Eu secarei os teus rios” (Isaias 44:27). Assim sendo, a queda não se deu em virtude da engenharia persa, mas por ordem de Deus, que exerce soberania sobre a Natureza. Naqueles acontecimentos, Ciro agiu como simples instrumento na mão de Jeová. Deus prometeu também “abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão... quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro (Isa. 45:1-2). Nunca se explicou como foram abertas as portas que davam para o rio. Visto ser Nabonidos um rei impopular em Babilônia, pensou-se que houvessem conspiradores dentro da cidade, os quais abriram as portas aos conquistadores. Outra possibilidade seria a perspectiva de a mesma mão que escrevera na parede do palácio, na noite em que Babilônia caiu (Dan. 5:5 e 25), ter aberto as portas da cidade aos persas.

Quando se considera a analogia de Apocalipse 16:12 com o histórico secamento do rio Eufrates, surge um fato singular: a fraseologia de Apocalipse refere-se à uma figura messiânica que, em virtude de sua vitória, libertará o povo de Deus.



AS “ÁGUAS DE MEGIDO” E O “MONTE DE MEGIDO”



A passagem que se refere à sexta praga não descreve uma batalha; fala apenas dos preparativos para ela. Nos aprestos para a próxima batalha do “grande dia do Deus Todo-poderoso” (Apoc. 16:14), reúnem-se as forças de uma tríplice coalizão maligna “no lugar que em hebreu se chama Armagedom” (Apoc. 16:16). Na passagem que se refere ao inicio da praga, deve-se observar a diferença entre a figura aqui revelada, e a que é empregada no caso do secamento do Eufrates. O rio que desce pelo vale de Jezreel e passa junto a Megido em direção ao mar não é o Eufrates, mas o Quisom. Por sua vez, é Babilônia e não Megido, a cidade que está situada junto ao Eufrates na Mesopotâmia. Esta mistura de metáforas parece ser intencional, e deveria dizer-nos alguma coisa a respeito da natureza da batalha do grande dia do Deus Todo-poderoso, que acompanha essa praga. Isso deveria alertar também o comentarista, contra o excesso de literalismo, ao interpretar estas referências num contexto de entidades políticas atuais no Oriente Médio ou em outra parte.

A analogia profética ou a lição que se extrai do fato histórico do Armagedom, só pode ser determinada depois de se precisar o lugar ao qual se refere. Lamentavelmente, isto não tem sido fácil, e tem havido grandes discrepâncias entre os comentaristas bíblicos, como diz G. E. Ladd: “A palavra ‘Armagedom’ é difícil de interpretar, o equivalente hebreu seria har-megidom – o monte ‘de’ Megido. O problema é que Megido não é um monte, mas uma planice situada entre o Mar da Galiléia e o Mediterraneo, e parte do vale de Jezreel (Esdraelom). Foi um famoso campo de batalha na história de Israel. Em Megido, Débora e Baraque derrotaram o cananeu Jabim (Josué 5:19); Jeú matou a Acazias (II Reis 9:27, II Reis 23:29, II Crôn. 35:22). Não está claro por que João se refere ao monte Megido. R. H. Charles diz que na literatura hebréia não há uma interpretação convincente que esclareça esta frase... Qualquer que seja, porém, a procedência do nome, é evidente que João menciona com o nome de Armagedom o lugar da batalha final entre os poderes do mal e do Reino de Deus”. (G. E. Ladd, A Commentary on the Revelation of John [Grand Rapids, Mich., 1972], pág. 216)

Uma atenção maior à geografia da Palestina teria ajudado a evitar a armadilha em que caíram Ladd e outros comentaristas. Embora Megido não seja um monte, como também não é uma planície, era uma cidade. Como tal estava situada na planície ou no vale denominado Jezreel ou Esdraelom. A cidade não dá nome ao vale nem recebe o nome deste, pelo fato de nele estar situada. Contudo, é possível identificar vários aspectos da topografia dos arredores das cidades antigas chamando-os pelo nome da cidade – prática muito comum em hebreu – e, quando isso é feito, emprega-se junto uma construção lingüística expressa por um genitivo possessivo. É o caso de Juizes 5:19, que situa o campo de batalha no qual se encontram as forças de Jabim e Sísera com as de Débora e Baraque, nas proximidades das “águas de Megido”.

Que eram as “águas de Megido”? Uma olhadela pela topografia do vale de Jezreel, e a leitura do Cântico de Débora, são suficientes para identificá-las. Megido estava situada no setor Sul da planície de Esdraelom, e o curso de água que percorria o vale, bem como Megido, constituíam o Wadi Quisom. Na verdade, há identificação das “águas de Megido” com “o ribeiro de Quisom” no cântico de Débora (comparar Juizes 5:21 e 5:19).

O ponto importante é que Jeová, o Deus que controla tudo e emprega os elementos da Natureza para atingir Seus objetivos, trouxe a tormenta que encheu o Quisom e o fez transbordar. A chuva, e o rio transbordante, transformaram o vale de Jezreel num atoleiro no qual os carros dos cananeus ficaram detidos e não puderam manobrar. Dessa forma, Deus concedeu a Seu povo uma grande vitória junto às “águas de Megido”.

Por analogia com este acontecimento histórico e a corrente construtiva do genitivo possessivo, “as águas de Megido” e o “monte de Megido” devem ficar perto da cidade. Megido estava situada ao pé da encosta norte da zona que os modernos geógrafos da Palestina comumente chamam de cadeia montanhosa do Carmelo. Não obstante, a Bíblia não utiliza jamais essa terminologia específica. A referencia ao Carmelo aparece 20 vezes no Antigo Testamento, e em 16 delas aparece como nome de lugar, sem estar relacionado com um determinativo como “monte” ou “montanhas”. Em 3 das 16 vezes, é poeticamente comparado com Basã e a Transjordãnia (Isa. 33:9, Jer. 50:19 e Neem. 1:4), e numa ocasião é comparado a Sarom, a planície que se estende em direção ao Sul (Isa. 35:2).

Em quatro ocasiões se identifica o Carmelo com determinativos, que sempre estão no singular: “o monte do Carmelo” ou “Monte Carmelo” (nunca “os montes do Carmelo”). Duas destas referências contam a experiência de Elias (I Reis 18:19 e 20), e outras 2 surgem da narração referente a Elias (II Reis 2:25; 4:25). Assim como a expressão “as águas de Megido” se refere ao rio que corre junto a Megido, mas ao que se conhece com outro nome – Wadi Quisom – também “o monte de Megido” bem poderia ser identificado com a montanha vizinha a Megido, embora ela seja conhecida com outro nome: o Monte Carmelo. Com base nessa proximidade geográfica, bem como na analogia histórica e textual, “o monte de Megido(n)” em Apocalipse 16:16, pode ser identificado como o Monte Carmelo.



ANALOGIA COM APOCALIPSE 16:16



O nome de Megido, de Apocalipse 16:16, poderia ser identificado com o monte Carmelo, não só do ponto de vista geográfico, mas pelo aspecto histórico. Assim como a figura do secamento do Eufrates é tirada de uma histórica batalha no tempo de Ciro, na qual Babilônia foi conquistada, e da mesma forma como a batalha junto às águas de Megido se refere a uma batalha específica e famosa no vale de Jesreel, também o monte Carmelo foi o local de outra batalha histórica famosa nas Escrituras: a batalha entre Elias e os profetas de Baal (I Reis 18). Essa batalha não foi travada com o emprego de armas, mas, ao contrário, foi um conflito grandemente espiritual. Esta é a batalha da qual se pode tirar a figura de que depende “a batalha do Armagedom” em Apocalipse. Todos os principais elementos seguintes apresentam um estreito paralelismo histórico com I Reis 18.

O dragão de Apoc. 16:13 representa de alguma forma o poder do Estado, então esse poder foi representado por Acabe no conflito do Monte Carmelo. A besta de Apoc. 16:13 está relacionada com a de Apoc. 13 e com a mulher impura de Apoc. 17 e 18, como uma manifestação de religião apóstata, então esse elemento foi representado por Jezabel no encontro do Monte Carmelo (veja-se também a referência a Jezabel em Apoc. 2:20). Naturalmente, admite-se que Jezabel, de acordo com I Reis 19:1, não esteve presente na luta, embora fosse ela que, como princesa fenícia e rainha de Israel, introduzisse o culto a Baal na urdidura e na trama da vida do reino do norte. O terceiro ponto que liga suas forças ao monte Megido, segundo Apoc. 16:13, seria o falso profeta. Esta é a primeira vez que a expressão “falso profeta” aparece no livro do Apocalipse. Os falsos profetas foram claramente representados no monte Carmelo, onde havia 850 deles (I Reis 18:19) – Como se pode notar, Elias saiu do oriente, vindo de Tisbe, em Gileade).

Finalmente, o fogo que desceu de Deus e consumiu o sacrifício de Elias e tudo o que o cercava, pôs fim à contenda sobre o monte Carmelo. Os profetas de Baal foram passados à espada no Wadi Quisom. Uma vez mais, deve-se salientar que a sexta praga não descreve a luta real de uma batalha, mas apenas os preparativos para a peleja. O dragão, a besta e o falso profeta, convidam a todos os seus seguidores para que se reúnam no Monte de Megido, como Elias conclamou Acabe e todo o Israel no monte Carmelo para entrarem em combate. Todavia, a batalha que se esboça no transcurso da sexta praga, é travada em Apoc. 19:11-21. Esta é a batalha do Armagedom, ou, mais propriamente dita, a “batalha do grande dia do Deus Todo-poderoso” (Apoc. 16:14). Essa batalha será travada quando Cristo vier do céu como Rei dos reis e Senhor dos senhores junto com as hostes celestiais. E a vitória será alcançada de modo semelhante, pelo fogo que cairá e consumirá a besta e o falso profeta (Apoc. 19:21), e pela espada que acabara com os seus seguidores (vers. 21). Essa espada utilizada, como nos tempos de Elias, é a espada que sai da boca do Rei dos reis (vers. 15 e 21).



CONCLUSÃO



Com base na analogia com o fato histórico do Antigo Testamento, apresentada pelas imagens de Apoc. 16:16, este conflito deveria ser fundamental e essencialmente um conflito espiritual, pois os principais contendores são seres sobrenaturais: Cristo e Seu arquiinimigo, “o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo mundo” (Apoc. 12:9). O desafio para o povo de Deus nesse tempo será o que Elias enfrentou quando orou diante do ajuntamento: “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que Tu és Deus em Israel... para que este povo conheça que Tu, Senhor, és Deus, e que Tu fizeste tornar o seu coração para trás” (I Reis 18:36 e 37). E a resposta de fidelidade naquele tempo encontrará uma expressão adequada na aclamação da congregação reunida no Carmelo: “Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus! (vers. 39).





A SÉTIMA PRAGA



VERSOS 17-21 – “E o sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu grande voz do templo do céu, do trono, dizendo: Está feito. E houve vozes, e trovões, e relâmpagos, e um grande terremoto, como nunca tinha havido desde que há homens sobre a terra: tal foi este tão grande terremoto. E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e da grande Babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho do furor da sua ira. E todas as ilhas fugiram; e os montes desapareceram. E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, pedras do peso de um talento; e os homens blasfemaram de Deus por causa da praga da saraiva: porque o seu flagelo era muito grande”.



UM TERREMOTO SEM PRECEDENTES



A sétima praga será lançada no “ar”, aliás, a toda atmosfera que circunda a terra, o que demonstra que será totalmente universal. As nações unidas no Armagedon e os ímpios todos do mundo, entornarão o cálice final que os prostrará fulminados. A indignação da ira de Deus encontrará sua culminação numa tempestade mundial assoladora. Uma grande voz procedente do templo de Deus anunciará – Está feito. Estará consumado o juízo sobre a última geração. O “ar” encher-se-á de morte em vez de vida. Um horrível quadro patenteia-se na terra. Multidões estarão cobertas de chagas; as águas jazem em sangue; o sol abrasa como fogo; o reino da besta está em trevas; por fim, o último cálice terminará o quadro acabando com a vida da totalidade de todos os seres humanos.

Vozes e trovões acompanhados de relâmpagos dão lugar a um terremoto não ainda havido na terra. Todo o globo será violentamente sacudido. Um dos profetas do Velho testamento assim falou do grande terremoto: “O temor, e a cova, e o laço vêem sobre ti, ó morador da terra. E será que aquele que fugir da voz do temor cairá na cova, e o que subir da cova o laço o prenderá; porque as janelas do alto se abriram, e os fundamentos da terra tremeram. De todo será quebrantada a terra, de todo se romperá a terra, e de todo se moverá a terra. De todo vacilará a terra como o ébrio, e será movida e removida como a choça de noite; e a sua transgressão se agravará sobre ela, e cairá, e nunca mais se levantará” (Isaias 24:17-20).

“A glória do trono de Deus dir-se-ia atravessar a atmosfera. As montanhas agitam-se como a cana ao vento, e anfractuosas rochas são espalhadas por todos os lados. Há um estrondo como de uma tempestade a sobrevir. O mar é açoitado com fúria. Ouve-se o sibilar do furacão, semelhante à voz de demônios na missão de destruir. A terra inteira se levanta, dilatando-se como as ondas do mar. Sua superfície está a quebrar-se. Seu próprio fundamento parece ceder. Cadeias de montanhas estão a soçobrar. Desaparecem ilhas habitadas. Os portos marítimos que, pela iniqüidade, se tornaram como Sodoma, são tragados pelas águas enfurecidas” (O Conflito dos Seculos, E. G. White, 637).

Todas as cidades das nações ruirão como castelos de cartas. Estes focos da perversidade e do orgulho humano serão arrasados em escombros. Todas as obras do homem, obras da exploração do próximo, obras que não honram a Deus, desaparecerão para jamais se erguerem.



“E A GRANDE CIDADE FENDEU-SE EM TRÊS PARTES”



Esta “grande cidade” não é uma cidade literal, mas figurada. Dela tratamos nos capítulos 14, 17, 18 e 19. Seu verdadeiro nome é – Babilônia – “aquela grande cidade” (Apoc 14:8). Esta Babilônia, (...),  significa “confusão”, sendo formada por três distintos poderes mundiais descritos nas profecias, bem como na sexta praga, como: - o Dragão, a Besta e o Falso Profeta. Enquanto o dragão, nestes derradeiros dias, é, politicamente, simbólico do paganismo-ateísta-asiático.

A sexta praga reunirá no Armagedon estes três poderes que constituem Babilônia, os quais estarão sendo conduzidos por forças extra-terrenas, para serem esmagados como entidades inimigas de Deus e de seu povo. A sétima praga, porém, que será a culminação dos juízos sobre Babilônia, decidirá para sempre a controvérsia político-religiosa no seio da Babilônia, e desta contra Deus e seu povo, aniquilando-a pelos séculos infindos do futuro. Diante da sétima praga, os três poderes não mais pensarão em prosseguir na contenda, pois cada um procurará salvar, inutilmente, o seu coro. É isto o que a profecia quer dizer por – “e a grande cidade fendeu-se em três partes”. Demasiadamente tarde, porém, empreenderão esta solução, não em reconhecimento da justiça, mas diante dos juízos do céu contra os quais nada poderão fazer.



A CONDENAÇÃO DA GRANDE BABILÔNIA



É desnecessário descrever aqui Babilônia e sua condenação. Dela tratamos nos capítulos já mencionados e a sua condenação poderá ser apreciada, plenamente, no capítulo dezoito.



“E SOBRE OS HOMENS CAIU DO CÉU UMA GRANDE SARAIVA”



Aqui está o último ato do drama da ira de Deus. Os antigos egípcios receberam também a sua messe de “saraiva”: “E havia saraiva, e fogo misturado com a saraiva, mui grave, qual nunca houve em toda a terra do Egito, desde que veio a ser uma nação”. A pecuária e a agricultura egípcias foram arrasadas. Todavia a saraiva que como praga caiu naquele antigo reino, não era em comparação com a que há de vir na sétima praga futura. (Ex. 9:22, 33).

Não só no Egito caiu saraiva como um juízo de Deus. Ao empreender Josué a conquista de Canaã, o exército de uma coligação que fazia frente ao exército de Israel foi aniquilado por uma chuva de saraiva. A descrição da vitória de Josué assim reza: “O Senhor lançou sobre eles, do céu, grandes pedras até Azeka, e morreram: e foram muito mais os que morreram das pedras da saraiva do que os que os filhos de Israel mataram à espada (Josué 10:11).

Mas, a saraiva da sétima praga será bem diferente. Tão grande será que é dito que o peso das pedras será de um talento. Naqueles antigos tempos quando o profeta recebeu esta profecia, o talento era o padrão dos valores. Havia talentos de ouro, de prata e de outros metais, e tinham a forma de um cubo. No Egito havia um talento de 18 kg e mais dois alexandrinos de 46 Kg e 34 kg. Na Caldéia o talento era de 18 kg e em Babilônia de 21 kg. Na Grécia, o primitivo talento era de 19 kg passando depois a ser de 26 kg., sendo que na Ática era de 20 kg. O talento itálico, empregado na magna Grécia, era de 32 kg. O talento de Egina, uma ilha grega, era de 45 kg. Os romanos tinham o grande talento de 67 kg e o pequeno talento de 26 kg. Para termos uma idéia do peso do talento de prata da Síria antiga, leiamos: “E disse Naamã: Sê servido tomar dois talentos. E instou com ele, e amarrou dois talentos de prata em dois sacos, com duas mudas de vestidos; e pô-lo sobre dois de seus moços, os quais os levaram diante dele” (II Reis 5:23). Dois homens para conduzirem dois talentos em dois sacos!

Assim temos uma idéia do que há de ser a saraiva da sétima praga. E, como o profeta escreveu em Grego, provavelmente referiu-se ao talento de 26 kg da Grécia, embora naquela nação houvessem talentos de maior peso. Mas, quais serão as conseqüências do chuveiro de saraiva cujas pedras possivelmente serão de 26 kg.? “As mais orgulhosas cidades da terra são derribadas. Os suntuosos palácios em que os grandes homens do mundo dissiparam suas riquezas com a glorificação própria, desmoronam-se diante de seus olhos” (O Grande Conflito, Ellen G. White, 637). Um dos profetas, declara:

“E o Senhor fará ouvir a glória da Sua voz, e fará ver o abaixamento do Seu braço, com indignação de ira, e a labareda do Seu fogo consumidor, e raios e dilúvio e pedras de saraiva” (Isaias 30:30).  



A PROTEÇÃO DE DEUS SOBRE SEUS ESCOLHIDOS



Os desprezadores da misericórdia de Deus estarão em terrível desespero e agonia. Mas para o fiel povo de Deus haverá perfeita proteção naquele tempo. O Salmo 91 lhes dá plena certeza do cuidado de Deus por eles. E Joel diz: “Mas o Senhor será o refúgio do Seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel” (Joel 3:16, Gal. 3:29).




Texto Extraído do livro "A VERDADE SOBRE AS PROFECIAS DO APOCALIPSE" - A. S. Mello

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